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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Filme nº 57: O Homem do Futuro

Hoje eu estava observando minha pasta de filmes e pensando quais deveriam ser as minhas próximas escolhas quando de repente me dei conta de uma falta gravíssima que eu estava cometendo: ONDE DIABOS ESTÃO OS FILMES BRASILEIROS?? Pois é, eu inconscientemente passei 33 dias ignorando completamente o cinema nacional desde que assisti Estômago. A intenção agora é evitar hiatos tão longos quanto esses, e eu conto com as sugestões de quem quer que esteja acompanhando isso aqui. Hoje baixei cinco filmes brasileiros (contando com esse) que me vieram à memória mais rapidamente e que pretendo ver num intervalo de tempo razoável. Introduzindo o Brasil ao blog de forma não muito pomposa, hoje assisti O Homem do Futuro.

Legião Urbana nãããããããão!
O Homem do Futuro conta a estória de Zero (que apesar de ser o nome oficial do personagem, é pouquíssimo usado durante o filme), um cientista incapaz de viver sua vida plenamente por conta dos acontecimentos que o prendem ao passado. Criador de um ambicioso projeto científico que está prestes a perder, ele decide burlar todos os impedimentos legais para provar que seu trabalho irá gerar bons resultados. Ele só não esperava que sua criação o fizesse voltar no tempo, exatamente no dia mais crucial da sua vida, quando ele se tornou uma pessoa amargurada e arrogante. Percebendo a oportunidade, ele decide intervir no curso da História e tentar mudar sua vida para melhor, sem desconfiar que o futuro alternativo que ele oferece a si mesmo possa ser mais trágico do que o de sua vida original.
Sendo o segundo filme de viagens no tempo que assisto num curto espaço de tempo, acho que eu não preciso repetir as coisas que eu aprecio no gênero. A ambientação do ano de 1991 até que foi muito bem feita, ainda que o enredo tenha evitado se colocar em situações que exigissem um cenário muito distinto dos dias de hoje. Já no que tange à coerência temporal, O Homem do Futuro se arrisca muitíssimo mais, chegando a colocar três Wagners Mouras de épocas diferentes na mesma cena, lutando entre si (!!!). Eu francamente não tenho falhas bizonhas para apontar, mas é fato que o enredo dá uma trapaceadinha em determinados momentos, forçando uma ou duas situações.
No mais, a premissa do filme é bastante interessante, propondo-se a encaixar romance em ficção científica, algo não muito comum no cinema brasileiro. Mas premissa não é tudo, visto que o filme de vez em quando se perde no meio dela, nos jogando algumas interpretações mais ou menos, personagens que ficam sobrando e conclusões forçosamente precipitadas. A própria paixão de Helena, personagem de Aline Moraes, por Zero, é meio que construída em cima de lugar nenhum; o que é grave para algo tão central ao enredo. O súbito surto de bom samaritanismo e não-intervencionismo do Zero com roupa de astronauta também não convence em determinados momentos. O enredo em si também não pode ser considerado  muito original, já que o filme é uma fusão entre um Efeito Borboleta com pressa pra terminar e uma Carrie, a Estranha masculina e sem poderes paranormais/instintos assassinos. Isso sem falar do constante uso de Legião Urbana, que pelo amor de Deus.

Bom, mesmo que o Brasil não tenha feito uma estreia muito brilhante aqui no blog, eu sei que ainda existe uma penca de excelentes filmes nacionais que eu preciso -e pretendo- assistir, então estejam preparados pra mais Brasil daqui pra frente.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Filme nº 56: Argo

Apesar de seguir uma linha independente e randômica de filmes, eu não poderia simplesmente ignorar os filmes indicados ao Oscar, especialmente os que venceram. Assim sendo, obviamente que Argo já constava na minha lista (e na minha pasta de downloads) há algum tempo, eu estava apenas esperando a vontade despertar. E com a estatueta de melhor filme, ela acabou despertando.

Nossa melhor ideia ruim
Baseado, embora não totalmente, numa história real, Argo mostra a preparação e execução de um plano de evacuação nada convencional preparado pelo agente da CIA Tony Mendéz para resgatar seis pessoas que haviam conseguido escapar da invasão da embaixada americana em Teerã, no calor da revolução de 1979. Já tendo o patrocínio da realidade, que ofereceu ao filme a improvável e ainda assim espetacular ação de criar um filme falso como desculpa para retirar os seis refugiados do país; Argo ainda foi capaz de contar essa história com maestria, mas sem total fidelidade. Ainda que eu seja um grande entusiasta acerca desses episódios, não tive tempo de ler o que realmente aconteceu para poder comparar com o que o filme deixou de mostrar ou mostrou demais. Mas mesmo sem ter recorrido a isso, eu já pude ver a razão dele ter ganho o Oscar de melhor filme de 2012.
A começar, duas coisas que eu valorizo muito num filme que se propõe a mostrar um determinado contexto histórico num determinado país: capacidade de reproduzir a época e o lugar com competência. E na minha opinião, isso é um ponto fortíssimo em Argo, visto que é quase possível sentir na pele o fervor revolucionário do Irã, responsável por todo o suspense do filme; e o clima de desespero político em Washington.
Também é difícil comentar a retratação de personagens reais sem propriamente ter conhecido tais personagens. Tudo o que posso dizer é que Argo conta com boas atuações por parte de John Goodman (que já havia me chamado a atenção em O Grande Lebowski), Bryan Cranston, e do próprio Ben Affleck; além dos refugiados da embaixada canadense, que souberam se comportar como bons desesperados.

Enfim, eu provavelmente vou demorar muito a assistir todos os filmes que foram destaques nessa última cerimônia do Oscar, isso se eu chegar a assistir. Tudo depende de questões de conveniência e interesse, que raramente ficam do lado desses filmes. Porém, se todos estiverem no patamar de Argo, então existe razão para otimismo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Filme nº 55: Queime Depois de Ler

Acho que um dos gêneros de entretenimento mais divertidos, interessantes e unânimes entre as pessoas são as boas e velhas cadeias de eventos desencadeados que aparentemente não possuem nenhuma ligação entre si, e que vão fazendo sentido aos poucos até que você entenda a situação inteira. Eu sou um grande fã dessa estruturação de enredo, já tendo assistido e adorado filmes como  'Snatch' e 'Lock, Stock and Two Smoking Barrels', do Guy Ritchie; e 'Lucky Number Slevin', cujo diretor não é tão notório assim, mas o filme segue um grande expoente. Ao ver que Queime Depois de Ler se tratava de um trabalho dos irmãos Coen, fiquei curioso e interessado no que estaria por vir.

Provavelmente o trabalho mais engraçado do Brad Pitt
O filme gira em torno de uma série de núcleos diferentes, a começar por Osbourne Cox, um analista da CIA que acaba de ser demitido, dando à sua esposa Katie o pretexto final para pedir o divórcio e poder oficializar sua situação com seu amante Harry, o qual também é um funcionário do governo e também é casado. Do outro lado da história, Linda Litzke é uma funcionária de uma academia na casa dos 40 anos que deseja fazer uma série de cirurgias plásticas para renovar seu visual, sem ter dinheiro para isso; até surgir uma oportunidade aparentemente perfeita de conseguir dinheiro chantageando o dono de um CD room repleto de informações supostamente secretas da CIA, encontrado no vestiário da academia pelo seu colega Chad. 
A cadeia de eventos resultante do encontro desse CD é uma excelente amostra do humor negro dos irmãos Coen, o qual eu já havia visto anteriormente no remake de The Ladykillers, um dos meus filmes preferidos. A atmosfera inicialmente conspiratória do filme acaba desaguando na total falta de significado que os eventos possuem, o que talvez possa soar decepcionante para o espectador, como soou ligeiramente pra mim. Mas isso faz parte do espírito tragicômico do enredo.
Certamente o que mais chama atenção ao filme é o seu elenco, que, dentro outros, conta com John Malkovich (sim, o filme de ontem me levou até esse), George Clooney, J.K. Simmons e Brad Pitt num papel hilariamente retardado. Mas isso não significa que o filme possua grandes ambições, pois não possui. Ele é cruamente simples, malvado e engraçado, terminando abruptamente e sem nenhuma lição aprendida pelos personagens ou pelo expectador.

Não é nada muito genial, mas vale a pena como divertimento.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Filme nº 54: Being John Malkovich

Fiquei encarando a tela do computador durante um bom tempo, pensando o que eu poderia escrever acerca desse filme cujo enredo é um dos mais geniais e inconvencionais que vi não só esse ano como também na minha vida inteira. E todos esses minutos de reflexão provavelmente só me renderam essas cinco linhas iniciais do post, porque ainda está difícil pra mim dizer alguma coisa a respeito do que eu acabei de assistir. Lançado em 1999, Being John Malovich (em português: Quero Ser John Malkovich, também adequado) foi o primeiro filme escrito por Charlie Kaufman, o mesmo que escreveu O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (o qual eu não gostei tanto assim, mas reconheço a excelente estrutura de enredo), um filme mais conhecido do público brasileiro

E se você pudesse ser outra pessoa por 15 minutos?

O filme conta com um enredo no mínimo absurdo: Craig (John Cusack), um fracassado operador de marionetes (uso esse termo por estranheza ao termo titereiro, que aparecia na legenda do filme, e inadequação do termo ventríloquo, que eu queria usar, mas não vou) casado com uma mulher obcecada por animais de estimação chamada Lotte (Cameron Diaz, extremamente descabelada), decide procurar um novo emprego por conta da falta de reconhecimento e rentabilidade do seu talento com os fios das marionetes. Logo ele é contratado como arquivista numa companhia que funciona no 7,5º andar de um edifício, com um teto tão baixo que os funcionários precisam andar curvados. No trabalho, ele se apaixona por uma mulher cruel e manipuladora chamada Maxine, que posteriormente também conquistaria o coração de Lotte. Algum tempo depois, por acidente, ele encontra uma porta secreta que leva a um túnel que o transportaria para dentro da mente do ator John Malkovich por 15 minutos, ejetando-o (hilariamente, todas as vezes) para os arredores de uma estrada depois da experiência. Maravilhado, ele mostra o portal para Lotte e Maxine. A primeira, torna-se obcecada pela experiência e passa a utilizá-la compulsivamente para poder possuir fisicamente Maxine; enquanto a segunda enxerga o túnel como uma oportunidade de lucrar em cima das pessoas que gostariam de ser outras pessoas. No meio disso tudo está o próprio John Malkovich, que logo descobre tudo o que está acontecendo e acaba tornando-se vítima dos três.
À primeira vista, o enredo parece até intransportável para o cinema. Mas ele é feito com incrível maestria, contando com excelentes atuações, personagens secundários com idiossincrasias bizarras, personagens principais profundos; além de um desenvolvimento incomparável com qualquer enredo que eu já tenha visto antes. O enredo também é uma genial exploração metalinguística do próprio ato de ser, abordando o vazio das pessoas comuns e sua vontade de ser momentaneamente alguém que não é, possuindo momentaneamente coisas que não possui.

Na minha opinião, foi uma das coisas mais originais já produzidas por Hollywood, e é uma grande pena que o filme não tenha se tornado um clássico, não sendo tão conhecido tanto pelo público americano quanto pelo brasileiro.

Filme nº 53: Homens de Preto 3

Aos que sentiram falta de uma atualização no blog ontem, se é que vocês existem, mais uma vez eu fui interrompido pela vida universitária (dessa vez eu estava bêbado). Eu até comecei a assistir o filme ontem, mas não teve como ir até o fim, então deixei pra terminar hoje. Como consequência desse longo período em que eu quase não ia ao cinema, acabei perdendo a chance de assistir a terceira parte da franquia MIB junto com o resto do mundo, consertando isso só agora. Eu estava pensando se seria adequado traduzir o nome do filme no título visto que, por conta de uma tradição pleonástica de algumas versões brasileiras, o nome oficial aqui no Brasil é MIB - Homens de Preto. Mas já que a tradução é ok, eu só cortei a desnecessária repetição.  

Agente J e o jovem Agente K na festa do Andy Warhol
No terceiro filme, a ameaça planetária da vez vem de Boris (the Animal), o último sobrevivente da raça alienígena Boglodite, que foi derrotado há 40 anos pelo Agente K e estava na prisão desde então. Conseguindo escapar, Boris planeja voltar no tempo e impedir sua derrota no Cabo Canaveral, matando o Agente K e possibilitando uma maciça invasão dos Boglodites ao planeta Terra; além de evitar que seu braço fosse decepado. Teoricamente, isso deu certo. Pelo menos até o Agente J voltar no tempo um dia antes do ocorrido para impedir tudo.
O filme é bastante divertido, mas não exatamente no sentido de comédia, como os outros. Essa é uma crítica que eu faço sem muita segurança, visto que, se eu assistisse os dois primeiros filmes agora, existiria a possibilidade deu perceber que talvez eu só tenha achado engraçado na época porque eu era criança (esse é o maior dilema dos filmes vistos na infância). De toda forma, o filme fica atrás dos outros por não contar com o Tommy Lee Jones durante a maior parte do tempo, de mostrar um Agente J menos falador, e inexplicavelmente por deixar pra trás o cãozinho Frank.
Além do mais, filmes que se arriscam a retratar viagens no tempo devem sempre estar atentos a dois fatores: 1.o enredo estará sujeito a infinitos furos, então ele deve ser feito de forma muito cuidadosa; 2. seja no passado, seja no futuro, a época alvo para a viagem temporal também deve ser retratada com atenção, e não ser apenas um passado/futuro com roupas diferentes mas com tudo idêntico ao presente. Homens de Preto 3 talvez falhe ligeiramente no primeiro aspecto, e faz um trabalho mais ou menos competente no segundo.
No mais, o filme mantém a franquia no alto. Temos o costumeiro desfile de tipos estranhos, que nos fazem suspeitar que qualquer pessoa que esteja usando um chapéu seja um alienígena; uma excelente trilha sonora e algumas boas atuações, principalmente na incorporação do jovem K por Josh Brolin. Eu espero que, se houver uma quarta sequência, eles não repitam os erros e omissões desse filme. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Filme nº 52: Inteligência Artificial

Acho que todo mundo sempre traz da infância várias lembranças não muito claras acerca de filmes que nós assistimos não muito atentamente, mas mesmo assim carregamos as opiniões do momento pelo resto da vida, seja pra um filme que consideramos bom, seja pra um considerado ruim. É sempre bom rever esses filmes alguns anos depois (nesse caso, 12 anos depois) e poder constatar sob a ótica da sua maturidade se eles realmente eram bons ou ruins, e foi isso que fiz hoje com Inteligência Artificial. 

Uma das caras mais sofridas de Hollywood nos anos 90
O filme se passa num futuro distópico onde o oceano engoliu as principais cidades costeiras do planeta e a humanidade precisou recorrer ao uso de vida artificial para diminuir o consumo de recursos e aumentar a produtividade. A estória começa quando uma das grandes empresas desenvolvedoras de androides, a Cybertronics, decide colocar em teste um projeto de vida artificial capaz de amar. É aí que entra David, a criança robô que passa a viver com a família de um funcionário da Cybertronics, cujo filho biológico encontrava-se em estado vegetativo. David então é programado para amar incondicionalmente sua 'mãe', Monica, que nunca conseguiu se adaptar totalmente com isso. A situação de David torna-se cada vez mais insustentável quando o filho o qual ele substituída recuperou-se de sua condição e voltou pra casa, fazendo com que ele logo fosse abandonado no mundo por sua família. A partir daí, David inicia uma jornada em busca de uma maneira inexistente para tornar-se uma criança real e assim poder retornar para a mãe que ele tanto ama.
Assistir esse filme depois de tanto tempo apenas me fez confirmar que o que ele tem de bom ele tem de triste. Haley Joel Osment realmente sabe incorporar a expressão do coitadismo e da tristeza histérica, assim como fez em O Sexto Sentido (outro filme que me baseio apenas em lembranças distantes). O filme retrata um mundo onde a condição de um ser artificial é ao mesmo tempo necessária e indesejável, fazendo com que eles sejam alvos constantes de abandonos e agressões. Infelizmente, o contexto desse universo é pouco aprofundado, mas esse não era o objetivo do enredo. Outro ponto ligeiramente negativo são alguns poucos furos na estória e uma participação um tanto confusa do personagem de Jude Law que, apesar de carismático, não tem um encaixe muito claro no filme.
Existe, no entanto, algo que eu não consigo entender. Apesar do filme ter sido um sucesso de público e crítica, ele logo foi esquecido, mesmo com todo o potencial para se tornar um clássico. Pouquíssimas pessoas que não tiveram a chance de vê-lo no cinema em 2001 conhecem o filme hoje em dia, e isso é muito estranho. Para os que nunca assistiram, eu recomendo bastante.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Filme nº 51: Brüno

Antes de começar a falar desse cataclisma cinematográfico, só gostaria de dizer que, por razões de vida universitária, não foi possível assistir o filme de ontem. Isso já ocorreu algumas vezes esse ano, mas ainda não havia ocorrido desde o dia em que iniciei o blog. Bom, a solução óbvia é assistir dois filmes num dia em que isso for possível, o que, creio eu, será em breve. Agora, falando em filme..
Mais uma vez eu caí na armadilha dos filmes de curta duração, e a escolha de hoje foi mais motivada pela 1h17min de filme do que pela curiosidade. Como resultado, assisti uma das coisas mais constrangedoras e degradantes dessa minha vida de consumidor de cinema. Brüno é o terceiro personagem fruto do humor quase escatológico de Sascha Baron Cohen. Mas, ao contrário de Ali G e Borat, a estrutura de Brüno induz a piadas sobre roubas apertadas, impulsos nazistas e as mais diversas coisas relacionadas à ânus; algo não tão interessante para o público em geral.

WHAT. THE. FUCK. AM. I. WATCHING.
Repetindo a fórmula de Borat, o enredo de Brüno conta a história de um estrangeiro repleto de visões de mundo equivocadas que deseja ir aos Estados Unidos ~absorver~ algo da cultura americana (no caso de Brüno, tornar-se um ícone dela). Também como seu antecessor, o filme conta com inúmeras entrevistas do personagem com personalidades reais, sempre encontrando alguma forma de constrangê-las. E esse é um aspecto tremendamente cruel do filme, visto que muitas pessoas não estão cientes do motivo pelo qual foram chamadas e acabam sendo ridicularizadas. Algumas dessas abordagens, no entanto, por serem feitas em pessoas de ideologia duvidosa, tais como pastores que prometem a cura para o homossexualismo, juízes que se recusam a realizar casamentos homossexuais e uma incrivelmente ridícula convenção de orgulho hétero; realmente atingem seu objetivo de sátira. Mas apenas eles.
Esse filme é mais um exemplo de que ousadia e atrevimento não são sinônimos de humor, fazendo com que o espectador (no caso, eu) enxergue tudo isso como uma inconfortável tentativa de chamar a atenção. No início eu imaginava que o feedback negativo que algumas pessoas me passaram do filme seria mais por rejeição a comportamentos homossexuais, mas eu me enganei, pois o filme é extremamente degradante para os homossexuais (e muitos outros grupos retratados). Normalmente eu não digo que fico envergonhado por assistir algo, mas hoje vou ter que fazer uma exceção.

Amanhã farei questão de assistir um filme de duas horas e tanto.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Filme nº 50: O Banheiro do Papa

Aproveitando a onda papal que vem tomando conta das notícias ultimamente, decidi com bastante atraso seguir a sugestão do amigo James e assistir O Banheiro do Papa. A decisão do filme de hoje também foi influenciada pelo pouco tempo que eu tenho disponível, já que ele era um dos mais curtos que eu tinha. Ironicamente, os filmes mais curtos geralmente são os que mais tomam tempo para serem assistidos, e até hoje eu não consigo entender a razão disso. Bom, só me resta colocar na conta to Papa (quando ele for eleito).

Pensa num cara sofredor
O Banheiro do Papa é um filme uruguaio que conta a história de toda a grande mobilização dos moradores da cidade de Melo não só para receber a visita do papa João Paulo II em 1988, mas também para lucrar com ela. No meio de tudo isso, está Beto, um homem que ganha a vida fazendo frequentes viagens de bicicleta ao Brasil para trazer produtos de contrabando para a cidade. Tendo que sustentar a esposa e sua filha, Beto enfrenta inúmeros desafios para manter seu ganha pão, como os postos de fronteira e um agente de alfândega corrupto.
Como a maioria dos pobres da cidade de Melo, Beto tenta planejar uma forma de construir rapidamente um negócio que traga bons lucros dos supostos milhares de visitantes que a imprensa anuncia que chegarão à cidade para ver o discurso do papa. A solução que ele encontra é reunir o pouco de dinheiro que resta à família para construir um banheiro que iria atender às necessidades da tal multidão que está para chegar.
Esse é um daqueles filmes que faz com que você olhe para si mesmo e sinta vergonha na cara de já ter reclamado da sua condição financeira alguma vez na vida, pois a dificuldade que os personagens tem para conseguir o básico para sobreviver é o aspecto mais marcante de toda a estória. É por conta disso que o final acaba sendo meio aterrador pra quem acompanhou o filme inteiro com a mesma expectativa que toda essa gente tinha de conseguir melhorar de vida com essa visita inédita.
Se antes eu disse aqui que conhecia pouco do cinema argentino, saibam que conheço ainda menos do uruguaio, e é por isso que serei breve ao analisar os atributos mais técnicos do filme. As atuações do filme, com exceção do protagonista, não chamariam tanto a atenção não fosse o fato da maior parte dos personagens ser interpretada pelos próprios moradores pobres da cidade de Melo.

É um bom filme pra assistir naquela época em que você tem achado sua vida ferrada.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Filme nº 49: Lost In Translation

Vou começar esse post comentando minha provável arbitrariedade quando se trata de traduzir ou não o nome dos filmes. Bom, a minha lógica é simples: se a tradução mantém ou melhora o título do filme, eu traduzo. Não existe razão além do pedantismo pra dizer que assisti Black Swan, Planet Horror ou Letters from Iwo Jima. Agora, se o Hebert Richards, estando num dia inspirado, decide rebatizar o filme de uma forma completamente distinta e desnecessária, eu me sinto na obrigação de ficar com o título original. E esse é exatamente o caso de Lost In Translation, cujo título expressa as palavras e mensagens que são perdidas no processo de tradução de um idioma para o outro (valeu, Capitão Óbvio), algo muito presente no enredo do filme. Ironicamente, a tradução do título para Encontros e Desencontros acaba sendo apenas mais um exemplo de lost in translation.  

O encontro de dois vazios
O filme conta a história da estadia de Bob Harris e Charlotte em Tóquio. O primeiro, um famoso e envelhecido ator americano que vai ao Japão sem a sua esposa e seus filhos para gravar uma série de comerciais e fugir um pouco da sua família, mas acaba se deparando com sua dificuldade de entender e ser entendido no país. Charlotte, por sua vez, acompanha o marido fotógrafo numa viagem de trabalho, ficando sozinha a maior parte do tempo no quarto do hotel (mas que pecado) e embarcando numa série de desentendimentos que a fazem questionar se ela está onde gostaria de estar.
As histórias desses personagens logo se cruzam e, com o passar do tempo, eles conseguem encontrar um no outro um refúgio para o vazio e a solidão que os domina. Acho que, por parecer muito, é importante ressaltar que não se trata de uma história de amor, pelo menos não na minha visão. Eu realmente torci o filme inteiro pra que o relacionamento dos dois não desaguasse em algo amoroso, pois isso meio que estragaria a relação de companheirismo e complementabilidade construída ao longo do filme. Se saí frustrado ou não, prefiro não mencionar, já que não mando spoilers.
Lost in Translation é o que eu chamo de 'filme feromônio': os diálogos são predominantemente escassos e simples, e a maior parte das sensações e emoções são transmitidas no silêncio dos gestos, olhares e expressões dos personagens principais. Ou seja, é preciso ter um pouco de tato pra captar tudo isso, algo que geralmente só as mulheres deixam ligado o tempo inteiro (e por isso eu vejo o filme fazer mais sucesso entre o público feminino).

Sem dúvida foi uma boa experiência. 


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Filme nº 48: Alois Nebel

É com grande chateação que eu venho comentar o primeiro filme do ano o qual eu não entendi absolutamente nada. As condições também não colaboraram: está rolando um churrasco aqui em casa e eu tenho uma resenha de Economia Política Internacional pra parir até amanhã. Além do mais, eu provavelmente exagerei no nível underground do filme: Alois Nebel é uma animação tcheca feita por rotoscopia que conta uma história nada linear centrada no personagem que batiza o filme.


O filme conta a história de Alois Nebel, um solitário agente ferroviário que vem sofrendo alucinações crônicas de períodos específicos de seu passado. Quando esse problema começa a ficar frequente, ele acaba perdendo o emprego e sendo enviado para um sanatório, onde entra em contato com um homem mudo e misterioso que cruzara a fronteira da Tchecoslováquia recentemente, e estava sendo submetido a pesados interrogatórios. As mudanças políticas da Tchecoslováquia e dos países do Leste Europeu em geral também são fatores muito presentes na trama.
Não tendo entendido o filme, eu realmente não tenho muito a falar sobre ele. O estilo visual sem dúvida é o que mais chama atenção, com animações feitas em cima das filmagens reais, que acabam colaborando com o caráter surreal do filme. O enredo é completamente descontínuo, com frequentes transições entre passado e futuro, o que torna a experiência um tanto difícil de acompanhar. Eu espero ter outra chance com o filme para tentar entendê-lo melhor. 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Filme nº 47: Everything is Illuminated

Voltando ao circuito dos filmes que chamam a atenção mais pelos diálogos do que pelas balas disparadas, hoje assisti um filme surpreendentemente desconhecido que me foi recomendado pela Ju Akemi. O 'surpreendentemente' é pelo fato dele ser um desses filmes que você não consegue compreender a razão de ter recebido tão pouca atenção tanto durante quanto depois de estar em cartaz nos cinemas, visto que ele é interessante em vários aspectos.

Hey Jonfen
Everything is Illumitated conta a história de um garoto judeu cujo hobby é colecionar todo e qualquer objeto que esteja ligado de alguma forma à sua história e à de sua família. Com a morte da avó, ele recebe uma foto de 1940 do seu avô e uma desconhecida chamada Augustine, que teria salvado sua vida dos nazistas e o ajudado a sair da Ucrânia para os Estados Unidos. Determinado a encontrar essa mulher, Jonathan Safran Foer viaja até a Ucrânia e contrata os serviços de uma família que oferece tours pelo país para judeus ricos que estão à procura de suas origens.
É essa família ucraniana que proporciona os melhores momentos do filme, a começar por Alex, o filho mais velho, que é um amante ingênuo da cultura pop americana e tradutor de Jonathan, a quem ele chama de Jonfen, e provavelmente o melhor personagem do filme. Seu avô, um homem rabugento que não gosta de judeus e tenta se passar por cego, o que o leva a ter Sammy Davis Jr Junior, um cão guia que também finge ser o que não é. 
O início me levou a acreditar que se trataria de uma boa comédia, com uma narração bem humorada e boas sacadas, mas o estilo está longe de predominar sobre o filme, que também contém muitos elementos de aventura e especialmente de drama. Isso se reflete nas visões que o filme passa acerca da Ucrânia, que hora é apresentada como um lugar engraçado com pessoas engraçadas, e hora como um lugar trágico com pessoas cheias de preconceitos.
O nome do filme também demorou um pouco a fazer sentido pra mim, mas no final tudo conseguiu se encaixar. As únicas ressalvas que faço são sobre a confusão feita acerca do passado do avô de Alex, e ao fato de em momento algum do filme ninguém ter cantado Billie Jean do Michael Jackson pra acalmar a Sammy Davis Jr Junior, o que me deu expectativas desde o momento em que essa informação foi dada, mas ficou só na promessa.

Como todo filme baseado num livro nunca chega a ser tão bom quanto o original, acho que a obra do verdadeiro Jonathan Safran Foer deve ser uma ótima sugestão pra quem estiver interessado.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Filme nº 46: The Raid

Acho que eu finalmente encontrei aquele filme de ação com pouca conversa e muito tapa na cara que eu estava procurando. Eu só não esperava encontrar isso num filme de procedência tão.. 'exótica'. Produzido na Indonésia, Serbuan Maut é mais conhecido aqui pelo Ocidente como The Raid: Redemption. O Redemption entrou apenas pra evitar problemas com direitos autorais e se pá também porque todo filme de ação que se preze precisa de um subtítulo vazio de significado. Como o filme nada tem a ver com redenção e eu não tenho nada a ver com essas paradas de direitos autorais, coloquei só The Raid no título desse post.

Balas, soco, chute e facão voando, pra que mais
O enredo do filme não poderia ser mais simples: apenas um esquadrão de vinte policiais de elite cuja missão é invadir um edifício que funciona como quartel general de um chefão do crime, desmontar suas operações ilegais e, é claro, prender o cara responsável por tudo. Mas a missão acaba se revelando mais difícil do que parece, quando centenas de criminosos cercam o prédio, deixando os policiais isolados e à mercê de ataques vindos de todos os lados.
Mesmo sendo simples, o enredo não deixa de apresentar alguns probleminhas aqui e ali, como na previsibilidade das traições e alianças que vão se formando ao longo do filme, uma estruturação confusa do setor policial corrupto e acusações de plágio do enredo do filme Dredd, que eu inclusive tive o prazer de assistir no início do ano. Bom, as estórias de fato são bem parecidas, mas o plágio nesse caso é improvável visto que The Raid foi lançado primeiro.
Mas julgar um filme de ação pela estória é o mesmo que julgar um filme de comédia pelo figurino, então vamos ao que interessa. Assim que os policiais se dão conta de que estão sitiados num prédio repleto de bandidos, o filme passa a ser um espetáculo de ação quase ininterrupta, com boas cenas de tiroteios e excelentes cenas de lutas, seja de mãos limpas ou mesmo com facões e todo tipo de objeto que estiver ao alcance. Um triunfo do filme é evitar na maior parte do tempo ser incoerente e, digamos, roubado. Os personagens principais em momento algum detém vantagem absoluta sob seus adversários, e é notável o quanto eles sofrem pra conseguir vencer os combates, fazendo com que a possibilidade de derrota ronde o filme inteiro.
Diferentemente da maioria dos filmes policiais de Hong Kong que estamos acostumados a assistir, The Raid não só nos oferece boas cenas de ação, mas também uma trilha sonora competente e atuações que convencem. Os indonésios também evitam aquele show de gritos e caras engraçadas que os chineses normalmente nos proporcionam, e as cenas de luta são mais brutas e realistas, mais no estilo de Ong Bak, um filme de luta tailandês que eu também recomendo. 

Um problema que os filmes asiáticos geralmente carregam consigo é passar a impressão de que todo mundo na Ásia é mestre em artes marciais. The Raid só me fez incluir a Indonésia nesse grupo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Filme nº 45: Cartas de Iwo Jima

Fechando a trilogia de dois filmes do Clint Eastwood, hoje assisti à parte japonesa da batalha de Iwo Jima. É sempre bom ter a oportunidade de acompanhar a realidade dos povos de fora da esfera anglófona em seus próprios idiomas, no lugar de assistir a uma sempre distorcida atuação de americanos/britânicos/australianos falando inglês com sotaque artificial. Cartas de Iwo Jima é feliz nesse aspecto, nos oferecendo a chance de ver o japonês sendo gritado por atores nativos.

Dear Hanako..
Enquanto Flags of Our Fathers foca na história da foto dos soldados levantando a bandeira americana no topo do Monte Suribachi, Cartas de Iwo Jima, como o nome já sugere, aborda em boa parte do filme as cartas que os soldados japoneses enviam para suas famílias, utilizando-as muitas vezes como narração de determinados trechos. Eu disse 'em boa parte' porque o tema não chega a ser central, mas apenas presente. Eu diria que o filme trata muito mais do espírito pessimista vigente entre os defensores da ilha de Iwo Jima, que já tomam como certeza a derrota e a morte. Esse fator torna a parte japonesa muito mais trágica e triste que a parte americana. O Exército Imperial Japonês ao final da Segunda Guerra provavelmente era o pior lugar possível para alguém que por ventura desejaria lutar pela própria vida. O Bushido, código de conduta dos samurais pelo qual viviam os soldados japoneses, determinava que o suicídio era a única solução honrada para aqueles que estavam prestes a perder uma batalha, e muitos oficiais japoneses estavam determinados a ver essa doutrina cumprida por seus soldados, com o consentimento deles ou não.
É aí que mora toda a tragicidade: os soldados que já não morreram em batalha, vítimas de doenças, ou por suicídio voluntário são forçados a se suicidar por certos oficiais, seja matando a si mesmo da forma tradicional, seja na execução de ataques intencionalmente suicidas. Um dos protagonistas do filme, o general  Kuribayashi, é contrário à essa tendência e faz o possível para salvar suas tropas de mortes desnecessárias, o que faz com que ele ganhe alguns inimigos na cadeia de comando dentro da ilha.

É muito difícil assistir esses dois filmes do Eastwood e não ficar incomodado com a ideia geral da Guerra. Cartas de Iwo Jima é a parte mais crua e triste dessa narração, pois desde o início a expectativa da derrota é perceptível entre os personagens.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Filme nº 44: Flags of Our Fathers

Como alguns de vocês já devem ter visto no post sobre Gran Torino, eu realmente estou virando um pequeno entusiasta dos filmes dirigidos pelo Clint Eastwood (obviamente também estou virando um entusiasta dos filmes em que ele atua, mas essa é uma lista bem mais extensa e mais difícil de acompanhar). Já tendo gostado muito de Gran Torino e seus recursos relativamente modestos, eu estava ansioso pra ver o que Eastwood faria com um projeto ambicioso e cheio de efeitos especiais. E o resultado não poderia ter sido melhor em Flags of Our Fathers.

Manual de como fabricar um símbolo
O filme faz parte de um duplo release que retrata a batalha de Iwo Jima tanto pela ótica dos americanos quanto pela dos japoneses. Cartas de Iwo Jima, seu irmão gêmeo e narrador da metade japonesa, é o filme que eu pretendo assistir amanhã. Mesmo com minha pequena experiência com filmes de guerra, eu enxergo que a iniciativa de retratar uma guerra sob a perspectiva dos dois lados é algo bastante incomum nesse setor predominantemente ufanista do cinema, o que torna esse trabalho ainda mais excepcional.
A metade americana desse release gira em torno da repercussão que uma simples foto do cenário de guerra adquire dentro dos Estados Unidos, levantando a moral da população em casa e dos soldados que ainda estão nos campos de batalha. O filme gira em torno da vida dos três únicos soldados da foto que sobreviveram à guerra, e da forma como a popularidade e os problemas da fama repentina afetaram cada um deles. 
Longe de ser ufanista, o filme ressalta todos os problemas que rondavam a iconização do momento retratado na imagem, como o fato de essa ser a segunda vez que os soldados hasteavam a bandeira americana em cima da montanha, o fato de o ato não representar a vitória final da batalha, que estava apenas começando, além da falta de créditos aos soldados que realmente participaram do momento e a atribuição de homenagens a soldados que não chegaram a participar.
Não bastasse a retratação de um tema historiográfico delicado, o filme ainda conta com excelentes atuações e cenas de guerra incríveis. A construção do clima nacional americano durante a década de 1940 também é muito bem feita, abordando a fabricação de símbolos e heróis, sejam eles verdadeiros ou não, para aumentar o apoio popular à guerra; algo que ainda é bastante atual.

Ainda estou na metade da estória, mas já tenho certeza de que estou diante de uma obra genial.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Filme nº 43: Psicopata Americano

Já assisti filmes sob influências de muitas coisas, sejam recomendações de amigos, um bom trailer no youtube, a presença de um ou dois bons atores ou um enredo chamativo. No caso de Psicopata Americano, porém, minha única motivação pra ver o filme foi a exaustiva circulação da foto do personagem do Christian Bale checando duplos. Assim como o Patrick Bateman falhou ao checar os duplos de hoje (sendo o filme 43 e não o filme 44), ele também falhou em conquistar esse espectador cada dia mais exigente.

HEY PAUL
Psicopata Americano narra a história do que provavelmente é o assassino mais metrossexual dos cinemas: Patrick Bateman, um rico executivo incapaz de sentir qualquer emoção além de inveja, cobiça e ódio. Essa combinação de fatores acaba sendo favorável para a prática do seu hobby mais discreto, o qual consiste em assassinar pessoas brutalmente. O filme então retrata o desmoronamento do personagem bem sucedido montado por Bateman, que vai sendo substituído pouco a pouco por seu lado incontrolável e psicopata, incapaz de lidar com a menor das frustrações, que não são poucas, visto que Bateman, apesar de ser um peixe grande na hora de lidar com peixes pequenos, acaba sendo um peixe pequeno na hora de lidar com os grandes.
Esse provavelmente foi um dos filmes mais irritantes que eu assisti esse ano, dada a quantidade de futilidades e frescuras com as quais os personagens se preocupam o tempo inteiro. Coisa de gente rica e fútil, tipo diferenciar uma cor marfim de uma cor de casca de ovo onde eu só vejo dois tons de branco. Além disso, temos a personalidade psicótica do personagem de Bale, que, longe de inspirar qualquer simpatia, só desperta raiva pela mera existência de alguém tão infantil, inseguro e violento. Isso sem contar a costumeira mania do ator de fazer bico enquanto fala.
É meio difícil definir a natureza desse filme. Ele não chega a ser suspense, não chega a ser terror, não chega a ser nada. Algumas partes até me faziam rir de propósito. Mas isso não é uma vantagem para o filme, que acaba se revelando esquisito e sem rumo, ainda mais terminando da forma esquisita como terminou. Tudo o que eu absorvi do filme foram os nomes de uns dez restaurantes caros de Nova York e meia dúzia de nomes de grifes masculinas.

Da próxima, fiquem atentos ao decidirem assistir um filme só pela circulação de fotos e gifs dele pela internet.

Filme nº 42: Shaun of The Dead

Já que Planeta Terror não é exatamente um filme de zumbis tradicionais, acho que eu posso dizer que Shaun of The Dead foi o primeiro filme dessa categoria assistido e comentado esse ano. E mesmo assim é preciso forçar a barra um pouquinho pra considerá-lo assim, porque o filme meio que converte o estilo aos seus objetivos de comédia, coisa que não foi feita, por exemplo, em Zumbilândia. Mas já que não estou aqui pra dizer se achei que ele é um bom filme de zumbis ou não, mas sim pra dizer se achei ele um bom filme; minha crítica não vai girar em torno disso.

Hey, you've got red on you
Se tratando de apocalipses zumbis, o enredo geralmente é sempre o mesmo: o retrato de pessoas comuns cuja vida normal de um dia pro outro é transformada pela tomada da civilização por mortos vivos, resumindo-se à uma luta diária pela sobrevivência individual ou de um grupo. Shaun of the Dead não foge à regra, com a ligeira exceção de que seus personagens, em nome da comédia, demoram um bom tempo para se dar conta do que realmente está acontecendo.
O protagonista da vez é Shaun, um simples funcionário de uma loja de eletrônicos londrina que, à época do apocalipse, está tendo uma fase difícil no relacionamento com sua namorada, sua mãe, e seus colegas de quarto. O filme basicamente gira em torno dessas relações antes e depois dos zumbis, evitando distorcê-las pela comédia exceto quando se trata do melhor amigo Ed, a principal fonte de humor do filme.
Apesar de ser divertido, o filme deixa de lado a seriedade e a realidade em vários momentos. Eu sei que é uma crítica engraçada a ser feita pra uma comédia, mas eu já vi alguns filmes que foram capazes de equilibrar as coisas e deram certo. O grupo de sobreviventes também conseguiu ser o mais burro de todos os grupos que eu já tive a chance de acompanhar num apocalipse zumbi, mas vou evitar os spoilers aqui e na crítica ao desfecho, que foge ao que normalmente acontece em situações assim.
De uma forma ou de outra, o filme acaba oferecendo uma ótica interessante e levemente original ao universo dos filmes de zumbis, muito graças ao sotaque britânico dos personagens e ao forte cheiro de Inglaterra em tudo o que acontecia, desde os bastões de críquete substituindo os tradicionais tacos de baseball até a ideia de o grupo se refugiar num pub. E óbvio que eu não poderia esquecer da cena de um combate literalmente ao som de Queen, que sozinha já vale o filme inteiro.

Filme nº 41: The Big Lebowski

Meu primeiro post feito diretamente de fora da civilização ocidental será sobre a primeira boa comédia (aliás, basicamente a primeira comédia) que assisti esse ano. Como eu não conto com meus recursos virtuais corriqueiros, é capaz que esse post saia meio desestruturado, mas tudo colabora com a experiência geral para melhorar minha escrita.

Duuuuuuuude
Pela enésima vez eu ressalto o quanto eu gosto de filmes que conseguem fazer coisas complexas em cima de premissas simples, e The Big Lebowski provavelmente foi o maior expoente nessa categoria que eu assisti até agora esse ano. Já me ganhando nesse aspecto, o filme ainda consegue marcar presença nessa lista de 41 filmes por ter um grande número de personagens marcantes, nem que seja para a menor das funções; além de realmente ser engraçado. E olha que tem sido difícil me fazer rir ultimamente.
A estória começa quando o memorável 'Dude' (ou 'cara', em português), também conhecido como Jeff Lebowski, tem sua casa invadida por homens em busca de cobrar uma dívida que pertenceria à outro Jeff Lebowski, os quais, dentre outras coisas, mijam em seu tapete. Irritado, Dude vai à procura do seu chará para cobrar o ressarcimento do seu tapete mijado e nisso ele acaba se envolvendo numa cadeia de eventos repleta de pessoas estranhas e interesses conflitantes.
Apesar da complexa rede de pessoas e interesses, o filme não deixa de ser irresistivelmente simples a maior parte do tempo, muito graças à personalidade do Dude, que só quer poder jogar seu boliche em paz e continuar em posse dos seus bens de estimação . A simplicidade também é aliada dos excelentes diálogos do filme, nos quais os personagens muitas vezes chegam a perder a linha do próprio raciocínio.
Outro ponto forte que eu citei são os personagens. Do protagonista aos seus parceiros de boliche, em especial Walter, que sempre rouba a cena quando presente; o outro Lebowski, sua filha excêntrica, os alemães, os barões da indústria pornô, o arquirrival da equipe de boliche, o velho cowboy cujas aparições nunca fazem o menor sentido, e uma série de outros personagens que, mesmo pequenos, conseguem ficar na memória.

Olha, foi uma boa forma de começar o Carnaval.    

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Filme nº 40: Ghostbusters

Hoje decidi assistir um clássico dos cinemas que não seja lá tão cult. É meio difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar dos Caça-Fantasmas ou que nunca tenha ouvido a música tema do filme, mas é curioso como muitas dessas pessoas não viram o filme de fato. Até agora pouco, eu era uma delas. Partindo desse pressuposto, minha teoria sobre Ghostbusters (e sobre muitos outros clássicos do cinema pop) é a de que as pessoas em geral gostam muito desse filme justamente por nunca o terem assistido.

A única parte realmente genial 
Apesar de parecer, isso não quer dizer que eu não gostei do filme. Eu sei que eu sempre digo isso, mas é verdade. É muito difícil eu não gostar completamente de um filme, ele tem que ser muito ruim à nível filmes de Resident Evil pra que eu não goste nem um pouco. E obviamente não é o caso de Ghostbusters, que até que é divertido, tem um elenco notável, uma trilha sonora legal e uma premissa criativa. O problema é que toda essa aura de classicão esconde a exagerada simplicidade e falta de estrutura no enredo do filme.
Antes de fazer uma das minhas acusações, eu deixo bem claro que tenho consciência de que um filme sobre um grupo de homens que decide ganhar a vida caçando fantasmas já renuncia qualquer intenção de realismo. E, mesmo assim, um dos defeitos do filme é ser irrealista. Nas partes que não precisam ser irrealistas. Mas isso é um problema de menor dimensão e eu não vou me ater a ele. Outro ponto que me chamou a atenção foi o enredo solto, com personagens paraquedistas (vide o último integrante dos Caça-Fantasmas, que simplesmente chega na agência pedindo um emprego e entra pro grupo) ou desnecessários, avanços muito rápidos na estória e um 'último chefão' que, apesar de genial, foi extremamente fácil de ser vencido. Eu sempre tento evitar ser um pedante anacrônico na hora de julgar filmes com mais de 20 anos, mas eu estou seguro de que esse filme pareceria sem noção tanto em 1984 quanto pareceu hoje.
Bom, mas é só um divertido filme de fim de semana que fez um sucesso enorme, eu não posso julgar as intenções iniciais do filme partindo do que ele acabou se tornando com o tempo. Como peça de entretenimento, ele é realmente muito bom. Mas fica o alerta para alguns dos tais grandes clássicos da cultura pop, que nem Andy Warhol, cuja veneração por pura inércia acaba escondendo a enganação que ele é de verdade.

Antes de finalizar o post, algumas observações importantes:

1- Eu sei que pareceu, mas eu repito que não odiei o filme, é sério!  
2- Bem que me disseram: o fato do Bill Murray estar em inúmeros filmes de comédia não significa de forma alguma que ele seja engraçado.
3- Amanhã vou fazer uma viagenzinha de carnaval pra um lugar sem internet, e devo ficar sem postar até terça feira. O que não significa que não estarei assistindo e comentando filmes nesse período. Quando chegar eu pretendo fazer uma atualização tripla no blog. 

Então, bom carnaval proceis. 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Filme nº 39: Death Proof

Ao descobrir que o filme de ontem, Planeta Terror, tinha um irmão gêmeo, sendo lançado simultaneamente com ele sob o título de Grindhouse para homenagear os filmes de terror dos anos 70; eu me senti na obrigação de assistí-lo logo em seguida. O que acabou não se revelando muito necessário, visto que, com exceção de uma única cena com cenário e personagens compartilhados de Planeta Terror, um filme não depende do outro.  

HOLLY SH-
Para os que pretendem embarcar na mesma aventura dupla de Grindhouse, eu recomendo começar por Death Proof. O motivo é simples: Planeta Terror é muito melhor, e se você deixar pra assistí-lo primeiro, você meio que elimina a maior parte das chances de gostar um pouco de Death Proof. Tendo feito exatamente isso, eu confesso que essa foi a pior tentativa do Quentin Tarantino de me fazer gostar de um filme e, se Grindhouse fosse um duelo entre Robert Rodriguez e o Tarantino, a vitória certamente seria do primeiro. Mas avaliar um filme tomando um terceiro como referência é injusto, então vou me ater aos fatores negativos e positivos endêmicos ao filme.
As razões pra eu não ter gostado até que não são muitas. Aliás, a razão é uma só: o filme basicamente só gira em torno de mulheres e suas conversinhas. Não estou sendo misógino ao dizer isso, pois todo homem reconhece o fato de que conversa de mulher é insuportavelmente chato. E, levando em conta que a marca principal dos filmes do Tarantino são seus bons diálogos, isso é um prejuízo e tanto. Não consegui chegar num consenso acerca de qual dos dois grupos de mulheres retratados no filme foi o mais chato (provavelmente o segundo, pois tinha mais mulher falando). 
Enfim, os pontos que ligeiramente fazem o filme valer a pena dependem todos do personagem do Kurt Russel, o dublê assassino Mike; sejam eles os diálogos da primeira metade do filme, além da bela cena da imagem que coloquei acima, ou as cenas de perseguição em alta velocidade da segunda metade. Mas ele, que até nomeia o filme de certa forma, infelizmente aparece muito pouco pra um protagonista.
Como eu citei, o filme é dividido em duas partes bem distintas: a primeira, a melhor delas, contém inúmeros elementos que fazem o filme parecer ter sido filmado na década de 1970, tais como efeitos de tela e falhas estéticas propositais, além de ter os melhores diálogos do filme (pelo simples fato de existir diálogos que não sejam só entre as mulheres) e um desfecho de tirar o fôlego. Já a segunda parte, suprime inexplicavelmente todos os elementos estéticos e termina de uma forma completamente diferente da primeira. Tirando o final até que surpreendente, ela é terrível.

Eu me pergunto se uma garota teria gostado desse filme.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Filme nº 38: Planeta Terror

Cansado de atualizar o blog só de madrugada, decidi assistir o filme de hoje pela manhã. Bom, sem dúvida Planeta Terror não exatamente combina com café da manhã e com o programa da Fátima Bernardes passando ao fundo, mas mesmo assim a escolha do dia foi acertada. Créditos à Renatinha, que não esconde seu gosto pela carnificina, pela recomendação do filme de hoje.

Ei gata, deixa eu recarregar a sua arma risos você quer eu sei
É realmente fácil imaginar que um filme que tenha uma stripper com uma metralhadora no lugar de uma das pernas matando zumbis pelo Texas sem apertar o gatilho não esteja exatamente preocupado com coerência e realidade, e essa é a essência de Planeta Terror: reunir uma série de personagens improváveis e com alto poder de fogo num cenário apocalíptico, tudo isso num clima proposital de cinema trash dos anos 70 e 80, que desaguam num final completamente sem sentido. Reconhecendo isso como o propósito do filme, tudo o que você precisa fazer é relaxar e se divertir.
Planeta Terror tem a peculiaridade de ser 'um filme sobre um filme', como se simplesmente estivessem filmando uma exibição no cinema, com efeitos de tela de cinema sobre as imagens, anúncios, trailers falsos e em alguns momentos até falhas de projeção. O trailer falso, inclusive, já rendeu um ótimo filme trash que eu assisti há alguns anos: Machete.
O filme gira em torno do surto de uma infecção provocada por experimentos militares, a qual provoca um estado gradativo de necrose e agressividade nas pessoas infectadas (ou seja, zumbis). No meio disso tudo, estão inseridos diversos personagens, tais como a já mencionada stripper, seu ex-namorado com vocação pra Rambo, um casal de médicos, um açougueiro e outros personagens menores, dentre os quais uma rápida participação do Quentin Tarantino, que também participa da produção do filme.
Robert Rodriguez é um especialista em fazer filmes trash de toda natureza, seja com vampiros, tal como Um Drink no Inferno, ou aliens, como em The Faculty, e, é claro, com tiroteios sanguinários entre bad guys por todo o Texas e o México. Planeta Terror não foge à regra, sendo, inclusive, uma espécie de coletânea de todos esses estilos abordados anteriormente pelo diretor. 

Boa escolha pra quem curte sangue voando por todos os lados.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Filme nº 37: Alien, o Oitavo Passageiro

Aqui estava eu tentando ter um pouquinho de respaldo em todos os jogos do Alien e Alien vs Predador que eu joguei nos últimos anos, além de assistir um suspensezinho/terror pra variar um pouco nos estilos de filme que tenho visto. Tendo esses objetivos, eu notei que saí duplamente frustrado. Primeiro por ser um filme com poucas explicações e informações acerca do xenomorfo (o 'Alien', pra quem não sabe) -isso, obviamente, é só uma frescura pessoal e não deve ser levada em conta na crítica geral do filme-; e segundo por simplesmente não ser um bom suspense/terror at all.

Parabéns, é um menino!
Apesar da falha em me transmitir o clima de tensão, o filme não é ruim. Além de cenários muito bem elaborados (mas que basicamente só aparecem na primeira metade do filme), Alien também conta com um punhado de cenas memoráveis, tais como o 'parto' do xenomorfo no meio do jantar. Outro ponto interessante do filme é a simples introdução de uma franquia interessante construída em cima do complexo ciclo biológico dos xenomorfos, a qual conta com mais três filmes, que verei na medida do possível e do desejável.
Assim como os clichês são irmãos siameses dos filmes de ação, as atitudes burras e insensatas são irmãs siamesas dos filmes de terror, e Alien não decepciona nesse quesito. Todo mundo em sã consciência sabe que separar o grupo em várias partes compostas por uma pessoa só, ou entrar em dutos de ventilação, ou andar de costas nos corredores, ou não escutar o que o cara negro tá dizendo são atitudes estúpidas em situações de perigo. Mas elas ocorrem assim mesmo, paciência. Eles até mesmo tomaram o cuidado de levar um gato na nave só pra ele dar aqueles sustos de gato que todo mundo está acostumado a ver.
Por ser relativamente velho (1979), o filme possui inúmeras limitações gráficas e técnicas. Isso não é exatamente uma crítica, pois não estou querendo ser o pedante anacrônico, mas apenas uma observação para os que estiverem afim de embarcar na mesma aventura. Pra começar, o boneco ou seja lá o que estivesse representando o xenomorfo possuía uma movimentação no mínimo tosca. Isso chega a ser cômico para o público de 2013, mas aposto que fez muita gente pular na cadeira do cinema em 1979. Outro ponto incômodo pra mim foi a bagunça visual que predominou durante o fim do filme, com muita fumaça, sirenes, luzes piscando e faíscas caindo o tempo inteiro; os quais meio que te impossibilitavam de ver, distinguir e entender qualquer coisa que estivesse acontecendo. Isso porque eu assisti a versão remasterizada do "director's cut", eu imagino como seria se eu tivesse assistido o filme tal como ele saiu nos cinemas há 30 anos.  

Levando em conta o comentário final que eu fiz acerca do filme de ontem, acho que eu nem preciso mencionar que Alien não é bem um filme alegre (rs).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Filme nº 36: O Túmulo dos Vagalumes

O comentário do filme de hoje será tão breve quanto o filme em si. É um pouco de injustiça com essa recomendação da Diana, visto que é realmente boa, mas meu tempo anda bem apertado (pra começar, olha a hora que eu to postando).

#chateado

O Túmulo dos Vagalumes é uma animação japonesa de 1988, que conta a história de dois irmãos tentando sobreviver sozinhos nas cidades japonesas devastadas pela escassez de alimentos e pelos incêndios provocados por constantes bombardeios aéreos. Perdendo a mãe num desses incêndios, e nunca mais recebendo notícias do pai marinheiro; tudo o que resta para Seita, o jovem protagonista, é sua irmãzinha caçula, Setsuko, para a qual ele tenta conciliar proteção e provisionamento com a preservação da sua pureza e inocência.
O que o filme tem de bonito, ele tem de triste. É realmente difícil não sair downers depois de assistir essa amostra sensível, mas em muitas partes crua, do sofrimento que os civis japoneses passaram durante a guerra. Uma das coisas que piorou um pouco a experiência foi minha habilidade de tomar spoiler bem no meio da cara: eu estava passando partes aleatórias do filme pra testar a legenda e acabei vendo o mais importante do final. Preciso ser mais cuidadoso daqui pra frente.

Então, basicamente é isso: estou chateado e com sono. Amanhã vou tentar assistir algo mais alegre.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Filme nº 35: Busca Implacável

Depois de quatro dias assistindo filmes mais tranquilos e parados, pela seu bom desempenho na crítica, eu francamente precisava dar um tempo nisso e assistir um filme com menos conversa e mais tapa na cara. Minha intenção inicial era assistir o último filme do Schwarzenegger, The Last Stand, mas à ida ao cinema esses dias está tão difícil quanto a procura de um link dele com qualidade assistível na internet. Então recorri ao meu plano B para filmes de ação, que no caso foi Busca Implacável.

'Alo, Glória Perez? Liguei pra dizer que sua novela é uma merda'
Busca Implacável (ou Taken, o título original), conta a história de um ex-agente secreto cuja filha foi sequestrada por uma rede de tráfico de mulheres. O enredo soa meio familiar? Talvez. A diferença é que esse aqui vale o tempo investido. Os sequestradores da filha do agente Bryan Mills, no entanto, não se deram conta de que eles simplesmente estavam raptando a filha do cara que treinou o Batman. Tampouco sabiam que ele não descansaria um segundo até reencontrá-la e matar todos os responsáveis.
Devo dizer que, já que a minha intenção era assistir um filme com muito tiro e porrada e pouca reflexão, eu saí um pouco decepcionado. Busca Implacável não só é um ótimo filme de ação, como também evita ser extremamente boçal, ingênuo e, em parte, recheado de clichês. Esse 'em parte' se deve ao fato de clichês e filmes de ação serem irmãos siameses, o que o diga o fato de todos os albaneses falarem inglês normal e cotidianamente na França (aqui cedemos os copyrights pra Glória Perez), a rotineira retratação dos franceses como pessoas sempre indispostas a ajudar quem quer que seja; e o próprio nome da versão brasileira do filme, que mais genérico impossível.
As cenas de ação evitam o rompimento de todas as barreiras da realidade e da coerência, ainda conseguindo manter uma boa dose de adrenalina das lutas, perseguições e tiroteios (os quais tomam uma fração um pouco reduzida do filme). Quanto a isso, o filme cumpre bem a sua função, sem a menor intenção de ir um passo além do necessário para contar a história do resgate da filha do agente Mills. Ouvi dizer que a sequência é tão boa quanto. Mal posso esperar pra postar os comentários dela aqui.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Filme nº 34: Driving Miss Daisy

Hoje o filme meio que furou fila nos demais que eu havia baixado pra assistir, sendo uma sugestão rápida que o Raul me deu ontem. O engraçado que isso se deu basicamente por ele ser o filme mais curto que eu tinha na mão, mas acabou que eu tomei horas e horas pra assistir. O que não significa que tenha sido um filme ruim ou mesmo um filme devagar, isso se deu mais por circunstâncias do dia. Driving Miss Daisy, na verdade, é um desses filmes que conseguem fazer algo especial em cima de uma premissa muito simples, e são filmes assim que costumam ser lembrados. Pode não ser a história mais empolgante do mundo (pois não é), mas é uma que merece ser ouvida.

De indesejável a melhor amigo.
O filme conta a história do relacionamento improvável entre uma idosa exigente e cheia de manias e o motorista que é contratado por seu filho para tomar conta dela. Miss Daisy sem dúvida fez de tudo para dificultar a estadia inicial de Roke na sua vida, recusando-se a ter mais um servente e mais um pra lhe roubar a privacidade. O motorista, no entanto, insiste pacientemente e aos pouquinhos vai conquistando o seu consentimento, em seguida a sua confiança, e em seguida a sua amizade.
Esse foi o papel que lançou Morgan Freeman ao estrelato (muito em parte graças a sua risada irresistível), lhe rendendo uma merecida nomeação ao Oscar de melhor ator (Jessica Tandy foi mais longe e conseguiu o Oscar de melhotr atriz). O filme também faz um bom trabalho ao reconstruir as décadas de 1950, 60 e 70; fazendo referências, embora limitadas, à segregação racial existente no sul dos Estados Unidos e à luta dos negros por igualdade racial.
Eu confesso que adoro a forma que os sulistas tem para se expressar, sejam eles pobres e analfabetos, como Roke, sejam educados e ricos, como Daisy. De tanto acompanhar histórias que se passam no estado da Geórgia (The Walking Dead -a série e o jogo-, Left 4 Dead 2, e etc), eu já estou criando uma simpatia muito grande pelo estado e seus moradores, especialmente quando eles não são zumbis.
O único ponto que não me agradou muito no filme foi a forma abrupta como a história pula para seu estágio final, com o envelhecimento repentino de Roke e, especialmente, de Daisy. Pra um filme que corre tão calmamente a maior parte do tempo, isso foi meio que inesperado e indesejável. Mas isso não chega perto de prejudicar a obra como um todo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Filme nº 33: O Segredo Dos Seus Olhos

Mais um filme pra coletânea das primeiras vezes do ano. Bem, talvez seja eu que goste de procurar algum detalhezinho de nada no filme e dizer 'olha, é a primeira vez essa semana/mês/ano que vejo um filme com um diretor de cabelos ruivos'; vou tentar parar de ressaltar essas coisas, mesmo que sejam ótimas formas de se começar um post. ENFIM, isso não muda o fato de que 'O Segredo dos seus Olhos' foi o primeiro filme argentino que vi esse ano. Quem me recomendou foi a Vitória, e o trailer me chamou tanto a atenção que decidi assistí-lo hoje. Demorei muito a conseguir entender a razão pra ela ter dito que o filme era ótimo, assim como uma justificativa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro que ele emplacou em 2009. Mas, de uma hora pra outra, tudo ficou claro e eu percebi o quão bom era o filme que eu tinha diante de mim.

Lionel Messi e o casal wannabe que roubou 70% do tempo do filme
O filme conta a história de Benjamin Esposito, um funcionário da justiça argentina que ao se aposentar, decide dedicar o seu (longo) tempo livre escrevendo um romance baseado num caso de estupro e assassinato ocorrido em sua carreira há 25 anos e que nunca saiu do seu pensamento. Isso faz com que ele retorne ao seu passado, revirando cada detalhe de sua vida à época do crime e retomando contato com sua antiga chefa, por quem ele sempre nutriu uma paixão que jamais saiu do lugar. O interessante do filme é a forma como a história é contada em dois períodos diferentes. O primeiro, se passa num presente situado em 1999, temos um Esposito velho e aposentado, que ao se deparar com seu caso não resolvido e com sua antiga paixão, tenta olhar pra trás e descobrir onde foi que ele errou. O segundo, volta à década de 1970 e revive o período que vai do dia do crime que mudou sua vida até o dia em que ele é obrigado a deixar Buenos Aires por uma série de razões que são explicadas no decorrer da história.
O filme se desenvolve de uma forma bem devagar e cuidadosa, o que, para os espectadores de primeira viagem (eu), pode parecer um desafio à paciência. Outro ponto que incomodou foi a dimensão que o amor frustrado entre o Esposito e sua chefe adquire na história, consumindo um tempo considerável do filme (não sou muito fã de estorias de amor e nem vejo motivo pra 90% dos filmes achar que precisa ter uma). Mas isso, por outro lado, faz com que o enredo seja muito bem contado e colabora com o impacto que a descoberta de toda a verdade terá sobre você.
Eu conheço muito pouco do cinema argentino pra me atrever a comentar a fundo o elenco e a direção, tudo o que posso fazer é elogiar o talento dos atores principais, a ótima ambientação cronológica do filme e sua forma incomum de contar a história de uma investigação de assassinato, a qual já descobre o assassino logo no início, colocando como desafio principal a sua captura.

O Segredo dos seus olhos sem dúvida é um filme que merece toda a boa crítica que recebeu, e deveria ser mais conhecido do público brasileiro e mundial. Pra quem curte finais surpreendentes, é uma ótima escolha.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Filme nº 32: 50/50

Muito gratificante dizer que o segundo filme bom a ser comentado nesse blog veio logo depois do primeiro. 50/50 (ou 50%) também é o primeiro filme realmente triste que peguei pra assistir esse ano. Embora eu não tivesse muito ideia sobre qual seria a natureza do filme, eu acabei me surpreendendo em alguns aspectos (por exemplo, eu não esperava estar triste nesse exato momento. O crítico que disse que esse era um filme hilário e sincero só pode ser um sádico clínico).

Joseph Gordon Levitt e sua incrível habilidade de ter relacionamentos com ordinárias

Bom, o filme gira em torno de Adam Lerner, um jovem ok com uma vida ok e uma personalidade ok que encara tudo de uma forma bem ok. Até descobrir que possui um tipo raro de câncer na coluna, cuja probabilidade de sobrevivência é de 50% (daí o nome do filme). Não é preciso dizer como isso mudaria radicalmente a vida de qualquer pessoa (especialmente se ela figurar o lado ruim da estatística). É aí que entra o fator tristeza do filme, quando observamos o quanto Adam não aproveitou sua vida e o quanto ele está despreparado pra perceber que ele não aproveitou sua vida e que talvez nem consiga.
Joseph Gordon Levitt parecia o cara perfeito para o papel, visto que ele sabe como ninguém interpretar um personagem completamente fodido na vida, seja por se apaixonar pela ordinária da Zoey Deschanel ou por ser o Robin de um Batman em seu PIOR filme da trilogia de Nolan (venho denunciando isso desde o dia em que saí do cinema e vocês não acreditam). Enfim, ele realmente é convincente no papel de mostrar que a vida dele é pior do que a sua. O único ponto frustrante foi esperar ele se rebelar de alguma forma contra as pessoas à sua volta ou contra sua própria condição, o que realmente não acontece.
Os personagens coadjuvantes também colaboram muito com a qualidade do filme, desde os pais de Adam aos seus parceiros de quimioterapia ou mesmo a sua terapeuta. Mas o melhor de todos foi Seth Rogen, no papel do melhor amigo (bros before hoes). 
(Um adendo final: eu realmente fiquei surpreso por TODAS as mulheres desse filme serem incrivelmente bonitas, inclusive a mãe do Adam.)

Filmes tristes não são realmente a minha praia (assim como as comédias românticas e os filmes de terror trash), mas já que eu caí na cilada, só posso dizer que esse foi realmente muito bom.