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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Filme nº 54: Being John Malkovich

Fiquei encarando a tela do computador durante um bom tempo, pensando o que eu poderia escrever acerca desse filme cujo enredo é um dos mais geniais e inconvencionais que vi não só esse ano como também na minha vida inteira. E todos esses minutos de reflexão provavelmente só me renderam essas cinco linhas iniciais do post, porque ainda está difícil pra mim dizer alguma coisa a respeito do que eu acabei de assistir. Lançado em 1999, Being John Malovich (em português: Quero Ser John Malkovich, também adequado) foi o primeiro filme escrito por Charlie Kaufman, o mesmo que escreveu O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (o qual eu não gostei tanto assim, mas reconheço a excelente estrutura de enredo), um filme mais conhecido do público brasileiro

E se você pudesse ser outra pessoa por 15 minutos?

O filme conta com um enredo no mínimo absurdo: Craig (John Cusack), um fracassado operador de marionetes (uso esse termo por estranheza ao termo titereiro, que aparecia na legenda do filme, e inadequação do termo ventríloquo, que eu queria usar, mas não vou) casado com uma mulher obcecada por animais de estimação chamada Lotte (Cameron Diaz, extremamente descabelada), decide procurar um novo emprego por conta da falta de reconhecimento e rentabilidade do seu talento com os fios das marionetes. Logo ele é contratado como arquivista numa companhia que funciona no 7,5º andar de um edifício, com um teto tão baixo que os funcionários precisam andar curvados. No trabalho, ele se apaixona por uma mulher cruel e manipuladora chamada Maxine, que posteriormente também conquistaria o coração de Lotte. Algum tempo depois, por acidente, ele encontra uma porta secreta que leva a um túnel que o transportaria para dentro da mente do ator John Malkovich por 15 minutos, ejetando-o (hilariamente, todas as vezes) para os arredores de uma estrada depois da experiência. Maravilhado, ele mostra o portal para Lotte e Maxine. A primeira, torna-se obcecada pela experiência e passa a utilizá-la compulsivamente para poder possuir fisicamente Maxine; enquanto a segunda enxerga o túnel como uma oportunidade de lucrar em cima das pessoas que gostariam de ser outras pessoas. No meio disso tudo está o próprio John Malkovich, que logo descobre tudo o que está acontecendo e acaba tornando-se vítima dos três.
À primeira vista, o enredo parece até intransportável para o cinema. Mas ele é feito com incrível maestria, contando com excelentes atuações, personagens secundários com idiossincrasias bizarras, personagens principais profundos; além de um desenvolvimento incomparável com qualquer enredo que eu já tenha visto antes. O enredo também é uma genial exploração metalinguística do próprio ato de ser, abordando o vazio das pessoas comuns e sua vontade de ser momentaneamente alguém que não é, possuindo momentaneamente coisas que não possui.

Na minha opinião, foi uma das coisas mais originais já produzidas por Hollywood, e é uma grande pena que o filme não tenha se tornado um clássico, não sendo tão conhecido tanto pelo público americano quanto pelo brasileiro.

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