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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Filme nº 134: Strangers On A Train

É engraçado ter assistido inadvertidamente a paródia de um filme antes de assistir o filme primordial. A vítima, é claro, acaba sendo o último, pois o enredo já não parece tão original quanto deveria. Esse foi o caso de Strangers on a Train, filme de Alfred Hitchcock cujo enredo descobri sem querer na comédia Throw Mamma From The Train. Mas isso não chegou a estragar o filme.

You do my murder, I do yours. 
Strangers On A Train conta a trágica história resultante de um mero encontro entre dois estranhos durante uma viagem de trem. Guy Haines é um tenista em ascensão que está tendo problemas com sua ex-esposa interesseira que se recusa a assinar o divórcio pra que ele possa assumir seu relacionamento com a filha de um senador. No meio de uma viagem de trem, ele conhece Anthony Bruno (cujo ator infelizmente morreu pouco após o filme), um playboy que julga ter inúmeras ideias para um crime perfeito. Uma de suas teorias envolve dois homens estranhos entre si que concordam em cometer o assassinato um do outro, o que, no caso deles, seria Bruno assassinar a incômoda esposa de Haines enquanto este assassinaria seu pai. Haines obviamente não leva o desconhecido a sério e, ao ser perguntado se gostava da ideia, diz que 'sim' sem pensar. O que Haines não desconfiava era que havia acabado de dar o aval para Bruno colocar sua ideia em prática. Ao descobrir pouco depois que sua esposa havia sido assassinada, Haines começa a ser perseguido por Bruno, que cobra o cumprimento do restante do 'trato' sob ameaça de incriminar o tenista pelo assassinato da esposa, para o qual não lhe faltava motivos.  
Lançado em 1951, Strangers On A Train desbanca o original de The Ladykillers no posto de filme mais antigo que assisti esse ano (e se pá nessa vida). Mas não deu pra sentir qualquer falta dos recursos que o filme por ventura não possui. Pelo contrário, eu realmente fiquei impressionado com algumas atuações, enquanto a aparência do filme é impecável, contando com alguns recursos de filmagem bem interessantes, especialmente durante o assassinato de Miriam. O enredo também é bastante criativo e, apesar de ter entrado em contato com a paródia antes do original, o mérito vai todo para Hitchcock, que faz questão de transparecer seu próprio fascínio pessoal por assassinatos através de seus personagens, que conversam entusiasticamente sobre o tema.
Mas justiça seja feita: o filme possui muitos defeitos. Além da óbvia distorção da realidade feita para tornar possível a impunidade de Bruno ao longo do enredo, o filme se alonga muito mais do que o necessário para resolver seus próprios conflitos, o que acaba resultando num final absolutamente maluco, e não no bom sentido.

Nota: 8,5

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Filme nº 133: O Ditador

Foi preciso um pouco de coragem da minha parte para me aproximar de outro filme do Sacha Baron Cohen depois do fatídico Brüno. Mas um homem que se propõe a ver um filme por dia precisa passar por cima dos próprios medos e preconceitos, e aqui estou eu. Pro meu alívio, O Ditador está muito mais para o lado de Borat do que para o lado de Brüno, abandonando muitos elementos constrangedores presentes em ambos. Mas, bom, continua sendo Sacha Baron Cohen.

The heroic story of a dictator who risks his live to ensure that democracy would never come to the country he  so lovingly opressed.
O Ditador narra a história do Almirante General Aladeen, o excêntrico e ditatorial líder da fictícia República de Wadiya, que, por conta de fortes suspeitas acerca do caráter armamentista do programa nuclear Wadiyano, é chamado à Assembleia Geral da ONU em Nova York para prestar esclarecimentos. Chegando aos Estados Unidos, o General Aladeen é vítima de uma fracassada tentativa de assassinato que coloca um sósia no seu lugar para a assinatura de uma nova constituição para Wadiya. Escandalizado por essa tentativa de implementar uma democracia em seu país, o desbarbado general Aladeen precisa encontrar uma forma de denunciar essa conspiração enquanto se encontra perdido na cidade de Nova York, tendo como únicas companhias uma hippie pacifista que nem desconfia de sua verdadeira identidade, e um cientista nuclear que ele anteriormente havia condenado à morte.
Mesmo com o enredo bem diferente dos seus antecessores, O Ditador mantém o característico estilo do estrangeiro exótico e sem modos que vem para os Estados Unidos conhecer o estilo de vida americano e divulgar o seu. Mesmo assim, existem muitas diferenças importantes, como o abandono do estilo documentarístico em direção a um enredo mais próximo de uma estória de cinema. Também foi abandonado um aspecto bastante polêmico do estilo de Sacha Baron Cohen, que eram as entrevistas e filmagens com pessoas reais colocadas inadvertidamente em situações ridículas. E o pior de tudo é que o filme não sobrevive bem sem esses elementos.
O protagonista sem dúvida é o ponto alto do filme. Mandão, tarado, racista e leviano; Aladeen é claramente baseado em Muammar Khadafi, com uns toques de Kim Jong Il e Mahmud Ahmadinejad. Mas ele é basicamente a única coisa que vale a pena, já que a comédia é baixa, retardada e repleta de piadas americanas demais; enquanto o enredo é clichê e previsível. Isso porque ainda tem a tradicional tonelada de cenas constrangedoras que me fazem agradecer por não ter ido ver o filme no cinema.  

Nota: 6,5

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Filme nº 132: 30 Minutos ou Menos

Meu Deus, como eu estou atrasado com essas postagens. Eu olho os filmes que ainda preciso comentar e me dou conta do tempo que já se passou desde que os assisti, o que é péssimo para os eventuais filmes legais que eu realmente gostaria de elogiar. Um deles é exatamente 30 Minutos ou Menos, uma humilde e típica comédia de fim de semana que cumpre direitinho o seu papel.

Thank you for fucking a regular guy
30 Minutos ou Menos narra a história de um dia particularmente complicado na vida de Nick (Jesse Eisenberg), um entregador de pizza sem grandes perspectivas de vida que de uma hora pra outra se torna refém de uma dupla de aspirantes ao crime que querem terceirizar um assalto à banco. Pra isso, eles amarram uma bomba relógio em volta de Nick e o obrigam a voltar em 10 horas com pelo menos cem mil dólares. Desesperado, Nick decide recorrer à Chet (Aziz Ansari), seu melhor amigo, com quem a pouco havia cortado relações por uma série de discussões.
Como deu pra perceber, o enredo do filme é bem maluco, o que proporciona uma série de situações divertidas criadas pelo texto engraçado e pela química entre os personagens de Nick e Chet. Aziz Ansari em especial já era um ator que eu curtia bastante desde Parks and Recreation, e seu estilo folgado, arrogante e materialista continua sendo a maior fonte de riso onde quer que ele esteja.
Ok, eu gostaria de lembrar de mais coisas pra falar aqui. 30 Minutos ou Menos não tenta ser nada além do que se propõe, sendo um excelente filme pra se entreter e passar o tempo, nem mais e nem menos. Ultimamente tenho assistido muitos filmes assim, o que é leve pra mente mas dificilmente deixa algum legado em você. Vou tentar retornar para os filmes mais marcantes de agora em diante.

Nota: 9,5

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Filme nº 131: A Single Man

É complicado fazer um post a respeito de um filme bom que você queria ter gostado. A Single Man (cujo nome em português, Direito de Amar, apesar de evocar um ar de luta pelos direitos homossexuais, pra variar não tem nada a ver com nada) é um filme completamente depressivo que não deveria ser assistido num estado outro que não o de felicidade plena. Por não estar no melhor dos meus dias, o filme acabou não colaborando nada com meu estado de espírito.

If it's going to be a world with no time for sentiment, Grant, it's not a world that I want to live in.
A Single Man é um filme baseado no livro homônimo de Christopher Isherwood, e conta a história de George Falconer, um professor britânico homossexual na casa dos cinquenta anos que perdeu num acidente de carro seu parceiro (esse termo é bem eufemístico, namorado, marido, peguete, leiam da forma que quiserem) com quem vivera por mais de dezesseis anos. À época da morte, a família sequer quis comunicá-lo do ocorrido e não o convidou para o enterro, o que faz com que George entrasse num profundo estado de depressão. Passados oito meses, George constata que não consegue mais levar a vida adiante e decide preparar seu suicídio, mas os encontros e reencontros que tem com várias pessoas na véspera faz com que ele tenha um último contato com a vida.
Acho que só o enredo já dá um bom panorama do potencial depressivo de A Single Man. Não bastasse isso, a fotografia do filme é propositalmente cinzenta durante a maior parte do tempo, como parte de um interessante trabalho de cores feito em cima dos sentimentos do protagonista, variando entre os momentos cinzentos e os momentos coloridos.  Fora isso, as interpretações de Colin Firth e Julianne Moore são os únicos destaques num mar de personagens irritantes ou irrelevantes.
Como eu disse no início, o filme realmente é muito bom, mas é difícil sair alegre dele. Ainda mais por conta do final -o qual obviamente não vou revelar-, que ainda por cima me deixou puto. No mais, é isso que eu tenho pra comentar, pois já esqueci quase tudo nesses sete dias que separam a postagem da visualização do filme.

Nota: 7,0   

sábado, 25 de maio de 2013

Filme nº 136: Guia do Mochileiro das Galáxias

Aqui estou eu novamente furando a fila de postagens pra tentar socializar seja lá com o que as pessoas estejam venerando no dia. Hoje aparentemente é o décimo dia do orgulho nerd esse ano, dessa vez por conta do Towel Day, homenagem à franquia d'O Guia do Mochileiro das Galáxias. Eu sei que eu deveria estar lendo os livros pra tentar fazer uma homenagem à altura, mas o filme é realmente o melhor que posso fazer no momento. E depois não digam que eu não estou tentando gostar desses trem aí que vocês gostam. 

Don't Panic.
O (filme do) Guia do Mochileiro das Galáxias conta a história de Arthur Dent, um homem comum que de uma hora pra outra vê sua casa ser destruída para a construção de uma via, sem a menor desconfiança de que o planeta Terra estaria a poucos minutos de um destino semelhante. Pouco antes do massivo ataque alienígena que destruiria o planeta, Arthur recebe a visita de seu amigo Ford Prefect, que lhe oferece um jeito de escapar da Terra pouco antes de revelar ser de outro planeta. Após a fuga de última hora, a dupla se encontra à mercê dos terríveis e burocráticos Vogons, percorrendo o universo com um antigo amor frustrado de Arthur, o egocêntrico presidente da Galáxia e um robô depressivo (sempre tenho medo de ser simplista nessas descrições do enredo de filmes cheios de fãs fanáticos ao ponto de criarem seu próprio 'feriado').
Pra minha surpresa, o filme se revelou muito menos juvenil do que eu esperava, sendo realmente algo predominantemente divertido e fácil de se gostar. O universo criado por Douglas Adams sem dúvida é o elemento mais interessante do filme, além dos belos efeitos e dos personagens cheios de idiossincrasias; que justificam a legião de fãs tão fiéis. Quando bati o olho no elenco, já imaginei que impressionaria qualquer fingirl (não existe um termo masculino para fangirl e nem uma forma masculina de sê-lo, embora existam adeptos '''homens''') tendo Martin Freeman, Zooey Deschanel, Alan Rickman (como voz do robô depressivo) e John Malkovich (no caso do Malkovich a fangirl era eu).
É bom constatar que nem tudo aquilo que todos amam enquanto eu nunca tive interesse de acompanhar é superestimado. Fiquei com essa impressão com vários filmes classicões, mas O Guia do Mochileiro das Galáxias foi realmente uma experiência agradável e divertida que eu gostaria de ter tido na adolescência através dos livros. Não podendo fazer nada a respeito disso, só me resta pegar os livros emprestados de alguma alma boa e descobrir o que a franquia tem de melhor.

Nota: 9,0

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Filme nº 130: OSS 117 - Le Caire, Nid D'espions

Acho que definitivamente estou na pior fase do ano quando se trata de assistir filmes. Além da falta de tempo como adversário tradicional, tenho enfrentado uma falta de coragem que nunca esteve tão grande como agora. Blablablas à parte, o filme de hoje (que na verdade foi da semana passada) é uma divertida e econômica versão francesa de 007. Já que ainda não tive a coragem e disposição para mergulhar no extenso universo de James Bond, por hora me contento com as aventuras de Hubert Bonisseur de La Bath, mais conhecido como agente OSS 117. 

Um agente secreto inteligente, forte, sedutor e incrivelmente francês.
OSS 117 - Le Caire, Nid D'espions (literalmente 'Cairo, ninho de espiões', porém toscamente traduzido para 'uma aventura no Cairo') conta a história de uma perigosa missão delegada ao super agente secreto OSS 117 (leia da forma francesa 'ô-éss-éss cent dix-sept') no Cairo em 1955. Na hostil e exótica capital egípcia, o agente 117 deve investigar as circunstâncias do assassinato de seu melhor amigo e também o desaparecimento de um navio russo carregado de armamentos, tudo isso num clima explosivo de revolução nacionalista e fanatismo religioso. 
Parece um enredo bem sério, mas é um dos filmes mais escrachados que já assisti. E isso de certa forma é um elogio. Além de parodiar humoristicamente o enredo, o filme reproduz em cada detalhe o estilo dos filmes de espiões das décadas de 1950 e 1960, seja na fotografia, na coreografia das lutas ou na linguagem corporal dos personagens, tudo isso da forma mais intencionalmente ridícula possível.
O destaque obviamente fica para o protagonista, interpretado no melhor estilo galã sedutor por Jean Dujardin. O agente Hubert Bonisseur de La Bath é um homem incrivelmente estúpido e arrogante que resolve mais problemas através do sorriso e do olhar do que pelo raciocínio lógico, tendo uma visão egoísta de mundo na qual ele enxerga o contexto oriental de Cairo através do folclore orientalista, sendo constantemente capturado pelas consequências de suas visões de mundo equivocadas. Apesar disso tudo, ele não deixa de ser um personagem capaz de despertar uma grande simpatia no expectador, mais por sua ingenuidade e sorte do que pelos méritos do seu trabalho.
Um dos aspectos negativos do filme é exatamente o exagero em seus aspectos bons. Mesmo com o objetivo de ridicularizar o arquétipo de espião glamouroso, o filme muitas vezes se estica no tom humorístico, sendo ridículo tal como o agente OSS 117 é diante dos aliados e inimigos.  A questão é que este o faz de propósito, enquanto o filme derrapa involuntariamente.

OSS 117 é prova de que o cinema francês também sabe ser pastelão.

Nota: 8,5

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Filme nº 129: Adams Aebler

Explorar o cinema de um país relativamente exótico é sempre uma experiência curiosa. Esse ano fiz isso de quando em quando, tendo resultados diversos. Durante a maior parte de Adams Aebler (escrito com aquele A grudado no E, que em português significa 'As Maçãs de Adão'), filme dinamarquês de 2005, eu achei que a experiência não seria boa, tal como ocorreu com o sueco Deixe Ela Entrar. Mas, no fim das contas, o filme justificou a folhinha de Cannes estampada em todos os seus cartazes. 

Se todos escutássemos a razão, o mundo seria um lugar triste de se viver.
Adams Aebler conta a história de Adam Pedersen, um neonazista condenado a prestar serviços comunitários numa igrejinha luterana no interior da Dinamarca. Na mesma situação estão Gunnar, um ex-tenista tomado pelo alcoolismo; e Khalid, um árabe sociopata. Os três estão sob a tutela de Ivan, um pastor de espírito inabalável que acredita estar numa constante luta contra os testes que o diabo coloca diante de si. Disposto a delegar um objetivo para Adam, Ivan o pressiona até que este decida que seu objetivo final será fazer uma torta de maçã. No entanto, a macieira da igreja é constantemente atacada por corvos, lagartas e raios, algo que Ivan interpreta como mais um teste do demônio. Intrigado com o comportamento iludido e morbidamente otimista de Ivan, Adam decide assumir o papel do demônio e testar o pastor até destruir sua mente. 
Superada a agonia de assistir um filme num idioma que você é completamente incapaz de compreender e não sabe se pode confiar nas legendas, Adams Aebler se revelou um filme bem cru e estranho de digerir. A tragédia, a violência e a maldade são elementos constantes dentro do filme, a tal ponto que até os vinte minutos finais eu achei que o filme não passaria de uma grande piada de mal gosto. Mas, sabem como é: um bom final faz um bom filme.
Ainda que Adam não convença muito como neonazista na maior parte do filme, seus personagens são em sua maioria interessantes. Com ênfase para Ivan, que é um personagem confuso que tem uma conduta muito difícil de se entender, mas, assim que as coisas são esclarecidas, é inegável o quanto seu personagem é feito de forma inteligente. 

Para os amantes de gatos: por favor, não assistam o filme. 

Nota: 8,0

domingo, 19 de maio de 2013

Filme nº 128: A Revolução dos Bichos

É um tanto tragicômico o fato de no mesmíssimo momento que eu consigo tirar o atraso das postagens do blog, me bate um misto de preguiça e falta de tempo tão grande que eu deixo o atraso voltar quase que intencionalmente. Bom, mas vou tentar re-recuperar o ritmo daqui ou no mínimo tentar continuar postando aos trancos e barrancos.

All animals are equal, but some animals are more equal than the others.
A versão d'A Revolução dos Bichos que assisti foi a live action feita para a televisão britânica em 1999. Essa adaptação do grande clássico de 1945 escrito por George Orwell conta a dramática revolução dos animais da Fazenda Manor. Vítimas do descaso e da opressão dos donos humanos da fazenda, os animais, impulsionados pelo martírio do porco Old Major, rebelam-se contra os humanos e tomam controle de toda a fazenda. Uma vez no poder, os animais tentam assumir as várias funções da fazenda por conta própria, apenas para acabarem diante de um regime ainda mais ditatorial que o anterior quando a elite dos porcos decidem impor sua própria visão de revolução.
Tal como nos filmes até clássicos do 'Babe, um porquinho atrapalhado', a ideia de colocar animais de verdade movendo as bocas através de computação gráfica torna muito estranha a execução de qualquer enredo, isso quando não a compromete. No caso d'A Revolução dos Bichos, a seriedade do enredo conseguiu ser mantida com sucesso, mas fica patente o fato de que filmes protagonizados por animais de verdade nunca foram uma boa ideia.
A falta de um elenco de verdade não torna a história de Orwell menos genial e tampouco menos dramática. A construção do sistema político e social da recém fundada Fazenda Animal e a gradual divisão e corrupção dos porcos na liderança da mesma, com ênfase no caráter extremamente vil de Napoleão; são os aspectos mais interessantes da história, que é uma crítica direta aos regimes totalitaristas dos anos de 1940, com grande ênfase no caso soviético (aliás, obviamente feito com a União Soviética em mente).

O que não muda o fato de que a história provavelmente ficaria melhor num desenho ou numa animação. 

Nota: 6,5

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Filme nº 127: Screwed

Esse filme é uma grande prova de que todo e qualquer filme que você assistiu na infância era mais efetivo naquela época do que ele consegue ser hoje, seja um filme de comédia, um de terror ou um que você julga inteligente. Screwed segue mais ou menos essa lógica, já que todas as gargalhadas que ele provocou há 10 anos se transformaram em meia dúzia de risinhos agora.

You have to be really dumb to accidentally kidnap yourself! 
Screwed conta a história de Willard Fillmore, que tem sido o fiel mordomo da rica e megera Sra. Crock por mais de quinze anos, sucedendo o pai que trabalhou por mais de trinta. Estando diante até mesmo da recusa em receber um uniforme novo (por ainda usar o herdado do pai), Willard recebe um tratamento pior do que a cadela de estimação da Sra. Crock. Cansado, o mordomo decide arquitetar o sequestro da cadela para conseguir um resgate milionário, mas acidentalmente perde a cadela no processo. Quando a Sra. Crock encontra no meio da casa revirada um bilhete de resgate, ela imagina que seu mordomo é que foi sequestrado.   
Além de ser um filme bem caótico e acelerado em vários momentos, Screwed tem uma trilha sonora incrivelmente horrível. Seus personagens são incrivelmente burros e o filme não faz muito esforço pra ser sério. Mas isso é completamente perdoável em uma comédia, e preciso admitir que o filme é engraçadinho (mesmo que não tanto quanto da primeira vez que assisti. O destaque vai para o psicopático personagem de Danny DeVito, que encarna um mórbido porém ingênuo funcionário de necrotério que acaba envolvido na situação toda, revelando-se um homem que não deveria ser enganado em hipótese alguma.

Nota: 7,0

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Filme nº 125: 1408

Ao contrário do ocorrido à época do meu centésimo filme, esqueci de reservar algo um pouco mais especial para minha centésima postagem. Como resultado, terminei assistindo um filme ok que eu já havia assistido outras vezes.  Não que o filme seja ruim, eu só não sou terrivelmente apaixonado por ele e nem destaco nenhum de seus elementos como algo excepcional.

In, out. Nobody gets hurt. 
1408 é um filme baseado no livro homônimo de Stephen King. O protagonista da vez é Mike Enslin (John Cusack), um escritor cético especializado em investigar e desmontar mistérios paranormais. Recebendo pelo correio o boato de um quarto amaldiçoado no Dolphin Hotel, um grande e tradicional hotel de Nova York, Enslin fica determinado a enfrentar todas as tentativas do gerente Gerald Olin (Samuel L. Jackson) de dissuadí-lo da aventura. Ignorando as mais de cinquenta mortes registradas no quarto 1408, Enslin vence pelo cansaço o cauteloso gerente e se hospeda no quarto durante uma noite, sem desconfiar que seria a noite mais longa e traumática de sua vida.
Mesmo considerando que todo filme baseado numa obra de Stephen King automaticamente venha com uma dose de credibilidade, ainda é bastante difícil traçar um padrão de qualidade entre suas adaptações. Pra começar que, para arrepio do próprio King, pouquíssimas adaptações, senão nenhuma, mantém-se fiéis ao livro (O Iluminado é cultuado, mas ele foi um dos que mais fugiu ao enredo). 1408 não foge à tendência, mas ainda assim é capaz de fazer um trabalho relativamente bom em cima da ideia original.
O Dolphin Hotel na minha opinião é a novidade mais interessante em termos de filme de terror, abandonando os hotéis isolados e assustadores por um grande e moderno arranha-céu no meio de Manhattan. Uma vez dentro do quarto, o filme acaba sendo uma grande atuação solo de John Cusack, visto que o único outro personagem relevante, o gerente, só dá as caras no início do filme. 
Como filme de terror, 1408 falha em construir um clima assustador ou mesmo em assustar das formas mais fáceis possíveis, sendo um filme de terror bem família para os iniciantes. O que não faz com que todas as tentativas do quarto de acabar com a vida de Mike Enslin não sejam interessantes. No fim das contas, o filme se arrisca num turn-point meio batido e estilo ~~~contos da meia noite~~~ que não tem o efeito esperado, deixando o desenlace do enredo mais confuso do que precisava ser.

Nota: 7,5

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Filme nº 124: Attack The Block

Quando fui dar uma olhada em algumas críticas na internet querendo ganhar um pouco de inspiração pra escrever esse post, fiquei surpreso com o quanto esse filme divide opiniões entre os que assistiram. O que me botou pra refletir um pouco acerca da opinião extremamente positiva que estou pra escrever sobre o filme. No fim das contas, a conclusão foi: foda-se, o filme é foda. 

Inner City vs Outer Space
Attack The Block conta a história de uma gangue de adolescentes assumidamente delinquentes que, após realizar um assalto em uma mulher indefesa, são surpreendidos pela queda de um objeto desconhecido em cima de um carro. Vasculhando o carro em busca de objetos de valor, o líder, Moses, é surpreendido por uma criatura agressiva e desconhecida que o ataca e foge. Moses e sua gangue então perseguem e emboscam a criatura, matando-a sem maiores dificuldades e levando-a como um troféu para seu bloco residencial. No meio da comemoração, eles percebem que mais criaturas alienígenas começam a cair do céu da mesma forma, e, embriagados com o sucesso do primeiro encontro, se armam com tudo o que tem e saem às ruas para caçar mais alienígenas. O que eles não esperavam era se deparar com aliens dez vezes maiores e agressivos que o primeiro, deixando de ser caçadores para virarem a caça. Porém, eles não estão dispostos a deixar barato, e defenderão seu território até a última gota de sangue. 
À primeira vista, o enredo não parece excepcional e tampouco original. Pra ser franco, ele realmente não é. O que mais me fez gostar de Attack The Block foi a tremenda qualidade com que o enredo foi executado, passando por cima do baixo orçamento com um excelente trabalho de direção, que combina uma boa trilha sonora com incríveis cenas de ação, suspense e slow motion. A aparência marcante dos alienígenas é um dos pontos altos do filme, ficando num patamar entre o cômico e o assustador com sua textura negra como a noite e suas mandíbulas florescentes.
Acho que o que mais incomodou aqueles que não gostaram ou que odiaram o filme foi a personalidade e a conduta dos personagens principais. E isso é um pouco fácil de compreender, visto que eu mesmo não gostei deles num primeiro momento. Mas aos poucos fui sendo conquistado por cada um deles, terminando o filme na torcida pelo bloco. O melhor desses personagens é a forma como seus atores são convincentes no papel de adolescente malvado e marrento, como se eles próprios tivessem vivido a vida toda nos subúrbios de Londres (se é que não viveram, eu não cheguei a pesquisar).
No mais, eu acho que o filme cumpre brilhantemente sua proposta e atinge em cheio seu público alvo. Afinal de contas, é isso que importa. Muitos podem dizer que não passa de um filme adolescente. Não passa mesmo, e os que esperarem outra coisa provavelmente vão se decepcionar. O melhor é que façam como eu: não esperem nada, descubram a proposta no meio do caminho e se surpreendam com a qualidade do filme. 

Não to exagerando, minha nota pra ele é 10.

Nota: 10.

domingo, 12 de maio de 2013

Filme nº 126: Throw Momma From the Train

Da mesma maneira que passei o Star Wars na frente pra cair no May the 4th, achei adequado fazer um post temático para o dia das mães. Meu senso de humor é horrível, vocês devem estar pensando. Ele é mesmo. Mas, ao contrário de Owen Lift, eu amo minha mãe e quero vê-la bem viva e saudável. 

Owen loves his mama, Owen loves his mama!
Throw Momma From the Train conta a história de Larry Donner (Billy Crystal), um escritor amargurado com o dinheiro e sucesso que sua ex-mulher está conseguindo com uma ideia de livro roubada dele. Invadido pelo ódio e frustração, ele fica preso num bloqueio mental que o impede de sair da primeira sentença de seu próximo livro. Paralelamente, Larry oferece um curso de redação criativa numa universidade, tendo como um de seus alunos Owen Lift (Danny DeVito), um homem de poucos amigos e pouca inteligencia que tenta escrever um livro de assassinato sem ter o menor talento pra isso.
Insistente, Owen começa a perseguir o professor em busca de uma fórmula para escrever um enredo consistente. Para se livrar dele, Larry lhe recomenda ver um filme de Hitchcock e seguir o estilo. Owen então assiste 'Strangers on a Train' e interpreta o enredo do filme como uma proposta de Larry, se oferecendo para matar sua ex-esposa se Larry matar a sua mãe irritante e malvada em troca. O escritor imagina que é apenas uma piada e desdenha da proposta, sem contar com a falta de interpretação de Owen, que coloca sua parte do plano em prática e logo em seguida surge para cobrar a parte de Larry, que acaba se tornando o principal suspeito da morte da ex-mulher.
Confesso que fiquei um pouco decepcionado ao me dar conta de que esse filme nada mais é do que uma paródia bem humorada do filme de Hitchcock, pois num primeiro momento eu havia adorado a originalidade e inusitabilidade do enredo. Mas mesmo sem ser um enredo original, Throw Momma From Tre Train consegue mudar totalmente a natureza do enredo com a química entre os dois protagonistas e a monstruosidade da 'mama' Lift, interpretada por Anne Ramsey, tornando o filme bastante leve, engraçado e agradável de se ver mesmo com o potencial dramático.

E feliz dia das mães.

Nota: 7,5 

sábado, 11 de maio de 2013

Filme nº 123: Zelig

A pedidos de algumas pessoas, hoje decidi começar a atribuir notas para os filmes que assisto. A reclamação geral era que eu só dizia 'ah esse filme e bom' ou 'ah esse filme é ruim'. Eu realmente não sei o que mais vocês querem ouvir de mim, mas já que existem pessoas preguiçosas o bastante pra ler as postagens inteiras, a partir de hoje todos os posts virão com uma nota de 0 a 10 no final. 

Everybody go Chameleon! Everybody show Chameleon!
Dentre as razões que me fizeram escolher esse filme no dia (além da tradicional curta duração), estavam a proposta bizarramente original e, é claro, a direção e participação de Woody Allen, que já havia me deixado com uma boa impressão depois de Annie Hall. Zelig conta em formato de documentário a peculiaríssima história de Leonard Zelig, um homem dos anos 20 com uma rara condição psiquiátrica que faz com que ele se adapte física e psicologicamente à qualquer grupo de pessoas que o cerque. Chamando a atenção da comunidade científica, da imprensa e de todo o povo americano, Zelig logo se transforma (trocadilho não intencional) numa sensação nacional e internacional.
Em primeiro lugar, a magistral retratação das décadas de 1920 e 1930 fazem com que esse 'documentário' de 1983 possa ser facilmente confundido com uma peça genuína desse período, tendo uma boa emulação do clima e do estilo jornalístico e documentarístico/cinematográfico da época. Apesar de notável por sua condição, o personagem de Woody Allen (e todos os outros, por sinal) basicamente não faz nenhum tipo de atuação, aparecendo apenas em algumas fotos e clipes curtos, oferecendo sua voz de quando em quando.
O ponto que mais prejudicou o filme, por incrível que pareça, foi o fato dele ter se alongado mais do que eu considerei necessário. E isso é uma crítica meio pesada pra um filme que já tem pouco mais de uma hora e vinte de duração. Zelig pareceu legal num primeiro momento, mas depois vai ficando extremamente repetitivo. O filme simplesmente consegue ser bem mais longo do que deveria.

Nota: 6,5

Filme nº 122: Um Homem Sério

Quando escolhi esse filme no meio da extremamente diversa filmografia dos Irmãos Coen, eu não sabia bem o que esperar. Nem mesmo a partir do momento em que comecei a assistir o filme. Quando comecei a construir minhas expectativas e apostas para o enredo, ele de novo me coloca numa posição onde eu não sei o que devo esperar. E Isso mais de uma vez ao longo do filme. A grande questão no fim das contas é: como foi que eu consegui gostar de um filme que me deixou com mais perguntas do que respostas?

Why does He make us feel the questions if He's not gonna give us any answers?
Um Homem Sério se passa em 1967 e conta a história de Larry Gopnik, um professor de física judeu íntegro e honesto que nunca fez mal a ninguém. Larry vive num calmo subúrbio de Minnesota com sua esposa Judith, com uma filha cuja única ambição na vida é fazer uma cirurgia plástica no nariz, um filho emaconhado e seu irmão inútil e inconveniente. De um dia pro outro, sua vida aparentemente perfeita começa a desmoronar diante dos seus olhos: sua mulher pede o divórcio ao se apaixonar por outro homem, trazendo-o para morar com a família, expulsando Larry e seu irmão para um hotel; seu vizinho começa a construir um puxadinho em cima da propriedade dos Gopnik; um estudante oferece suborno para ser aprovado e, diante da recusa de Larry, ameaça processá-lo por difamação; seu irmão é preso por participar de jogos de azar e, por fim, cria-se a suspeita de que Larry possa estar com alguma doença grave. Desprovido de toda e qualquer base familiar e atolado nas dívidas com advogados, só resta a Larry recorrer à fé e à sabedoria dos rabinos para encontrar uma solução ou no mínimo um sentido para essa torrente de acontecimentos. Mas logo ele descobre que simplesmente pode não haver uma resposta.
O aspecto mais interessante desse filme na minha opinião é a impressão que ele te passa de que não será um enredo difícil de entender. Eu achei que estava no controle, até que o filme simplesmente terminou, me deixando desolado e sem entender nada. No fim das contas, o filme estava sendo difícil e complexo bem embaixo do meu nariz. Num primeiro momento me senti enganado, como se tivesse perdido algo no caminho. Depois de ler um pouco a respeito do filme, vi que sua compreensão é particularmente difícil para os não-judeus e não-conhecedores da Bíblia ou do Torá, além de finalmente me dar conta de que ele trata meramente sobre a completa incerteza da vida, seja sob o ponto de vista físico, metafísico ou espiritual; unindo de certa forma o pensamento científico, o religioso judaico e o simples senso comum para reafirmar essa tese (!!!). 'Tá bom, parece ser tudo uma grande bosta então' Sim, parece ser uma grande bosta no fim das contas, como tudo o que eu falei de Donnie Darko ali atrás, mas não é. 
Apesar de toda a confusão por trás, o filme é incrivelmente agradável e envolvente. A bela fotografia e os curiosos personagens -com destaque para o pobre protagonista- dão vida a um enredo recheado de fábulas judaicas e histórias secundárias interessantes, ainda que não tenham um significado claro (algumas delas intencionalmente). Também são frequentes as sequências de sonho e os pequenos-grandes incidentes que permeiam a vida de Larry e sua família de uma forma quase banal. A divisão da segunda parte do filme entre os três rabinos para os quais Larry pede ajuda é um artifício interessante e ajuda o expectador a acompanhar a digestão que Larry faz dos conselhos muitas vezes inúteis ou inexistentes que lhe foram dados.

No fim das contas, a única lição concreta que consigo tirar do filme é a de que Deus trabalha em caminhos misteriosos. Mas eu gostaria de ouvir a opinião de algum judeu a respeito.

Nota: 8,5

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Filme nº 121: Léon

As circunstâncias que me fizeram assistir Léon especificamente no dia que assisti foram incomuns e curiosas. Estando sem internet aquele dia, eu procurava por um filme longo o suficiente pra preencher a noite de forma saudável. Dos sete filmes que abri pra assistir, cinco estavam sem legenda e dois com problemas bizarros de visualização. Léon realmente era uma das últimas opções a se considerar, mas no fim acabei feliz por ter acontecido tudo da forma que aconteceu. 

I want love, or death. That's it.
Léon é um filme francês (porém completamente em inglês) de 1994 que conta a história de Léon (Jean Reno), um italiano que trabalha de assassino de aluguel. Ao lado do seu apartamento vive Mathilda (Natalie Portman), uma garota de doze anos que tem uma vida miserável com o pai traficante de drogas, e madrasta indiferente e a meia-irmã cruel, nutrindo afeto apenas por seu irmãozinho mais novo. Um dia, em retaliação a uma trapaça de seu pai, o policial corrupto Stansfield e seus homens invadem o apartamento e assassinam toda a família, com exceção de Mathilda, que havia saído pra fazer compras. Ao voltar pra casa e descobrir o ocorrido, a menina busca refúgio no apartamento de Léon, que a deixa entrar relutantemente. 
Logo Mathilda descobre a profissão do seu misterioso vizinho, e tenta tomar proveito dela para se vingar dos assassinos de seu irmão. Sem qualquer jeito com crianças, amigos ou mesmo pessoas em geral, Léon tenta ao máximo fornecer um lar para Mathilda e tornar-se uma figura paterna para ela, ao mesmo tempo que a ensina os métodos de sua profissão. No processo, o solitário assassino redescobre as sensações de amor e carinho, enquanto Mathilda se apaixona irreciprocamente por seu protetor.
Sendo um filme simples na maioria dos aspectos, Léon se destaca no belo enredo e em ótimas atuações, sendo impossível não aplaudir a atuação monstruosa de Gary fucking Oldman. Jean Reno, pra variar, foi capaz de construir um personagem incrivelmente mortal, mas que mesmo assim possui um lado sensível e amigável visível para poucos. Natalie Portman está incrivelmente jovem no filme, mas mesmo assim interpreta uma personagem forte, decidida e marcada pela tragédia.
Tratando-se de um filme semi-europeu com tal enredo, rola entre Léon e Mathilda uma tensão sexual meio escabrosa, principalmente pra expectadores pouco liberais quanto eu (felizmente, Léon sente o mesmo). Mas o filme essencialmente é uma história de uma grande e improvável afeição que cresce num ambiente violento e hostil, protagonizados por duas partes que nunca souberam direito o que é amar e ser amado. Toda essa simples autenticidade faz de Léon um dos filmes mais bonitos que já assisti esse ano.

Nota: 9,0

Filme nº 120: O Fantástico Senhor Raposo

Depois de muito tempo sem visitá-la, finalmente retorno à filmografia de Wes Anderson, uma das mais felizes descobertas cinematográficas desse ano (ver o post sobre The Royal Tenenbaums). O Fantástico Senhor Raposo é o quarto que assisto dessa curta lista de 10 filmes, destacando-se no meio dos demais pro ser a única animação, ainda por cima em stop motion. Mas nem por isso o estilo marcante do diretor deixa de estar presente.

That was pure animal craziness!

O filme conta a história de Mr. Fox, uma raposa urbana razoavelmente bem sucedida na vida profissional e familiar que, no entanto, sente falta da sua antiga vida de invadir e roubar fazendas. Durante uma crise de meia idade, ele se muda para uma grande árvore nas proximidades de três impérios do agronegócio: as fazendas Boggis, Bunce and Bean. Movido pelo desejo de um último grande roubo em nome dos velhos tempos, Mr. Fox acaba sendo descoberto pelos três cruéis fazendeiros e torna-se alvo de uma grande e bem equipada retaliação por parte deles, junto com sua família e toda a comunidade de animais que vive no local. 
Apesar de num primeiro momento parecer uma fábula infantil, a execução do enredo é bastante madura. Além disso, o que mais impressiona no filme é a capacidade de manter o estilo marcante de Wes Anderson, fazendo-se presente em todos os aspectos do filme, como a fotografia e seus tradicionais tons claros e amarelados, a trilha sonora de aventura, a divisão do enredo em anos humanos e anos de raposa e as atuações marcadas pelo grande uso das pausas e dos momentos de silêncio. 
Também se destacam os personagens. Expressivos e bem construídos apesar do stop motion, os personagens apresentam um comportamento predominantemente humano, mas de quando em quando retornam aos seus instintos animais. Isso se dá graças ao belo trabalho de animação e também à excelente dublagem, que conta com George Clooney, Maryl Streep, Bill Murray, Willen Dafoe, Owen Wilson, Adrien Brody e o próprio Wes Anderson.

Nota: 9,0

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Filme nº 118: Donnie Darko

Donnie Darko foi provavelmente o filme que passou mais tempo guardadinho no meu computador, esperando pra ser assistido. Apesar de sempre ouvir todo tipo de coisas interessantes a respeito dele, o mantive na geladeira pelo tempo de duração e pela aparente dificuldade de se compreender na primeira viagem. Como já comentei antes, tento evitar essa categoria porque nenhum filme está ganhando uma segunda chance esse ano. Meu sucesso com Memento, no entanto, finalmente deu o incentivo que eu precisava pra finalmente arriscar Donnie Darko. Bom, creio eu que tive sucesso com o filme. Mas a reciproca não é verdadeira.

Why are you wearing that stupid man suit?
O enredo de Donnie Darko não é muito fácil de descrever. Essencialmente, ele conta a história de um adolescente psicologicamente perturbado que, após escapar miraculosamente de um bizarro acidente, começa a ter frequentes visões de um grande coelho que o alerta sobre a data do fim do mundo e o induz a cometer uma série de crimes. Durante essa contagem regressiva, Donnie lentamente se dá conta de que possui a capacidade de prever o futuro imediato. Acho que é mais ou menos isso que consigo falar sem revelar grandes detalhes da trama.
A crítica que faço a Donnie Darko provavelmente se aplicará a centenas de outros filmes com pretensões semelhantes. O enredo é complexo? Sim. É difícil de entender? Sim. É inteligente? Bastante. Mas o filme é legal? NÃO. Independente de toda a profundidade de Donnie Darko, ele é chato. Independente de toda a complexidade dos fatos desenvolvidos no enredo, ele continua sendo um tédio. Não é preciso ser nenhum expert pra diferenciar um filme chato de um interessante. E antes fosse só o enredo devagar o problema, mas o filme também é deficiente na maioria dos outros aspectos, tendo uma fotografia esquisita, efeitos especiais pouco trabalhados, personagens estranhos cuja relevância/importância demora muito a ficar clara, e atuações pouco excepcionais.
O desenrolar das coisas também é menos excitante do que parece. Toda a lombra pesada desenvolvida ao longo do filme pelo personagem excêntrico-negativo de Jake Gyllenhaal na prática não nos leva a lugar algum. Eu confesso que provavelmente eu relevaria muitas das minhas impressões se Donnie Darko não fosse alvo de tanto puxa-saquismo na internet. Filme difícil e complexo não é sinônimo de filme bom.

Nota: 6,5

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Filme nº 117: High Fidelity

Nada melhor do que um filme capaz de te causar um grande sentimento de identificação e também de deixar um grande sorriso no seu rosto quando acaba. Nesse sentido, High Fidelity foi um verdadeiro achado. Também tive a sorte de assistir o filme no estado de espírito certo (fodido), o que ajudou a maximizar a experiência.

What came first: the music or the misery?
High Fidelity conta a história de Rob, um homem na casa dos trinta e tantos que possui uma loja de discos, em reflexo da enorme sintonia que sua vida tem com a música, na qual trabalha com dois funcionários não tão amigos. O trio tem como passatempo a constante confecção de listas de top 5 músicas-para-um-momento-específico.  Após um duro término com sua namorada Laura, Rob entra numa crise de meia idade e decide construir um top 5 dos piores términos de relacionamento que teve em sua vida para tentar entender qual era a raiz de toda a rejeição amorosa que ele enfrentou durante a vida inteira e como ele poderia reverter isso pra ter Laura de volta.
Fazia tempo que eu não assistia um filme tão cheio de personalidade quanto esse, seja nos personagens, nos diálogos, no estilo de narração (com contante rompimento da quarta parede) e, é claro, na trilha sonora. Um filme desses obviamente possui uma trilha sonora excelente e numerosa, como se ele fosse feito para ambientar a trilha sonora, e não o contrário. Como amante da boa música, dei uma bela engrossada na minha playlist.
Muita gente compara High Fidelity com 500 Dias com Ela. De fato, não são filmes assim tão distintos, mas na minha opinião, High Fidelity é disparado o melhor por não ser todo chororô e música de hipster e Zoey Deschanel. Amor é apenas um tema secundário no filme, pois a grande questão que ele busca responder é: do we listen to pop music because we are miserable, or we are miserable because we listen to pop music? Foi impossível não rolar uma forte identificação com o filme em vários aspectos, como ter músicas minuciosamente selecionadas para determinadas ocasiões e estados de espírito e manter o hábito de presentear pessoas pessoas com músicas.

Nota: 10

Filme nº 116: Untraceable

A escolha desse filme foi um pouco inusitada. A primeira e única vez que ouvi falar em Untraceable foi durante a época que eu costumava ir ao cinema com mais frequência, e o trailer constante desse filme acabou me chamando a atenção. Não cheguei a assistir -duvido até que eu estaria dentro da faixa etária dele-, mas o filme nunca saiu da minha cabeça até então. Procurando um suspense pra variar em estilo, achei que esse seria uma boa ideia.

Vocês são tão responsáveis quanto eu.

Untraceable conta a história de Jennifer Marsh, uma agente do FBI responsável pela investigação de crimes virtuais, normalmente pirataria e roubo de dados. Um dia ela se vê diante de um site irrastreável que transmite vídeos de execuções ao vivo, que aceleram a morte da vítima à medida que cresce o número de visualizações. Sem qualquer meio de impedir as visitas no site, e de identificar sua origem ou o local das execuções, Jennifer precisa encontrar urgentemente um padrão entre as vítimas do sádico assassino. Com o avanço das investigações, ela logo se dá conta de que o assassino a vigia de perto.
Apesar de guardar o filme na memória por tanto tempo, ele acabou se mostrando algo desnecessário de se lembrar daqui pra frente. Untraceable trata tanto o mundo virtual como o policial de uma maneira bem simplista, naquele estilo ~~crimes virtuais hackers piratas do computador~~. A protagonista não tem um pingo de personalidade, o que não chega a chamar atenção num filme onde nenhum personagem tem. O desenrolar das investigações e o desvendamento de partes do crime às vezes parece algo rápido demais, construído sobre o nada. Por fim, o desfecho do filme é semelhante ao desfecho de algumas das minhas postagens: assim que não tem mais nada a ser dito, eu simplesmente paro de falar.

Filme beeeem mais ou menos.

Nota: 5,0

terça-feira, 7 de maio de 2013

Filme nº 115: Mystery Men

Acho que é seguro afirmar que todo mundo tem um lugarzinho especial no coração para três ou quatro daqueles filmes de sessão da tarde que tem 'All Star' do Smash Mouth na trilha e são fracassos de público e crítica. Um desses filmes que valeram deixar o dever de casa de lado durante minha infância é Mystery Men (no Brasil, 'Quase Super-Heróis ou mesmo HERÓIS MUITO LOUCOS, confirmando o quão sessãodatardista é o filme). Assistindo agora pra desmentir ou não meu pobre julgamento infantil, eu apenas confirmei o quanto acho o filme subestimado. 

We're not your classic heroes. We're the other guys.
Mystery Men conta a história de um trio de heróis amadores que tenta construir sua carreira na cidade de Champion City, a qual já é patrulhada com sucesso pelo famosíssimo super herói Captain Amazing. São eles: Mr Furious, cujo 'poder é entrar num estado de fúria supostamente incontrolável; The Shoveller, capaz de manejar uma pá como ninguém; e o Blue Raja, um talentoso atirador de garfos (?!). Desnecessário dizer que eles nem chegam perto de tornarem-se uma ameaça ao crime. Paralelamente, a luta do Captain Amazing é tão bem sucedida que não existe mais nenhum vilão na cidade à altura dele, o que faz com que ele apareça menos na televisão e comece a perder patrocinadores. Pra tentar voltar as manchetes, seu alter-ego, o advogado Lance Hunt, entra em defesa da libertação do terrível super-vilão Casanova Frankenstein para ter com quem lutar, não esperando, no entanto, ser derrotado e capturado por ele.
Essa acaba sendo a chance perfeita do trio resgatar o grande super herói de Champion City e finalmente conseguir provar seu valor. E obviamente eles fracassam, o que os leva a tentar recrutar mais gente para o bando, atraindo os incríveis Invisible Boy (capaz de ficar invisível, porém apenas quando ninguém está olhando), o flatulento Spleen (meio auto-explicativo), a indomável Bowler (armada com uma bola de boliche possuída pelo espírito do seu pai), e o misterioso Sphinx (cujo poder é ser misterioso).
Já deu pra ver que Mystery Men não é uma escolha adequada pra quem procura um filme sério de super heróis, visto que ele assumidamente é um besteirol. Mas há de se admitir: é um besteirol divertido e muito bem feito. Apesar do enredo fraquinho, Mystery Men é compensado com montes de personagens excêntricos e marcantes, sejam eles heróis ou vilões e um estilo estético geral bem próprio, tanto pros personagens quanto pra Champion City em geral.

Bom filme pra dar uma descontraída.

Nota: 7,0

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Filme nº 114: Los Cronocrímenes

Depois de uma primeira experiência fracassada com os filmes sérios de viagem no tempo, aqui estou eu tentando a revanche. Assim como o curto porém terrível Primer, Los Cronocrímenes (ainda sem tradução para o português, mas seria algo como 'Os Crimes do tempo' ou simplesmente 'Cronocrimes'), filme espanhol de 2007, vinha com a promessa de um enredo sério e milimetricamente perfeito. Dessa vez, porém, o filme é protagonizado por um homem comum que se envolve acidentalmente com viagem no tempo, tendo ainda elementos de terror e suspense.

El crimen es solo cuestion de tiempo
Los Cronocrímenes conta a inimaginável trajetória de Héctor, um homem comum na casa dos cinquenta anos, no dia mais longo de sua vida (literalmente). O filme se passa no interior da Espanha, pra onde Héctor e sua esposa Clara acabam de se mudar. Enquanto organizam a mudança, Héctor fica intrigado ao captar  uma garota nua com seu binóculo numa floresta próxima à sua casa. Indo até a floresta pra investigar, Héctor é atacado por um misterioso homem mascarado, que o força a procurar refúgio desesperadamente numa mansão das redondezas. Descobrindo que se trata de um grande laboratório, Héctor é orientado por um cientista a se esconder dentro de uma máquina que, pra surpresa de ambos, o faz voltar uma hora no tempo. Quando finalmente se dá conta do que aconteceu, Héctor se esforça para evitar qualquer alteração nas ordens dos acontecimentos para não se perder num vórtex temporal, mas logo ele percebe que já existe uma série de desastres em curso.
É muito difícil comentar o enredo sem soltar spoilers. O começo é muito confuso, mas, conforme a história evolui, você abandona a crença de que não haveria reviravoltas e passa a acreditar que na verdade há, quando na verdade não houve (!!!). Junto com o enredo intrincado, acompanhamos a evolução de Héctor, que passa da ingenuidade para um perigoso pragmatismo.
A principal qualidade de Los Cronocrímenes é o fato do filme conseguir fazer muito com pouco: o orçamento do filme é modesto, não existe qualquer tipo de efeito especial e o elenco é bastante reduzido. Por dar tão certo, isso acaba sendo também seu principal defeito, pois, apesar de muito bem feito, o enredo é pouco ambicioso, e o expectador fica desejando mais e mais dessa fórmula. Por fim, minha recomendação para os interessados é a seguinte: não assista nenhum trailer. Eu dei uma olhada e alguns comprometem seriamente a experiência. Então, só mergulha e vai.

Nota: 9,5

domingo, 5 de maio de 2013

Filme nº 113: Dirty Harry

Retornando à contagem original de postagens, hoje eu tenho o prazer de apresentar um dos personagens mais interessantes (e o mais frequente) da carreira de Clint Eastwood e, por que não dizer, do cinema. Harry Callahan, mais conhecido na polícia e nas ruas de San Francisco como Dirty Harry (for getting every dirty job that comes along), abandona o arquétipo de oficial da lei certinho e inaugura em 1971 um estilo de filme policial protagonizado por personagens dotados um senso de ética muito próprio, dispostos a fazer o que for preciso em busca de justiça.

You gotta ask yourself one question: 'do I feel lucky?'
O filme começa com o assassinato de uma mulher por um serial killer que se auto intitula Scorpio. Na cena do crime, a polícia encontra uma mensagem do assassino ameaçando matar uma pessoa por dia se a cidade não lhe pagar uma quantia de cem mil dólares, já definindo os possíveis alvos do dia seguinte como 'um padre católico ou um negro'. O caso logo é atribuído relutantemente ao inspetor Harry Callahan, já famoso por sua franqueza e por seus métodos heterodoxos de aplicar a lei.
Uma das coisas que mais interessantes no filme é o abandono da visão idealista de que a lei é infalível. A principal batalha do inspetor Callahan não é nem identificar o assassino e tampouco capturá-lo, mas sim vencer o sistema judicial e as vantagens que o assassino tenta tirar dele. Dirty Harry também deixa de lado o policial absolutamente infalível, fazendo de Callahan um personagem bastante humano, que fica cansado depois de correr, eventualmente apanha, fica atordoado após uma coronhada e continua com o rosto machucado nas cenas seguintes. Ainda assim, o protagonista não deixa de ser um policial eficiente (à sua maneira) e de língua afiada, cumprindo suas funções à qualquer custo enquanto eterniza uma série de frases feitas. O assassino, cuja identidade é rapidamente revelada, é um personagem incrivelmente burro, sendo surpreendente o fato dele conseguir escapar tanto da polícia.
Com mais de 40 anos, o filme possui uma qualidade visual notável, mostrando uma San Francisco ativa e perigosa. O único ponto negativo que levanto nesse aspecto é a grande quantidade de cenas noturnas mal iluminadas. As cenas de ação têm um comparecimento tímido, mas foram capazes de evitar a mirabolância dos tiroteios de munição infinita e das perseguições de carro destrutivas.      

Agora que estou devidamente apresentado ao Inspetor Harry Callahan, tenho mais cinco filmes pela frente.

Nota: 8,0

sábado, 4 de maio de 2013

Filme nº 119: Star Wars: Episódio IV

Talvez você esteja se perguntando por que fui do filme 112 para o 119 de um dia pro outro. Bom, em virtude do meu projeto decidi que essa seria uma ótima oportunidade de não ignorar o famoso 'May the Fourth' pela primeira vez na minha vida. Pois é, até o dia de hoje eu nunca havia assistido nenhum episódio sequer da franquia Star Wars e, pra ser sincero, também nunca tive muita vontade. Mas, considerando o dia de hoje, por que não dar uma chance? É aí que retornamos ao tradicional problema do atraso das postagens em relação aos filmes, pois qual seria o sentido de homenagear o 'May the Fourth' se eu publicasse esse post daqui uma semana? Com isso em mente, tomei a liberdade de furar a fila.

The force is strong with this one!
Descrever o enredo de Star Wars pra vocês é uma experiência meio engraçada, pois, mesmo depois de ter assistido, ainda sinto que o resto do mundo o conhece muito melhor do que eu. Enfim, partindo do que descobri, 'Star Wars: Uma Nova Esperança' conta a história do jovem Luke Skywalker, o qual se vê envolvido de uma hora pra outra numa guerra que opõe as forças rebeldes ao poderoso Império Galáctico. Até então vivendo uma vida pacata, Luke por acaso (por acaso? Como qualquer pessoa nesse mundo, eu estou ciente de que ele é filho do Darth Vader e irmão da Princesa Leia, mas vou fingir que não estou) compra um par de androides que pertenciam à uma princesa recém capturada pelo temível Darth Vader. A mensagem armazenada na memória de um deles o leva até Obi Wan Kenobi, um homem que sabe muito a respeito de seu passado e o conduz a uma grande jornada para entregar a mensagem às forças rebeldes e resgatar a princesa das mãos do Império (foi uma merda de explicação, imagino). 
Primeiramente tenho que reconhecer os grandes méritos desse filme. Primeiro, seus personagens são originais e cheios de personalidade, inspirando o amor e ódio (travestido de amor) dos fãs da franquia, como o corajoso Han Solo, a temperamental Princesa Leia, os androides 3-CPO e R2 e, obviamente, o maligno Darth Vader (que é um pouco mais gay do que imaginei). Segundo, os cenários incríveis e os grandes efeitos especiais, ambos aspectos bem notáveis para a época (eu assisti a versão original, sem qualquer remasterização). Por último, temos o aparentemente complexo universo criado como pano de fundo da franquia, com tecnologias, espécies alienígenas, instituições e conflitos políticos próprios. E digo 'aparentemente' apenas pelo fato do primeiro filme oferecer relativamente pouco material acerca do enredo geral. 
Terá isso sido suficiente pra eu venerar religiosamente o filme como muita gente faz? Tratando-se de uma franquia grande, ainda é cedo pra dizer. Mas, se eu tivesse que julgar a franquia somente pelo Episódio IV (felizmente não tenho), eu diria que ela é extremamente superestimada. Um dos pontos que mais me incomodaram foram partes corriqueiras do enredo que pareciam quase improvisadas, revelando ou que Luke e seus amigos têm a maior sorte do mundo ou que a Death Star tem o pior esquema de segurança da galáxia. Sério, em alguns momentos chega a ser um pouco patético. Mas enfim, George Lucas tem direito à licença poética como todo mundo.
Pra um filme recheado de ação e aventura, eu fiquei surpreso com o quanto Star Wars não mexeu comigo. Vou repetir o mesmo argumento potencialmente babaca que usei em Alien (1979): o filme deve ter impressionado muito o público dos anos 70. Bom, eu não sou da década de 1970 e não posso fingir que me impressiono com batalha de navezinha. Por mais que possa parecer, eu não sou um pedante anacrônico. Sou um grande fã de vários filmes da época, eu só não vi ainda a graça de batalhas espaciais e lutas com sabre de luz.

May the force be with you, because my lack of faith still is disturbing.

Nota: 7,0

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Filme nº 112: Memento

Existem por aí toneladas de filmes que você dificilmente consegue entender na primeira assistida. Cheguei a arriscar alguns deles esse ano, tendo entendido uns e outros não. Na dúvida, preferi evitá-los a maior parte do tempo, visto que esse ano nenhum filme está ganhando uma segunda chance de ser compreendido, e eu não gostaria de injustiçá-los. Ignorando tudo isso, decidi assistir Memento munido de um senso de aventura que me surgiu na hora. E me dei bem.

You know, I have this condition..
Memento conta a história de Leonard Shelby, um investigador de uma companhia de seguros que sofre um grave dano cerebral num episódio no qual sua mulher é estuprada e assassinada durante uma invasão à casa do casal. Leonard consegue matar o agressor, mas é apagado por um segundo homem. Durante a investigação, a polícia não acredita na existência de um segundo agressor e dá o caso por encerrado. Resta a Leonard procurar o agressor por conta própria, porém o dano cerebral sofrido no episódio faz com que ele seja incapaz de gerar novas memórias a partir da tragédia, esquecendo constantemente do que acabou de presenciar (como a Dolly de Procurando Nemo, só que mais grave). Com o tempo, Leonard desenvolve um organizado sistema que permite a ele reter informações importantes através de fotos e tatuagens, e dessa forma ele empreende sua complicada caça ao assassino. Esse sistema, porém, não o impede de ficar sujeito às pessoas que tentam tirar vantagem da sua condição.
O enredo é apresentado de uma forma completamente não-linear, caminhando do presente para o passado com constantes recortes de um passado ainda mais remoto. Assim sendo, o expectador é colocado numa condição semelhante à do protagonista, tendo que juntar os retalhos atemporais do enredo sem saber quais são os personagens que mentem e quais estão dizendo a verdade.
Como segundo trabalho do ainda desconhecido Christopher Nolan (!!!), Memento nos oferece uma história original e inteligente contada de uma forma mais original e mais inteligente ainda. Mesmo tendo o poder da memória, o expectador também é desafiado, sendo constantemente surpreendido pelo real significado dos eventos; que são cuidadosamente construídos em direção a um final completamente inesperado.

E o melhor de tudo: entendi o filme inteiro na primeira assistida.

Nota: 8,5

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Filme nº 111: Balada Triste de Trompeta

Pouca coisa compete com a sensação de terminar de ver um filme e ter a certeza de que ele acaba de entrar no seu top 5; como, por exemplo, ter essa certeza antes mesmo dele terminar. E assim foi com o espanhol Balada Triste de Trompeta (em português: Balada do Amor e Ódio, uma ótima porém desnecessária tradução), um dos filmes mais psicopaticamente insanos que já assisti na vida, me deixando estricnado (sempre quis utilizar esse termo) por uns dois dias.

Alivia tu dolor con la venganza
O filme começa em 1937, em plena Guerra Civil Espanhola, quando um espetáculo de circo é interrompido por uma brigada republicana que recruta à força toda a trupe e os envia imediatamente para o campo de batalha. Com a batalha perdida, os que não foram executados de cara são enviados para campos de trabalhos forçados. Dentre eles estava o palhaço feliz, cujo filho pequeno, Javier, sonhava em tornar-se um palhaço feliz como o pai e o avô. Ciente de que a vida do filho está para sempre marcada pela tragédia, o palhaço alerta que seu destino é tornar-se um palhaço triste, a menos que consiga limpar sua alma através da vingança. Tentando seguir o conselho do pai, Javier falha tragicamente e acaba aceitando seu destino.
O enredo então passa para o ano de 1973, quando Javier consegue seu primeiro emprego como palhaço triste. Já no primeiro dia, ele se apaixona pela bela trapezista Natalia, que já é a mulher de Sergio, o palhaço feliz. Javier logo descobre também que fora do picadeiro Sergio é um homem violento, instável e perigoso, o que o faz tentar afogar seu sentimento por Natalia, o que fracassa diante do atiçamento proposital que ela faz. Esse instável triângulo amoroso acaba desencadeando uma série de tragédias que fazem com que Javier relembre as palavras do pai e tente conquistar a posição de palhaço feliz à força mais uma vez, perdendo a sanidade no processo.
O termo 'tragicômico' é provavelmente a melhor descrição para Balada Triste de Trompeta, visto que o filme é recheado de episódios violentos e personagens psicopatas e ainda assim mantém seu espírito de espetáculo circense. Há também uma forte harmonia com as convulsões políticas pelas quais passava a Espanha no período, com intersecções de cenas com episódios e personagens históricos, chegando até mesmo a ter o próprio general Franco como um dos personagens.
Recheado de loucura, amor e ódio, o filme conta com um enredo intenso e surpreendente, tendo um grande elenco capaz de transmitir toda essa intensidade. Inúmeras são as cenas memoráveis, mas eu destaco tanto a abertura quanto o final como cenas de tirar o fôlego. Sério, fazia muito tempo que eu não era impactado dessa forma. Recomendo fortemente.

Pra finalizar, só um pequeno alerta: se você já teve medo de palhaços, Balada Triste de Trompeta te fará lembrar do porquê.

Nota: 10

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Filme nº 110: Blade Runner

Em mais um capítulo da saga 'vontade de largar o blog x vontade de manter o blog', Nelson Veras decide manter o blog por pelo menos mais uns dias graças aos filmes bons que ele tem assistido e que gostaria de compartilhar com vocês. Blade Runner, por mais que o nome tenha peso, não é exatamente um desses filmes. O clássico de 1982 não é ruim, mas não conseguiu se provar excepcionalmente bom para este que vos escreve. E eu tenho consciência da quantidade de corações que parto ao anunciar isso.

"More human than human"is our motto.
Inaugurando o estilo cyberpunk no cinema, Blade Runner se passa num distópico ano de 2019, no qual a humanidade sofre as consequências de um desenvolvimento descontrolado da robótica, resultando na criação dos replicantes, seres artificiais praticamente impossíveis de serem identificados em meio aos humanos comuns. Banidos do planeta Terra, os replicantes são permitidos apenas nas colônias extra-terrestres, tendo uma expectativa de vida de apenas 4 anos. Quando quatro replicantes escapam de uma colônia e entram clandestinamente na Terra em busca de seu criador, Rick Deckard, um Blade Runner (policial especializado em exterminar replicantes) aposentado, é convocado para rastrear e exterminar os fugitivos.
Blade Runner foi um desses filmes que deu o azar de me pegar num clima inadequado, começando num dia e terminando no outro por conta do sono. Mas é claro que a culpa não é dele. Algo que me decepcionou um pouco foi a retratação limitada do universo do filme, que fica apenas na publicidade das colônias extraterrestres, numa arquitetura urbana terrivelmente feia e nas naves e carros moderninhos. De resto, o mundo mais parece um grande beco de Chinatown com vapor pra todos os lados. O enredo também não é nada muito destacável, não tendo muita complexidade nem qualquer tipo de reviravolta.
No mais, o elenco realmente me agradou bastante. Harrisson Ford, contrariando a tendência dos heróis hollywoodianos infalíveis dos anos 80, é o que mais apanha o filme inteiro, revelando-se um personagem bastante humano (por mais que existam inúmeras teorias negando isso, hehe). A replicante Rachael é provavelmente o personagem mais interessante dentro da sua tristeza e confusão ao descobrir que não é humana (vale mencionar também que ela é muito bonita). Os replicantes Roy e Pris, interpretados por Rutger Hauer e Daryl Hannah respectivamente, também merecem destaque.

Bem que eu queria correr atrás do atraso das postagens em relação à minha lista de filmes, mas tá difícil.

Nota: 7,0