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terça-feira, 30 de abril de 2013

Filme nº 109: Shoot 'Em Up

Nesse dia em específico eu lembro ter ficado em dúvida entre assistir um filme do Woody Allen ou assistir outro filme israelense. No fim das contas, eu me dei conta de que o que eu queria mesmo era ver um tiroteio, por isso acabei escolhendo Shoot 'em Up, cujo título em português é MANDANDO BALA (e eu nem posso reclamar, já que o original compete em retardo). Já que a intenção era ver balas voando e corpos caindo, o filme me deixou mais do que satisfeito. 

I'm a british nanny, and I'm dangerous.
Shoot 'Em Up conta a história de um homem conhecido apenas como Mr. Smith, o qual, ao ajudar uma mulher grávida perseguida por um homem, acaba comprando briga com um bando armado liderado por um homem intuitivo e inescrupuloso chamado Hertz. Tendo agora um bebê recém-nascido em mãos e contando apenas com a ajuda de uma prostituta italiana, Smith precisa manter o bebê em segurança ao mesmo tempo que tenta descobrir por qual razão os capangas de Hertz o querem morto.
Confirmando todas as suspeitas, o filme é fino em enredo e grosso em ação. Desde o início deu pra ver que a história não fazia o menor sentido, e que o que importava era uma infindável série de tiroteios insanos regados ocasionalmente com um monte de frases de efeito. Algumas sequências são tão exageradas que chegam a ser cômicas, como por exemplo um tiroteio travado em queda livre no meio do CÉU.
Algo que me surpreendeu foi a fotografia, que encapou o filme de forma muito bem feita, deixando-o com um efeito bem noir. Os personagens também são bastante carismáticos, especialmente o vilão Hertz. O próprio bebê, mesmo com todas as suas limitações óbvias, consegue se destacar pela sua personalidade. A única que realmente enche o saco é a voluptuosa Donna Quintano, que fala com um sotaque muito irritante.

Shoot 'Em Up no fim das contas não passa de uma meteção de bala sem sentido. Mas nada o impede de ser uma ótima meteção de bala sem sentido.

Nota: 8,5

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Filme nº 108: Valsa Com Bashir

Quando li a sinopse de Valsa com Bashir, fiquei com um pouquinho de medo de apanhar da forma como apanhei de Alois Nebel: ambas eram animações não infantis que contam a história de homens com um passado confuso. Arriscando repetir o resultado vergonhoso da animação tcheca, decidi tentar dessa vez a animação israelense. Felizmente, Valsa com Bashir não é um filme difícil de compreender. Mais felizmente ainda, Valsa com Bashir é um filme fácil de adorar.

Memory is dynamic. It's alive.
O filme conta a história de Ari Folman, um homem que, após uma conversa de bar na qual um amigo revela que há dias vem sonhando repetidamente que é perseguido por vinte e seis cães raivosos por conta das suas experiências na guerra do Líbano (1982), se dá conta de que ele não consegue se lembrar de absolutamente nada dos tempos de guerra além de um episódio específico que ele nem sequer sabe se ocorreu de fato. Intrigado, Ari sai em busca de todos os seus antigos companheiros de guerra para tentar reconstruir sua memória através das memórias deles.
Num primeiro momento, a impressão que tive foi que o filme trataria única e exclusivamente de uma história autobiográfica intimamente relacionada com a guerra; mas eu diria que o tema principal do filme é a memória. A incapacidade que Ari tem de se lembrar da sua participação na guerra e as inúmeras histórias contadas por seus antigos companheiros mostra que a memória não é algo estático, mas sim um elemento vivo e dinâmico que se altera conforme as experiências de vida e de acordo com os desmandos da consciência. Mesmo assim, a guerra não deixa de ser um aspecto gritante do filme, sendo tratada de forma crítica e rendendo um final capaz de incomodar o mais indiferente dos expectadores (eu).
No mais, Valsa com Bashir conta com um estilo de animação belíssimo, auxiliado por uma boa trilha sonora. O enredo é bem construído e muito bem apresentado através de diálogos em tom de documentário, flashbacks dos tempos de guerra e sequências de sonho ou de falsas lembranças extremamente surreais. O filme, porém, não tem exatamente um final. Ele simplesmente acaba. 
Minha única reclamação séria vai pra um aspecto alheio ao filme: as legendas que baixei eram uma bosta, e constantemente me deixavam sozinho com o hebraico. No mais, Valsa com Bashir é uma história interessantíssima e uma excelente experiência visual.

Nota: 9,5

domingo, 28 de abril de 2013

Filme nº 107: Monty Python and The Holy Grail

Dando mais uma passada no blog pra tentar retirar o atraso nas postagens. Essa sugestão de filme surgiu quando eu estava a procura de um filme que me deixasse de bom humor, e acho que não poderia ter escolhido filme melhor pra isso. Foi basicamente meu primeiro contato com Monty Python se desconsiderarmos uma dúzia de vídeos no youtube, e eu só posso lamentar toda essa demora pra me familiarizar com esses caras.

It's just a flesh wound!
Monty Python and The Holy Grail, como o nome já sugere, parodia a saga de Rei Arthur e seus bravos cavaleiros em busca do Santo Graal. Diferentemente do original, a Inglaterra do filme está repleta de personagens bizarros e marcantes, como o insistente Cavaleiro Negro, a Comuna Anarco-Sindicalista dos camponeses, os terríveis Cavaleiros que dizem Ni, o coelhinho branco assassino, e tantos outros. Seria realmente um exercício longo e repetitivo comentar todas as partes engraçadas de um filme que tem humor até nos créditos iniciais, por isso esse post será mais curto que os demais.  
Para os que não estão familiarizados com Monty Python (o que provavelmente ainda é meu caso), esse filme é uma excelente forma de se começar. O elenco é constantemente reciclado em diversos personagens, que mesmo assim são completamente distintos um do outro, cada um sendo hilário à sua maneira. O melhor de tudo é que é um estilo de humor bem escancarado e universal, sem cair no humor cult e nem no apelativo.

Depois desse ótimo começo, já estou indo atrás dos demais filmes do Monty Python para os meus dias de mau humor.

Nota: 9,0

sábado, 27 de abril de 2013

Filme nº 106: Cosmopolis

Se tem algo que me motivou a não parar de vez com o blog esses dias foi a consciência de fazer justiça aos filmes que tenho assistido ultimamente. Cada um a sua maneira, eu tenho visto filmes que realmente souberam me conquistar desde De Volta para o Futuro. Cosmopolis é um caso estranho no meio desses, porque desde já eu admito que não entendi o filme inteiro. Levando em conta que normalmente é difícil o indivíduo gostar genuinamente de um filme que ele não compreendeu, Cosmopolis parece um mistério até pra mim, que provavelmente não vou conseguir explicar o porquê de ter gostado do filme além do fato dele ter me instigado vagamente. 

My prostate is assymetrical.
Cosmopolis narra um dia singular na vida de Eric Packer (Robert Pattinson), um jovem bilionário que, contra todas as recomendações de sua equipe de segurança, decide cruzar a ilha de Manhattan de limusine no seu dia mais caótico apenas para cortar o cabelo. Durante esse longo e lento trajeto, Packer se encontra com várias pessoas distintas, com quem ele tem todo o tipo de conversa, de trivialidades sexuais até os rumos da economia mundial e questões mais filosóficas.   
Esse é um daqueles filmes que dificilmente dá pra compreender na primeira assistida. Considerando que não vou rever o filme, ao menos não esse ano, eu já me retirei da disputa. Eric Packer não é um cara normal e faz muito pouco esforço para esconder isso no seu discurso e comportamento. Sim, existe muito papo estranho, e a constante troca de interlocutores, com pessoas que simplesmente vão entrando na limusine ou com o próprio Eric saindo dela, dá a impressão de que o roteiro literalmente era escrito de acordo com o que vinha à cabeça do autor. Decorar o nome e a face dos personagens é um esforço vão, pois a maioria deles faz a sua aparição e abandona o filme em definitivo.
Como eu já deixei claro lá atrás, não achei o filme ruim. Pra ser justo, muitos dos diálogos são interessantes, embora o conjunto deles não tenha formado na minha mente nada semelhante a um propósito maior. O ponto mais interessante do filme sem dúvida é o contraste entre a quietude e segurança da limusine de Packer e a anarquia e o caos reinantes no lado de fora; os quais, na maior parte do tempo, são alheios um ao outro. Os poucos pontos de ligeiro conflito entre a limusine e os transeuntes resultam em cenas muito boas, como quando um grupo de manifestantes depreda o exterior da limusine diante da indiferença de Packer e sua companhia. 
Por fim, algo que provavelmente muitos dos que deram 5,2 pro filme no IMDb reclamam é a ausência quase total de emoção no filme, que preferiu centrar-se nos diálogos. Pattinson por si só já não é muito conhecido por sua desenvoltura emocional, mas ele conseguiu interpretar um personagem ainda mais gelado em Cosmopolis. 

A título de curiosidade, as cenas de sexo do filme são horríveis.

Nota: 8,0

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Filme nº 105: The Campaign

Eaí, lembram de mim? Porque, apesar de não parecer, ainda lembro de vocês. Não vou ficar insistindo na velha historinha de que ultimamente tem sido complicado assistir os filmes e atualizar o blog e papapá. To sem tempo outra vez, shit happens. Reflexo dessa minha falta de tempo são os filmes curtinhos que tenho escolhido pra assistir. The Campaign foi um deles, com irresistíveis 85 minutos de duração. Felizmente, os filmes curtos estão abandonando aquela velha tendência de serem uma bela cilada. E o filme de hoje (que na verdade foi de seis dias atrás) confirma essa reviravolta.

Now touch my balls.
Lançado durante a campanha presidencial americana de 2012, The Campaign é uma grande paródia do jogo sujo das campanhas eleitorais dos Estados Unidos, mostrando que eles não perdem em nada pra gente em termos de baixaria. O filme se passa numa pequena cidade da Carolina do Norte, onde o congressista Cam Brady (Will Ferrel) sempre concorreu ao cargo sem adversários. Quando um grupo de empresários enxerga uma oportunidade de lucro através da aprovação de algumas leis, eles decidem financiar a candidatura de Marty Huggins (Zach Gafilianakis), o filho bobão de um empreendedor local. Veterano no jogo sujo, Cam Brady imagina que Marty não será páreo na corrida, mas ele não contava com a inescrupulosidade dos chefes de campanha do seu adversário.
Desde o primeiro trailer que eu vi, já pude imaginar que esse filme seria apelativo. E eu estava certo. Tal como a realidade política americana, o filme é recheado de bizarros escândalos fabricados, reafirmando a tendência dos personagens nojentos do Will Ferrel assim como dos personagens bobões do Zach Gafilianakis. Mas é exatamente pelo fato do jogo político americano ser bizarro que o filme consegue ser uma boa paródia, explorando todos os esteriótipos do americano conservador de classe média e seu pavor por tudo que remeta ligeiramente ao comunismo ou a qualquer intervenção estatal.
Mais uma vez os detalhes ficarão prejudicados por conta do longo tempo que se passou desde que eu assisti o filme. Tudo o que posso dizer é que o filme teve o mérito de me fazer rir em vários momentos, principalmente por conta dos dois protagonistas que, apesar de não ousarem nada, continuam excelentes do jeito que estão acostumados a ser.

Nota: 7,5

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Filme nº 104: Trainspotting

O aperto de atividades pra variar está dificultando a vida desse blog e a vida desse que vos escreve. Com um atraso de cinco filmes em relação ao calendário e de quatro posts em relação aos filmes, cá estou eu na pior fase do projeto. Mas fazer o que, né? O filme de hoje me despertou grande curiosidade desde o primeiro momento em que tomei conhecimento dele. Apesar de não ser muito conhecido, Transpotting possui uma legião de admiradores fiéis mesmo dezessete anos após seu lançamento. Depois de assistir, não foi difícil entender a razão.

Choose a life, choose a job..
Trainspotting conta a história de um grupo de amigos viciados em heroína que vivem nos subúrbios mais imundos de Edimburgo. Renton, o protagonista, decide largar de vez as drogas e tentar começar uma nova vida fora do país depois de uma overdose, mas logo descobre que isso será muito mais difícil do que ele imagina. Além de Renton o bando é formado por Spud, um bobalhão de bom coração; Sick Boy, um fanático por Sean Connery; Begbie, um sociopata violento; e Tommy, um atleta que nunca tocou em drogas. Todas as sinopses que eu conferi inseriam Diane, a namorada pré-adolescente de Renton, dentro desse círculo social, mas ela é personagem de um núcleo distinto (e reduzido).  
É muito difícil dizer do que realmente trata o filme. Assuntos que num momento parecem centrais, em outro já não são. Personagens que parecem importantes uma hora, na outra já não são. Por mais bagunçado que isso soe, Trainspotting faz com que seja um aspecto positivo. A dependência química não domina o enredo por mais gritante que seja, mas oferece os aspectos mais crus e impactantes do filme, pro bem ou pro mal. O filme também se utiliza bastante de alguns recursos metalinguísticos, tais como a cena do banheiro sujo e a cena do bebê no teto, ambas memoráveis. Outro ponto forte é a narração, responsável por produzir, dentre outras coisas, o monólogo inicial do filme.
Pra um filme que não podia se utilizar de elementos como efeitos especiais ou cenários altamente elaborados, Trainspotting trabalha todos os recursos a seu alcance com maestria. A construção de personagens, os diálogos e o enredo em geral constroem um filme insano, imprevisível, chocante e bem humorado ao mesmo tempo, conseguindo ser, de quebra, uma bela história de vida.

Difícil pra mim, só o sotaque de britânico pobre.

Nota: 8,5

sábado, 20 de abril de 2013

Filme nº 103: De Volta Para o Futuro

Se até hoje alguém tinha dúvidas de que do dia 1º de janeiro de 2013 pra trás eu era um completo pária em relação ao cinema, o fato deu nunca ter assistido nenhum filme da trilogia De Volta Para o Futuro com certeza te fará mudar de ideia. É isso mesmo, até poucos dias atrás eu ainda desconhecia as aventuras de Marty McFly para salvar sua própria existência à época que seus pais se conheceram. Já acreditando que o filme seria bom, tudo o que eu fiz foi confirmar a posição de grande clássico que a franquia conquistou.

GREAT SCOTT!
De Volta Para o Futuro narra a história de Marty McFly, um jovem que acidentalmente é enviado trinta anos no passado num DeLorean movido à plutônio inventado pelo seu amigo Dr. Emmett Brown. Ao se dar conta de que está preso no ano de 1955, Marty recorre a um Dr. Emmett Brown trinta anos mais jovem para encontrar um meio de voltar ao ano de 1985. No meio tempo, porém, Marty precisa dar um jeito de consertar sua intromissão acidental no primeiro encontro dos seus pais, tendo que encontrar rapidamente um jeito de fazer com que os dois se apaixonem antes que sua existência seja apagada.
Eu realmente fui muito idiota por ter demorado esse tempo todo pra começar a assistir a franquia. O primeiro filme é uma excelente mistura de boa aventura com comédia ligeiramente inteligente. A recriação da década de 1950 e o contraste desta com o estilo típico dos anos 80 impregnado em Marty é um dos pontos mais divertidos do filme. O enredo, apesar de provavelmente sofrer a rejeição dos xiitas em viagens no tempo, é incrivelmente bem estruturado e divertido, produzindo um final espetacular.
De Volta Para o Futuro também gera uma série de personagens memoráveis, a começar pelo próprio Marty, que conquista facilmente o expectador com seu carisma. Além da excentricidade e dos bordões do Dr. Emmett Brown, temos também os jovens pais de Marty, a assanhada Lorraine (QUE SE APAIXONA PELO PRÓPRIO FILHO), e o fracassado George. Eu poderia (e gostaria de) falar bem mais do filme, se já não tivesse com outros três filmes congestionados na minha memória, esperando pra serem postados aqui. Então infelizmente eu deixei vários detalhes interessantes pra aqueles que tiverem tempo pra assistir.

E espero ver em breve os outros dois filmes da franquia.

Nota: 8,5

Filme nº 102: Paraísos Artificiais

Mais uma vez deixei o cinema nacional de lado sem perceber. Eu sempre tento não me afastar muito dos filmes brasileiros, mas vez ou outra eu me vejo sem opção quando estou em busca de um estilo específico. Reflexo disso é o fato deu ter escolhido esse filme na hora só pela oportunidade de ver a Nathalia Dill pelada (falo mesmo). Como ela já tira a roupa aos 12 minutos de filme, eu achei que seria difícil arrumar um motivo pra continuar assistindo. Mas ele acabou aparecendo (ela fica pelada de novo).

Uma história de amor e êxtase (êxtase no caso é a bala)
Paraísos Artificiais conta a história de Érika (Nathalia Dill, hermosa) uma DJ cuja carreira está começando a decolar em Amsterdã. Lá, ela reencontra Nando, um personagem de seu passado com quem ela viveu intensos momentos. Apaixonados, cada um deles tem seus próprios fantasmas do passado que ainda afetam o curso de suas vidas, e tudo remete ao festival de música no qual eles se encontraram pela primeira vez. O enredo é contado através de três perspectivas não-lineares, a primeira mostrando o festival de música no Brasil, a segunda mostrando o reencontro do casal em Amsterdã e a terceira mostrando o desfecho geral da história.
Apesar dos belos cenários e da trilha sonora legal, Paraísos Artificiais é dominado por diálogos rasos, personagens chatos, atuações limitadas e raves babacas. O papel atribuído ao LSD, ao êxtase, aos cogumelos e a um apanhado de bad trips é um pouco irritante. O desenrolar de algumas coisas também me pareceu terrivelmente previsível em certos momentos.
Quando eu pensei que o filme ia terminar, e terminar mal, a história se estende de uma maneira que fez com que a experiência como um todo valesse a pena. Pois é, normalmente um bom final faz um bom filme. Apesar de todos os problemas que eu citei ali atrás, o enredo de Paraísos Artificiais até que é interessante, desenhando ao fim do filme um panorama que eu não esperava ver. Pra finalizar, num filme com a quantidade de cenas de sexo como esse, é relevante comentar que todas elas fizeram um excelente trabalho na combinação de elementos tais como a iluminação, a trilha sonora e os peitos da Nathalia Dill.

Nota: 7,0

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Filme nº 101: O Corvo

Eis um filme que deve ser mais famoso pelas lendas urbanas que protagoniza do que pelos seus elementos cinematográficos. Acho que todo mundo já ouviu falar d'O Corvo por conta da tragédia que matou Brandon Lee, o ator principal, ainda durante as filmagens. Mas como será o filme por trás disso tudo? Com essa dúvida na cabeça, decidi investigar o destino de Eric Draven em vez de me contentar em saber apenas qual foi o destino de Brandon Lee.

Victims: aren't we all?
O Corvo se passa numa sombria e distópica versão da cidade de Detroid, na qual, às vésperas do Halloween (na chamada Devil's Night), o guitarrista Eric Draven e sua noiva são brutalmente assassinados um dia antes do seu casamento por um bando de criminosos que domina a cidade. Com a alma atormentada pelo crime terrível, Eric é trazido de volta ao mundo dos vivos um ano depois pelo mesmo corvo que levou sua alma para o mundo dos mortos. Com a ajuda dele e de seu corpo fechado, Eric se vingará dos assassinos um por um, o que acaba chamando a atenção do chefão do crime na cidade, que empreenderá uma caça ao tal vigilante misterioso, não demorando a descobrir seu ponto fraco.
Não estou familiarizado com a breve carreira do Brandon Lee, mas é a sua grande performance que faz o filme valer a pena, eternizando o personagem Eric Draven não só pela tragédia. E falando nela, é realmente aterrador que, de todos os tiros disparados durante o filme e contra o protagonista, Brandon Lee tenha morrido com o mesmo tiro que matou Eric Draven (o incidente com Lee ocorreu a oito dias do fim das filmagens, quando eles estavam gravando cenas dos flashbacks da noite do assassinato).
Coincidências assustadoras à parte, O Corvo é visualmente um filme bem feio. Não por fazer parte de uma corrente de filmes 'góticos' que eram bem frequentes no começo dos anos 90, mas sim por conta de um provável trabalho deficiente de pós produção, que resultou num punhado de momentos estranhos e mal feitos. Não sei como foi terminar um filme no qual o ator principal morreu, mas a pós-produção realmente pareceu pouco cuidadosa.
O enredo também tem seus probleminhas. Embora seja sempre um problema apontar isso em adaptações de obras que você não conhece, o enredo não explora o fato de Eric ser um músico-guitarrista-rockeiro em momento algum além de uma estranha cena onde ele toca guitarra no telhado do seu apartamento. Sua metamorfose de um homem desorientado e recém-saído da cova para um homem ciente de seus objetivos que repentinamente pinta o rosto de preto e branco é bem estranha. Os demais personagens, tanto aliados como inimigos, são bem inexpressivos ao longo do filme, alguns sendo até irrelevantes.

Apesar dos pesares, Eric Draven continua sendo um personagem muito digno para a atuação final de Brandon Lee.

Nota: 6,5

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Filme nº 100: O Retrato de Dorian Gray

E finalmente chego ao centésimo filme do ano! Quando comecei o primeiro filme, assim como quando comecei o primeiro post, eu não imaginaria que ia conseguir chegar longe (e continuo assim, acho que dificilmente chego aos 150, vamos pagar pra ver), e cá estou. Para ocupar o lugar nº 100 da minha lista, eu queria um filme mais significativo. Apesar dessa versão de 2009 não ser exatamente um grande clássico dos cinemas, ela é uma adaptação de um grande clássico da literatura que ainda não tive o prazer de ler. A estória, como eu já antecipava, me agradou muito; foi o filme em si que me surpreendeu. Por curtir cada detalhe, não poderia haver escolha melhor que essa para meu centésimo filme. Créditos à delefofa Maria Virgínia pela indicação.

He'll always look like that. You, Mr. Gray, I'm afraid will not.
O Retrato de Dorian Gray, aclamada obra de Oscar Wilde cujo enredo creio que todo mundo já deva conhecer ao menos por alto, conta a história de um jovem belo e ingênuo que acaba de chegar em Londres para receber os bens herdados pela família. Incluído quase automaticamente no alto círculo social londrino por sua beleza e recém adquirida riqueza, Dorian aos poucos é induzido pelo aristocrata Henry Wotton a adotar um estilo de vida dominado pela devassidão e intensidade, transformando-se num homem depravado, imoral, narcisista, perverso e violento sem no entanto sofrer qualquer consequência física e espiritual pelo seu estilo de vida, as quais, num pouco explicado pacto sobrenatural, são todas transferidas para seu retrato, que acaba representando sua alma cada vez mais podre.
Como mencionei, o filme realmente me agradou bastante. Os personagens são todos marcantes e muito bem interpretados. A fotografia, a trilha sonora, os cenários, o figurino e a retratação do espírito das épocas nas quais a estória se passa são todos produzidos de forma impecável. Essa adaptação ainda ousou inserir a segunda parte do enredo às vésperas da Primeira Guerra Mundial, o que, apesar de não conhecer o livro de Wilde, eu posso chutar que não consta na obra original (até porque Wilde morreu em 1900 e etc). O filme também não poupa o expectador da devassidão extrema que é a vida de Dorian Gray, o qual mergulha numa rotina de obsessão por orgias pansexuais (sim, ele beija rapazes, vários) e atos de violência.
Minhas únicas ressalvas vão para o papel confuso que Henry exerce dentro do filme, no qual há a impressão de que ele está diretamente ligado ao pacto que Dorian faz com o próprio retrato, mesmo que no fim do filme ele fique perplexo com a juventude de Dorian como todos os outros. Mas acho que isso pode ser resolvido com a leitura do livro, algo que pretendo fazer. Por último, e bem menos importante, os amores nascidos dentro do filme (bem poucos, eu sei), são todos bem repentinos e mal trabalhados, principalmente a paixão existente entre Dorian e Emily. 

Alcançada a meta inicial dos 100 filmes, cada post feito a partir desse já pode ser considerado uma vitória pra mim.

Nota: 10

terça-feira, 16 de abril de 2013

Filme nº 99: A Fonte da Vida

Quando assisti esse filme, há alguns dias, estava concluindo uma fase de escolhas meio estranhas e que nem sempre davam certo. Durante essa fase foi difícil sintonizar o filme com meu estado de espírito, o que pra mim é importante. A Fonte da Vida -bom nome em português para The Fountain- foi um filme que gerou 'mixed reviews' da minha parte. Se, por um lado, ele é abstrato e até um pouco monótono; por outro ele possui um enredo excelente e um desenrolar incrivelmente belo.

O final vale pelo filme todo
A Fonte da Vida conta três histórias paralelas que, apesar da grande distância temporal entre elas, estão intimamente conectadas. No ano de 2005, o cirurgião Tommy Creo (Hugh Jackman) está prestes a perder  sua esposa Izzy (Rachel Weisz) para uma grave doença. Enquanto ela já se encontra em paz com seu destino e implora pra que os dois aproveitem o tempo que lhes restam, Tommy se mantém focado na busca por uma cura. Durante seus dias finais, Izzy escreve um livro sobre um conquistador espanhol do século XVI chamado Tomás Creo (Van Helsing), o qual vai até o coração da civilização Maia em busca da Árvore da Vida para salvar seu reino da Inquisição. A última história se passa em 2500, quando o astronauta Tom Creo (Wolverine) viaja pelo espaço numa espécie de biosfera com a Árvore da Vida em busca de uma estrela Maia que está prestes a 'morrer'.
O filme realmente é muito bonito e seu roteiro é bastante original. Hugh Jackman deixa toda a memória do Wolverine de lado e faz uma atuação incrível, principalmente na pele do astronauta solitário. A fotografia por todo o filme é espetacular, mas o destaque vai para os quinze minutos finais do filme, que são absolutamente estonteantes aos olhos e à mente. Apesar do certo surrealismo e da não-linearidade com que as três histórias são mostradas, a estrutura não é difícil de compreender e a mensagem espiritual acerca da fragilidade e da infinitude da existência é bastante clara. 
Apesar de tudo, não foi fácil acompanhar o filme por conta de uma certa monotonia com os acontecimentos. Sim, dormi no filme, confesso. Mas enfim. Como amante da História, eu não poderia deixar de ser chato com a forma completamente irrealista com que a Espanha foi retratada no filme (pra começar que à época ainda não havia um reino da Espanha), sendo um reino exótico e dominado por uma sangrenta Inquisição religiosa, mais poderosa que a própria rainha. Os Maias, por sua vez, eu não sei dizer se foram retratados com alguma fidelidade (não sou familiarizado com a História deles), mas o figurino desse núcleo e a utilização das crenças Maias foram dois ótimos elementos do filme.

Minha escrita está piorando muito, eu sinto.

Nota: 8,5

domingo, 14 de abril de 2013

Filme nº 98: Carnage

Ainda tentando recuperar o atraso entre minhas postagens e meus filmes assistidos, o post de hoje será sobre o filme que assisti anteontem. Atraído por uma proposta semelhante à do filme Le Prénom, o qual adorei, e também pelo nome de Roman Polanski na direção e Christoph Waltz no elenco; Carnage, adaptação de uma peça de teatro homônima (cujo nome em português, Deus da Carnificina, por incrível que pareça faz mais sentido) me pareceu ser um filme sem chance de dar errado. Infelizmente não foi bem assim.

Resolvamos isso de forma civilizada
Carnage conta a história de dois casais que se reúnem na tentativa de resolver civilizadamente uma briga ocorrida entre seus seus filhos. Penelope (Jodie Foster) e Michael (John C. Reilly) Longstreet, pais do pequeno Ethan, o atacado, formam um casal que aparentemente acredita na justiça e na possibilidade de resolver a situação através do diálogo; sendo ele um irremediável conciliador e ela uma defensora ferrenha dos direitos humanos. Já Nancy (Kate Winslet) e Alan (Christoph Waltz) Cowan, pais do pequeno Zachary, o atacante, são o típico moderno que raramente tem tempo pra essas coisas; sendo ele um advogado que não consegue se separar do celular e ela uma vítima constante do estresse. Conforme a possibilidade de uma resolução civilizada vai se esvaindo, os quatro aos poucos vão se envolvendo numa grande briga na qual eles logo se mostram tão infantis quanto seus filhos.
Eu realmente sou um grande fã de filmes que apostam tudo no bom diálogo e no bom roteiro, sem depender de grandes recursos visuais (ou mesmo sem possuí-los) para prender o expectador. A dinâmica dos quatro protagonistas é bem interessante, já que eles possuem variadas sub-divisões, como por exemplo a já esperada divisão de casais, a divisão entre sexos e a divisão entre opiniões. A catatônica personagem de Jodie Foster chega a dar medo do risco de vermos uma artéria estourando em seu pescoço. As constantes e irritantes interrupções do celular de Alan Cowan também são um ponto alto do filme. 
Mas, pra quem já assistiu filmes como Le Prénom, é difícil dar uma avaliação muito alta pra Carnage, que possui um diálogo menos natural e divertido que o do filme francês. Mas eu sei que não posso e nem devo avaliar um filme tendo outro filme completamente não-relacionado como referencial, então vou me ater aos fatores mais intrínsecos à Carnage. Pra começar o comportamento de alguns personagens evolui de forma meio estranha. Michael, por exemplo perde a cabeça de forma bem rápida e pouco natural. Mais pro final, o álcool se torna um elemento trapaceiro no enredo, que praticamente dá carta branca para o diretor levar os personagens pra onde ele quiser sem muita estrutura. Além do que, o filme basicamente não tem final. Foi meio como se eles não soubessem como estender a discussão ainda mais e decidissem simplesmente jogar os créditos.

Acho que não comecei Polanski com o pé direito.

Nota: 6,5

sábado, 13 de abril de 2013

Filme nº 97: Primer

Esse post será bem curto por uma razão bem simples. Pela segunda vez no ano, fui derrotado pelo filme e saí sem entender nada. Eu meio que já tinha consciência dos alertas de que Primer era um filme que exigia um tantinho de raciocínio e que raramente dava pra ser entendido na primeira vez, mas decidi assistí-lo mesmo assim porque, afinal de contas, era só 1h17min de filme. Sim, eu ainda caio nessa.

Mais uma porrada intelectual que tomo na cara
Primer é uma produção independente de 2004 que conta a história de uma dupla de cientistas que investiu anos de trabalho duro em projetos que, à princípio, não resultaram em nada muito comercializável; até o dia em que construíram uma máquina que apresentava um comportamento peculiar que eles não tinham muita certeza acerca de como poderia ser utilizado (na verdade, nem eu tenho certeza do que to falando, só pra mostrar o nível de confusão que o filme gerou na minha cabeça). No fim das contas, eles descobrem que essa máquina possibilita uma curta viagem no tempo, que acaba despertando em um deles o desejo de retornar constantemente o passado na tentativa de consertar os erros que ele cometeu.
Como eu não entendi o filme, eu basicamente não tenho nada a dizer sobre ele. O elenco não conta com nenhum ator ou atuação de destaque, o texto não produz nada de memorável e o enredo é complicado. De cara, dá pra ver que ele realmente custou menos de 10 mil dólares. 

Acho que é tudo o que eu consigo dizer. Espero que quem venha a se aventurar nesse filme por minha causa tenha mais sorte do que eu na hora de compreendê-lo.

Nota: 6,5

Filme nº 96: Tucker and Dale vs Evil

Olha eu aqui outra vez. Acho que até o momento eu nunca havia ficado tanto tempo sem postar e até mesmo sem ver filmes durante dias em que eu tecnicamente podia fazer isso. Pois é, manter um blog de postagens diárias é difícil e muitas vezes sou atacado pela falta de tempo ou pela falta de disposição ou pelas duas ao mesmo tempo, uma segurando e a outra batendo. Refletindo o tempo da minha ausência, o filme que dá título a esse post foi visto há uns cinco dias. Vamos a ele.

Quem parece vilão e quem parece mocinho?
Tucker and Dale vs Evil é um filme canadense de 2011 que brinca com o tradicional esteriótipo dos filmes de terror nos quais adolescentes loucos por sexo e bebida vão para o meio da floresta passar o fim de semana isolados numa cabana, onde eventualmente se encontram na mira de psicopatas. No caso desse filme, os protagonistas não são os adolescentes, mais sim uma dupla de caipiras que, como eles, só quer passar um fim de semana pescando e tomando cerveja. Por conta da aparência não muito amigável da dupla, eles acabam sendo confundidos pelos adolescentes paranoicos com os tais assassinos psicopatas das lendas urbanas. Além disso, uma série de acidentes e mal entendidos acabam contribuindo com essa visão equivocada, fazendo com que os adolescentes se voltem violentamente contra eles numa hilária inversão do esquema vilão e mocinho.
Como eu vi o filme tem quase uma semana, eu já não lembro tão bem assim de certos detalhes que eu costumo apontar. Os dois protagonistas, com ênfase no tímido e ingênuo Dale, sem dúvida são os melhores personagens do filme, visto que os adolescentes obedecem aos esteriótipos de sempre. O filme se sustenta principalmente em cima de um ótimo senso de humor negro, capaz de gerar risadas em cima de uma situação de mortes e carnificina. Por outro lado, o grande antagonista do filme, o jovem atleta líder do grupo, acaba sendo o personagem mais irritante e com a história mais estranha.
É sempre divertido ver a indústria cinematográfica fazendo piada sobre si mesma, tal como visto em The Cabin in The Woods. Enquanto Cabin in the Woods basicamente manteve a estrutura tradicional até o meio do filme, Tucker and Dale inova desde o início priorizando pela visão do 'vilão assassino'. Apesar de original nesse gênero, a ideia não é nova, basta lembrar de Shrek.

Eu sei que o post está uma bosta, é o que acontece quando passo 5 dias sem escrever nada e ainda por cima não consigo me lembrar do filme.

Nota: 8,5

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Filme nº 95: Aura

De vez em quando acontece de ficarmos muito interessados em um filme por conta de uma descrição específica, ou de um trailer, ou mesmo de um comentário alheio. E, ao menos no meu caso, se o filme não corresponde à expectativa específica que me fez ir até ele, por melhor que o filme seja, é impossível conter uma certa frustração com ele. No caso de Aura, filme argentino de 2005, a descrição do enredo como 'A deluded taxidermist plans the perfect crime' mostrada no IMDb me levou a ver o filme com as expectativas erradas. É por essa razão que eu sempre tento assistir um filme sabendo o menos possível. Enfim, mas já que Aura não pode mais ser salvo, vamos destrinchá-lo um pouquinho.

Taxidermista epiléptico obcecado em cometer um crime perfeito num filme que não se aproveita de nada disso.
El Aura, no original em espanhol, conta a história de um taxidermista (aqueles caras que empalham animais) não nomeado que se encontra obcecado com a ideia da possibilidade de executar um crime perfeito e com sua capacidade em fazê-lo; com o auxílio de sua memória fotográfica e de sua capacidade de planejamento estratégico. Durante uma viagem de caça, o taxidermista acidentalmente mata um homem que fazia parte de um esquema criminoso. Ao se dar conta disso, o taxidermista decide assumir seu lugar, finalmente encontrando a chance de executar o crime perfeito que ele tanto esperou.
O filme realmente possui grande qualidade técnica, contando com um respeitável elenco encabeçado por Ricardo Darín (pros leitores mais veteranos, protagonista de O Segredo dos Seus Olhos). O enredo, no entanto, não me agradou muito, tanto pelas expectativas erradas que estavam impregnadas em mim quanto por fatores mais intrínsecos ao desenrolar dos eventos. Pra começar, foi meio decepcionante pra mim descobrir que o crime perfeito que tanto obcecava o taxidermista não se tratava de um assassinato, mas sim de um assalto, o que, convenhamos, não é tão atraente quanto. Outro aspecto que me frustrou foi o fato de suas habilidades de taxidermista e sua condição de epiléptico (apesar dessa última inspirar o nome do filme) não serem bem exploradas no enredo, sendo meramente um background para o protagonista. Por fim, eu tive a impressão de que o protagonista seria uma espécie de mastermind infalível e sempre no controle da situação, mas acaba que do início ao fim ele não passa de uma vítima das circunstâncias independente do quanto ele tente controlá-las. Mas tudo o que citei é resultado da inadequação das minhas expectativas, e o filme de forma alguma pode ser culpado por isso.
Após eu finalmente ter pleno conhecimento do que eu estava assistindo, ainda restaram certos fatores incômodos. Muitos personagens tiveram uma participação confusa no enredo, sendo incapazes de provar sua relevância dentro dele. O final do filme também não me agradou, apesar do destino do taxidermista me parecer correto. O enredo no fim das contas se revela simples, sem grandes surpresas ou  reviravoltas. 

Portanto esse blog incentiva fortemente a visualização de filmes às cegas, para melhores surpresas (na verdade isso só se aplica à mim, pois vocês precisam ler o que eu escrevo).

Nota: 6,0

domingo, 7 de abril de 2013

Filme nº 93 e 94: The Ladykillers (1955 e 2004)

Esse é um post bastante especial pra mim. Pra quem é um pouco mais familiarizado com minhas preferências, o fato de The Ladykillers ser meu filme preferido não é novidade. Ele ocupava esse cargo desde bem antes do início desse projeto, e fico feliz em ver que, mesmo tendo assistido quase 100 filmes de lá pra cá, isso não mudou. Enfim, por que estou fazendo um post duplo? Bom, minha intenção ontem era apenas assistir o The Ladykillers original de 1955, que inspirou o remake de 2004, e ver afinal se ele era ou não uma boa adaptação. Terminado o filme, eu já estava pronto pra escrever minhas impressões, mas o enredo acabou me dando uma vontade incontrolável de rever a adaptação dos Irmãos Coen pela enésima vez. Já que, apesar de todas as diferenças, os dois filmes tratam da mesma coisa, achei que seria interessante criar um post duplo comparando um com o outro.

Em 1955, temos Professor Marcus, Mr. Lawson, Mr. Robinson, Major Courtney e Mr. Harvey...
...e em 2004, temos o General, Gawain MacSam, Lump, Garth Pancake e o Professor G.H. Dorr.
O enredo geral de ambos os filmes conta a história de um grupo de ladrões liderados por um tipo excêntrico com títulos acadêmicos que utiliza o quarto alugado por uma idosa aparentemente inofensiva como quartel general de um ambicioso assalto a ser executado nas proximidades da casa. Para disfarçar a operação aos olhos da velhinha, o bando se passa por entusiastas de música clássica (ou renascentista, no caso do remake) que precisam se reunir constantemente para ensaiar. Feito o assalto, o grupo acaba sendo flagrado pela inocente senhora, e assim é ingenuamente coagido por ela a se entregar à polícia. Fingindo estar de acordo com as condições da pobre velhinha para ganhar tempo, os ladrões passam a tramar seu assassinato, o qual acaba se revelando muito mais difícil do que aparenta.
Agora vamos às particularidades. O original de 1955 se passa na cinzenta cidade de Londres, mais especificamente nos arredores da estação ferroviária de King's Cross, onde ocorre o assalto. O adversário inesperadamente formidável dos criminosos é a senhora Louisa Wilberforce, uma viúva octogenária baixinha, ingênua e com um incorruptível senso de justiça, o que a faz ir à polícia quase diariamente para reportar a menor das perturbações. Suas únicas companhias até a chegada do bando em sua casa são seus três papagaios temperamentais. Sem se dar conta, ela é utilizada na execução do assalto e isso acaba sendo usado contra ela no momento em que os ladrões são descobertos. 
Já no filme de 2004, a história se passa numa cidade não mencionada do Mississipi, e o alvo dos assaltantes é o cofre de um cassino flutuante. Ao contrário do original, a casa alugada pelos ladrões é um elemento chave do plano, pois é a partir dela que eles constroem um túnel até o cassino. A dona da casa é a senhora Marva Munson, uma viúva altamente religiosa com uma personalidade diametralmente oposta à da senhora Wilberforce, com exceção da ingenuidade e das constantes idas à polícia para alimentar seu senso de justiça. No lugar do trio de aves, ela possui um gato fujão chamado Picles. Sem nenhum medo em dar puxões de orelha e tapas na cara, a senhora Munson não é pressionada em momento algum pelo bando do Professor Dorr, permanecendo firme o tempo inteiro na insistência pela devolução do dinheiro.
Eu realmente gostei muito do filme original, mas o remake continuou sendo o meu preferido por inúmeras razões. A começar pela magnífica trilha sonora, que quase não existe no de 1955. O remake faz uma improvável mistura da música gospel do sul dos Estados Unidos com música renascentista, Blues e Hip-Hop, chegando a ter cenas com todos os estilos ao mesmo tempo. Outro ponto importante são os personagens, em especial o bando de assaltantes, que no filme de 2004 são muito mais trabalhados e diversificados pelo fato de nenhum deles ser um ladrão de carreira, enquanto no original todos são ladrões e possuem mais ou menos as mesmas características. A presença espiritual do falecido marido da senhora Munson, encarnada no seu retrato na sala de estar, exerce um peso considerável nas decisões morais dela, enquanto que o falecido marido da senhora Wilberforce não tem qualquer influência no filme. O remake também tem a seu favor o carisma de Tom Hanks, que na pele do erudito G.H. Dorr se utiliza sempre de um vocabulário rebuscado, além das inúmeras recitações de Edgar Allan Poe. A fotografia do filme também se destaca com seus constantes tons pasteis, enquanto o original é todo cinza e dominado pela fumaça dos trens à vapor. Por fim, o sotaque sulista e a religiosidade da trilha sonora e da senhora Munson são dois fatores imprescindíveis à personalidade do filme.
Pra ser justo, um ponto negativo do remake é a quantidade de palavrões que ele possui. Não sou tão ridiculamente conservador a ponto de negativar um filme por isso, mas não acrescentou nada em relação ao original. O personagem de Marlon Wayans também mancha consideravelmente o elenco. Fora isso, o remake não deve nada ao filme que o inspirou.

Eu vi que o post ficou enorme, e peço desculpas. Mas, se tratando do meu filme preferido, acho que eu não poderia fazer diferente.

Notas: 8,0 e 10

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Filme nº 92: O Iluminado

Eis um filme que eu queria assistir havia bastante tempo. O Iluminado sempre foi um desses clássicos dos quais eu nunca duvidei da qualidade, mesmo sem ter assistido (não é uma lista muito extensa, mas Kubrick aparece mais de uma vez nela). Se não o fiz antes, foi só por falta de tempo ou de um certo preparo mental pra assistir. Julguei que ontem eu estava em posse dos dois (mesmo não estando verdadeiramente em posse do tempo, mas a gente sempre dá um jeito), e finalmente botei essa obra prima do terror e do suspense pra rodar.

Come and play with us, Danny.
Baseado no livro homônimo de Stephen King, O Iluminado narra a história de uma família comum cujo patriarca aceita o cargo de zelador do distante hotel Overlook durante o inverno atraído pela oportunidade de paz e isolamento por cinco meses para impulsionar o progresso no livro que vem escrevendo. Há dez anos atrás, no entanto, o isolamento do hotel fez com que um homem exercendo a mesma função assassinasse a própria família para se suicidar em seguida, mas Jack ignora o ocorrido. Seu filho Danny, por sua vez, além do amigo imaginário Tony, possui também uma estranha habilidade telepática que, dentre outras coisas, permite que ele enxergue o futuro próximo e o passado distante, fazendo com que ele entre em contato com os episódios sombrios ocorridos no hotel, e com os que estão pra ocorrer. 
Provavelmente o aspecto mais marcante não só d'O Iluminado, mas de todas as obras de Kubrick, são suas trilhas sonoras poderosíssimas em produzir suspense, presente mesmo em filmes que não são exatamente de terror, tipo Laranja Mecânica. Em O Iluminado, ela é absolutamente indispensável. Sério. Sem sua trilha sonora visceral, o filme poderia facilmente ser confundido com uma comédia romântica. Se o áudio é responsável por 70% do clima de horror do filme, Jack Nicholson fica responsável por 20% dele. O aspirante a escritor é capaz de roubar todas as cenas com sua gradual caminhada à psicopatia, dando um espetáculo de atuação nos momentos finais enquanto corre loucamente pelo Overlook com seu machado de incêndio. Os 10% restantes ficam com os movimentos de câmera, com closes oportunos e trocas rápidas de imagens, algo que já não se vê mais hoje em dia.
Além da inegável qualidade técnica, O Iluminado também é berço de inúmeras cenas imortalizadas no cinema, como o encontro de Danny com as assustadoras (e feiosíssimas) irmãs Grady e a clássica cena na qual Jack destrói a porta com o machado e coloca a cara dentro do buraco apenas pra soltar o histórico 'HERE'S JOHNNY', pro desespero da sua esposa. Wendy, aliás, de tão feia acaba sendo parte dos elementos assustadores do filme, com suas caras de terror (há de se considerar a hipótese de que Jack enlouquece devido ao fato de estar casado com uma mulher tão feia).
Lendo algumas coisas a respeito do filme, descobri que ele possui inúmeras incongruências com o livro no qual ele se baseia , a ponto de gerar críticas negativas do próprio Stephen King. Bom, eu nunca li O Iluminado, mas posso afirmar que no fim das contas isso não importa, pois o filme ganhou vida própria.

Filme obrigatório pra quem curte terror.

Nota: 10

Filme nº 91: O Ataque dos Vermes Malditos

Não é só de filmes cults e consagrados pela crítica que vive o entusiasta da sétima arte. Os filmes de fim de semana ou mesmo aqueles que não passam de uma desculpa pra encher a boca de pipoca, na minha opinião, podem valer seu tempo tanto quanto um Godard ou um Bergman (é claro, se for um BOM filme de fim de semana, visto que essa categoria obviamente não está livre dos filmes péssimos). O Ataque dos Vermes Malditos, nome bem mais emocionante que o original 'Tremors', é o típico filme de Cinema em Casa (sim, existe uma singela diferença entre os filmes de Sessão da Tarde e os de Cinema em Casa) que prova que o trash também ama.   

Uma das poucas imagens decentes dos 'Graboids' que encontrei
O enredo é simples: uma isolada vila no meio do deserto em Nevada começa a apresentar um estranho tipo de atividade sísmica, o que acaba atraindo uma estudante de geologia para monitorar os arredores. Enquanto isso, Val e Earl (Kevin Bacon e Fred Ward), uma inseparável dupla que presta todo tipo de serviço pelas redondezas, acabam se deparando com uma série de mortes inexplicáveis que deixam a pequena vila de Perfection em alerta. Mal sabem eles, no entanto, que os responsáveis por essas mortes são um grupo de vermes gigantes pré-históricos subterrâneos (risos) que estão à caminho de Perfection em busca de mais alimento.
O Ataque dos Vermes Malditos não chega a ser um filme de terror e tampouco cai na categoria de comédia trash escrachada. Eu diria que ele soube dosar ambos sem exageros, acrescentando ainda elementos de ação. Seus personagens, especialmente a dupla protagonista, possuem características marcantes e distintas que nos fazem torcer pela sobrevivência deles (algo que, ao menos comigo, não acontece com frequência, pois estou sempre na Team Monster). A criatura do filme, batizada de Graboid, se mostra um adversário respeitável, sendo mortalmente agressiva ao mesmo tempo em que é paciente e até mesmo esperta.
O filme acabou se consagrando, tornando-se uma franquia com outras três sequências (a praga do cinema pop) que talvez eu venha a assistir algum dia. É fácil entender o sucesso da ideia, visto que é realmente divertido dar um significado completamente novo àquela brincadeira de 'o chão é lava', ilhando os personagens em telhados e rochedos e transformando a terra firme numa zona mortal.

Cuidado onde pisa.

Nota: 8,0

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Filme nº 90: Annie Hall

Uma das coisas que mais gosto de fazer dentro desse meu projeto é dar uma de Mythbuster e tentar descobrir o que é hypado e overrated no meio das coisas que todo mundo idolatra. Cedo ou tarde eu teria que me deparar com Woody Allen, que é meio que unânime no grande público. Pois é, esse é o meu primeiro contato com a obra dele, seja como diretor seja como ator (na verdade eu nem sei se ele chega a fazer um separado do outro). E, felizmente, vou ter que guardar meu carimbinho de 'MYTH BUSTED' pra outra ocasião, porque eu acabei gostando muito. 

I lurve you, I loave you, I luff you
Traduzido no Brasil como 'Noivo Neurótico, Noiva Nervosa' (o que não faz o menor sentido visto que eles sequer são noivos), Annie Hall narra o relacionamento do comediante novaiorquino Alvy Singer com a mulher que dá nome ao filme numa retratação não-linear que vai do dia em que eles se conheceram até a separação. O que provavelmente diferencia esse casal dos demais é o caráter extremamente neurótico de Alvy, interpretado pelo próprio Woody Allen, um homem repleto de manias e chatices que ainda assim surpreendentemente chama a atenção de mulheres atraentes como Annie Hall. Ela, por sua vez, começa o relacionamento como uma mulher insegura, não muito inteligente e até meio caipira, algo que Alvy procura consertar no decorrer da relação e, exatamente por conseguir, acaba perdendo-a.
Vendo esse filme, deu pra entender a razão pela qual a maioria das pessoas gosta do Woody Allen. Ele consegue ser engraçado tanto como ator quanto como diretor, capaz de oferecer ao mesmo tempo um texto engraçado e uma interpretação dele mais engraçada ainda. Tá que o jeito e a voz do seu personagem são bem cansativos, mas ele possui uma forma muito interessante de enxergar o mundo.
Outro ponto que gostei muito foi o constante rompimento da quarta parede, algo que não se vê muito no cinema. Além dos momentos em que Alvy se dirige diretamente ao expectador, existem também os momentos em que a realidade do filme é quebrada, como na (provavelmente) clássica cena onde o casal está na fila do cinema e os comentários do homem atrás deles acerca de determinado diretor incomoda Alvy à ponto dele caminhar pra fora da cena e buscar o diretor em pessoa para refutar o sujeito.
Annie Hall, além de um bom exemplo de comédia e de narrativa original, também não se esquece de ser uma boa história de amor, ainda que ele não tenha dado certo no fim. Aliás, é exatamente por conta da finitude desse relacionamento que o filme não perde a sobriedade e a inteligência pessimista característica de Woody Allen (e eu digo isso baseado na minha longuíssima experiência de 01 filmes dele).

Nota: 9,0

Filme nº 89: Veneza

Pela segunda vez no ano (e provavelmente na vida), escolhi um filme polonês para, dentre outras coisas, manter o contato com o idioma. Diferentemente da primeira vez, onde os riscos pareciam muito altos com uma superprodução de guerra repleta de notas baixas de um país sem tradição para filmes do gênero; o filme de hoje, abordando o tema tradicional da Segunda Guerra sob perspectivas infantis, parecia quase garantido como algo realmente bom. Também diferentemente da primeira vez, o filme se revelou exatamente o contrário das expectativas. Mas, no caso de Wenecja (título original em polonês), isso não foi bom.

Marek, à caráter, e os nazistas
Veneza conta a história de Marek, um garoto que vive longe dos pais num colégio interno católico, contando os dias para a chegada das férias, nas quais ele espera realizar seu maior sonho: conhecer Veneza. No entanto, com a invasão da Polônia e o início na Segunda Guerra Mundial, ele acaba tendo que viver na casa de suas tias da zona rural para tentar escapar do conflito. Lá, além de conhecer as primas que despertarão seus primeiros desejos amorosos, ele se depara com o porão da casa completamente alagado por conta de uma falha nos encanamentos. Com o agravamento da guerra e da pressão psicológica que os ataques aéreos alemães exercem sobre todos, Marek decide construir ali sua própria versão da cidade de Veneza, na qual a família encontrará um refúgio dos horrores da invasão. 
O filme possui inúmeros bons atributos, tais como a excelente fotografia e a trilha sonora bem trabalhada, além do sucesso em reconstituir a Polônia rural do fim dos anos 30 através dos cenários e do figurino. Outro aspecto positivo são as cenas dos ataques aéreos alemães em cima das desorganizadas tropas polonesas, transmitindo com competência o terror que o som dos motores dos aviões trazem a todos que estão no solo.
No entanto, duas coisas acabaram sendo muito frustrantes ao longo do filme. Em primeiro lugar, os personagens pouco trabalhados. Não bastasse sairmos do filme sabendo muito pouco a respeito de Marek além do fato deste sonhar em visitar Veneza, ainda existe ao menos uma dúzia de personagens da sua família  cujo papel não fica claro ao longo do filme. Não raro eu me deparava com um personagem em cena que eu sequer sabia quem era. Outro aspecto negativo é o elemento que dá nome ao filme ter uma presença incrivelmente reduzida e pouco importante dentro dele. A Veneza de Marek é pouco explorada além de algumas cenas de transição e certas reuniões familiares, e não parece ser exatamente essencial para a vida de ninguém.

A qualidade visual do filme é inegável, mas ele acaba sendo meio enganador no enredo.  

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Filme nº 88: The Good, The Bad, The Weird

Sabe aqueles filmes que no momento em que você bate o olho dá uma vontade enorme de assistir? Às vezes acaba nem sendo grandes coisa ou mesmo algo bem distante da expectativa que você construiu, mas não importa, há de se admitir que são poucos os filmes que possuem esse apelo tão imediato. Quando durante uma das minhas andanças pelo IMDb eu descobri a existência desse faroeste coreano, meu desejo foi de baixar e assistir na mesma hora, o que não foi possível graças às duas horas e quinze de duração num período em que eu não tinha tempo pra nada. Bom, ontem tecnicamente eu também não tinha tempo pra assistir, mas foda-se, não dava mais pra adiar. 

O emancipacionista justiceiro, o ladrão atrapalhado e o mercenário inescrupuloso (e gay)
À primeira vista, a ideia de um faroeste na Ásia dos anos 30 me parecia absurda e inconcebível. Até ler sobre esse enredo. The Good, The Bad, The Weird (ridiculamente traduzido para o português como 'Os Invencíveis')  numa clara referência ao filme quase homônimo estrelado por Clint Eastwood, narra a história de três coreanos (dois mercenários e um ladrão) e da disputa que eles travam pela posse de um suposto mapa do tesouro roubado de um trem japonês no meio do deserto da Manchúria. Além deles, há ainda inúmeros bandidos chineses, militantes pela independência da Coreia e todo o exército japonês à procura desse tesouro.
O filme é realmente divertido e repleto de ação, oferecendo uma experiência diferente e interessante para os que não são tão familiarizados com o cinema coreano ou mesmo o asiático. O filme não decepciona como faroeste, mostrando assaltos à trens à vapor no meio do deserto, perseguições à cavalo e muito tiroteio. A retratação da época seja nos figurinos seja nos veículos e armas é incrível. A trilha sonora também é muito boa, misturando o estilo faroeste com as melodias orientais. No mais, o andamento do enredo não me agradou tanto assim, e também achei o final meio frustrante. Mesmo assim, valeu o tempo que eu não tinha.
Como a maioria dos filmes repletos de tiroteio, esse usa e abusa de dois elementos: 1- a munição nunca acaba, exceto nos momentos em que isso sirva pra acrescentar tensão à cena ou pra incitar uma luta braçal ou de facas; 2- em diversos momentos, ninguém acerta nenhum tiro independente da facilidade em acertar o alvo, especialmente se ele for um personagem importante (a cena da perseguição no deserto é um exemplo absurdo disso, onde nenhum das milhares de homens à cavalo ou de carro conseguia acertar um tiro no Tae-Goo andando de moto).
Apesar de não evocar um protagonista descaradamente, o personagem que mais se destaca no filme é Yoon Tae-Goo (the Weird), responsável pela maior parte das cenas de humor. Park Do-Woon (the Good), acaba sendo o mais sem graça dos três por ser sério demais pra provocar risadas e bom demais pra sair atirando nas pessoas indiscriminadamente. Por fim, temos Park Chang-Yi (the Bad), que é um vilão realmente cruel porém dotado daquela estranha macheza asiática que o faz ficar muito gay (só pra dar uma noção, ele usa franja em cima do olho). Como não poderia deixar de ser, os três terminam o filme no clássico porém sempre tenso Mexican Standoff, cujo resultado eu reservo para aqueles que se interessarem em assistir.

Não é um filme nota 10, mas vale a experiência. 

terça-feira, 2 de abril de 2013

Filme nº 87: The Royal Tenenbaums

Foi apenas esse ano que ouvi pela primeira vez na vida o nome de Wes Anderson pela boca do meu amigo Luiz Fernando. Não chega a ser surpreendente, visto que, agora que sei, passo a fazer parte de uma minoria. O que é uma pena. The Royal Tenenbaums não foi o primeiro filme de Wes Anderson que assisti esse ano e sem dúvida não será o último, mas a estreia desse diretor aqui no blog até que será emblemática (não tanto quanto seria com Moonrise Kingdom, visto dois dias antes de criar esse blog, mas segue sendo um ótimo exemplo do estilo dele).

You are invited to a remarkable family gathering
The Royal Tenenbaums (traduzido no Brasil como Os Excêntricos Tenenbaums, o que pode ser enganador) conta a peculiar história da família Tenenbaum, cuja principal característica no início era o caráter prodígio dos seus três filhos: Chas (Ben Stiller), um gênio precoce das finanças; Ritchie (Luke Wilson), um tenista talentoso; e Margot (Gwyneth Paltrow), dramaturga e filha adotiva. Quando o patriarca da família, Royal (Gene Hackman), se retira permanentemente da vida dos filhos após um divórcio não oficial com Etheline (Angelica Houston), cada um vai desenvolvendo seu próprio transtorno. Chas torna-se um pai super-protetor e paranoico após a morte de sua esposa num acidente aéreo, além de guardar um grande rancor do pai; Margot abandona o teatro e embarca numa série de fugas e casamentos impulsivos; e Ritchie acaba se encontrando apaixonado pela própria irmã. Ao descobrir que Etheline planeja se casar com Henry (Danny Glover), o contador da família, Royal inventa uma doença terminal como pretexto para reunir sua família despedaçada e tentar retomá-la para si.
Como todo filme de Wes Anderson, The Royal Tenenbaums possui fotografia e trilha sonora bem característicos, além de uma série de idiossincrasias absurdas como os hamsters dálmatas e a Companhia de Taxis Ciganos. O elenco também é um ponte fortíssimo do filme, como já deu pra ver nos personagens citados. Também é válido mencionar as participações de Bill Murray como o neurologista Raleigh, atual marido de Margot (porém trinta anos mais velho), e de Owen Wilson como Eli Cash, o vizinho e amigo da família que torna-se um escritor com boas vendas porém muito sensível à crítica.
The Royal Tenenbaums tem tudo pra virar um filme de estimação, principalmente o fato de ter inspirado um dos meus seriados favoritos: Arrested Development. Mas ele tem seus problemas. A começar, a grande quantidade de personagens e de bons atores não permitiu que eles se desenvolvessem adequadamente, ficando cada um com uma trajetória bem reduzida e limitada. Muito por conta disso, eu fiquei com a impressão de que o filme não ia pra lugar nenhum, sendo só uma alegoria de personagens excêntricos e com um grande potencial a ser explorado.

Pra quem não é familiarizado com Wes Anderson, esse filme, junto com Moonrise Kingdom, é uma boa forma de começar.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Filme nº 86: 11:14

Ontem retornei de vez ao mundo dos vivos, mas nem deu tempo de ficar feliz pois hoje já comecei meu quinto semestre na UnB e volto a entrar numa situação intermediária. Eu to vendo que meu projeto de ver um filme por dia se elevará ao status de desafio, e que esse blog será a primeira vítima de uma eventual falta de tempo a longo prazo (afinal eu só me comprometi a assistir filmes, não a comentá-los rs). Mas enfim. Vamos comentar o filme peculiar que assisti ontem.

Cinco grupos de pessoas ligadas pelos mesmos eventos
11:14 é um filme surpreendentemente desconhecido que narra a noite de inúmeras pessoas que têm suas vidas profundamente afetadas por dois acidentes de trânsito que ocorrem exatamente às 23:14 (11:14 PM, por isso o nome). A história é mostrada gradativamente sob os pontos de vista de cada um dos afetados, desenhando aos poucos a complexa cadeia de eventos na qual eles estão envolvidos. Seus personagens, em ordem de aparição, são: um motorista levemente alcoolizado, três amigos vândalos percorrendo a cidade numa van, um homem que encontra um cadáver perto da sua casa, um cara que tenta simular um assalto na loja em que trabalha e uma garota que está se relacionando com dois caras ao mesmo tempo (sem um saber do outro, obviamente).
O filme apresenta um estilo de filmagem e uma trilha sonora meio diferentes do que eu estou acostumado a ver. Não significa exatamente que sejam bons ou originais, mas é bom dar uma fugidinha do tradicional. O elenco, com exceção de Patrick Swayze (!!!) e Hillary Swank, não me chamou muito a atenção e nem foi nenhum show de interpretação. Seus personagens, sem exceção, irritam pelo nível de burrice nas suas decisões e atitudes. Mas o que realmente importa no filme são seus cinco ótimos mini enredos simultâneos.
Na hora que fui conferir a descrição do filme na Wikipedia, ela o descrevia como 'indie thriller', me fazendo perceber que eu to apelando um pouquinho na hora de escolher filme underground. Não que isso seja ruim, todos eles tem sido ótimos e é bom passar essa sugestão pra quem estiver lendo, mas vou ver se volto a assistir uns filmes mais de ~interesse público~.