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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Filme nº 45: Cartas de Iwo Jima

Fechando a trilogia de dois filmes do Clint Eastwood, hoje assisti à parte japonesa da batalha de Iwo Jima. É sempre bom ter a oportunidade de acompanhar a realidade dos povos de fora da esfera anglófona em seus próprios idiomas, no lugar de assistir a uma sempre distorcida atuação de americanos/britânicos/australianos falando inglês com sotaque artificial. Cartas de Iwo Jima é feliz nesse aspecto, nos oferecendo a chance de ver o japonês sendo gritado por atores nativos.

Dear Hanako..
Enquanto Flags of Our Fathers foca na história da foto dos soldados levantando a bandeira americana no topo do Monte Suribachi, Cartas de Iwo Jima, como o nome já sugere, aborda em boa parte do filme as cartas que os soldados japoneses enviam para suas famílias, utilizando-as muitas vezes como narração de determinados trechos. Eu disse 'em boa parte' porque o tema não chega a ser central, mas apenas presente. Eu diria que o filme trata muito mais do espírito pessimista vigente entre os defensores da ilha de Iwo Jima, que já tomam como certeza a derrota e a morte. Esse fator torna a parte japonesa muito mais trágica e triste que a parte americana. O Exército Imperial Japonês ao final da Segunda Guerra provavelmente era o pior lugar possível para alguém que por ventura desejaria lutar pela própria vida. O Bushido, código de conduta dos samurais pelo qual viviam os soldados japoneses, determinava que o suicídio era a única solução honrada para aqueles que estavam prestes a perder uma batalha, e muitos oficiais japoneses estavam determinados a ver essa doutrina cumprida por seus soldados, com o consentimento deles ou não.
É aí que mora toda a tragicidade: os soldados que já não morreram em batalha, vítimas de doenças, ou por suicídio voluntário são forçados a se suicidar por certos oficiais, seja matando a si mesmo da forma tradicional, seja na execução de ataques intencionalmente suicidas. Um dos protagonistas do filme, o general  Kuribayashi, é contrário à essa tendência e faz o possível para salvar suas tropas de mortes desnecessárias, o que faz com que ele ganhe alguns inimigos na cadeia de comando dentro da ilha.

É muito difícil assistir esses dois filmes do Eastwood e não ficar incomodado com a ideia geral da Guerra. Cartas de Iwo Jima é a parte mais crua e triste dessa narração, pois desde o início a expectativa da derrota é perceptível entre os personagens.

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