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terça-feira, 11 de junho de 2013

Filme nº 146: Mientras Duermes

Se tem uma coisa que eu devo agradecer à [REC] além dos excelentes minutos que o filme me proporcionou, é o redespertar do meu interesse pelo cinema espanhol e em especial pelo trabalho do diretor Jaume Balagueró. E foi isso que me trouxe ao curioso e de certa forma perturbador Mientras Duermes, filme de 2011 que se encaixa perfeitamente na definição do termo 'creepy'.

Feliz. Yo no puedo ser feliz.
Mientras Duermes conta a história de César, um diligente e insuspeito zelador de um edifício residencial que se julga completamente incapaz de ser feliz. Desconfortável com a ideia de suicídio, César acaba encontrando uma maneira peculiar de se sentir satisfeito e realizado: sabotar a vida de todas as pessoas à sua volta com o objetivo de vê-los tão infelizes quanto ele. Dessa forma, aos poucos a vida de cada morador começa a se tornar um pequeno inferno, com exceção de uma pessoa, Clara. Intrigado com a persistência da jovem em continuar de alto astral, César decide concentrar todo o seu esforço em cima dela para destruir de vez os seus sorrisos, e isso inclui passar todas as noites escondido dentro do apartamento da moça para colocar suas ideias em prática.
Acho que é desnecessário mencionar que esse é filme apenas confirma a tendência perturbada do cinema espanhol e do próprio Balagueró. Fazia tempo que não me deparava com um personagem tão interessante quanto César, que sabota a vida de todos sem o menor interesse pessoal, desejando apenas contagiar sua infelicidade. Que nem uma Amélie Poulain do mal. Além de César, acho que talvez só a garotinha chantagista mereça destaque dentre os personagens. O que não significa, porém, que o elenco em geral não tenha feito um excelente trabalho de interpretação.

Nota: 8,5

domingo, 9 de junho de 2013

Filme nº 145: Dr. Strangelove

Pulando mais dois filmes, The Man From Earth (2007) e o bósnio/esloveno No Man's Land (2001); chego ao incrível Dr. Strangelove (or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb), comédia de Stanley Kubrick lançada em 1964. Eu já havia assistido esse filme durante o ensino médio e achei que havia entendido tudo. Revendo agora, me dei conta de que haviam milhares de detalhes que eu não havia notado ou entendido, me fazendo amar ainda mais esse filme.   

What about Major Kong??
Sr. Strangelove narra as horas de tensão nuclear resultantes das ações de um fanático general americano que ordena o bombardeio da União Soviética à uma imensa frota de B-52s que não podem ser chamados de volta sem que lhes seja dada a combinação certa de caracteres. Desesperados e impotentes, os membros da cúpula militar e política dos Estados Unidos são chamados à icônica sala de guerra para tentar encontrar uma solução rápida para esse grave problema. Ao entrarem em contato com o embaixador soviético e em seguida o premiê da URSS, eles descobrem que um ataque aos russos ativaria uma máquina do Apocalipse capaz de acabar com a vida na Terra. E assim começa um desesperado e atrapalhado esforço de cooperação entre os desconfiados e anticomunistas generais americanos e os bêbados e oportunistas soviéticos. Dentre os americanos está o excêntrico e ex-nazista Dr. Strangelove, assessor do presidente em assuntos científicos que possui uma visão extremamente prática de mundo, além de ter dificuldade em abandonar o hábito de se referir ao seu superior como 'Mein Führer'.
Quando assisti pela primeira vez, eu realmente não havia prestado atenção em todos os interessantes detalhes militares que são dados ao longo do filme, além do texto muito bem escrito e articulado. Também não havia dado crédito à toda a ironia e humor negro contido ao longo do enredo e nem ao excelente trabalho de direção de Kubrick, que traz elementos cinematográficos que eu francamente sinto muita falta nos filmes de hoje, como o clássico close repentino de câmera.
Por fim, temos a eterna cena do Major Kong cavalgando a bomba nuclear, que eu devo ter assistido pelo menos umas dez vezes. Esse personagem, por sinal, teria sido o melhor do filme, não estivesse ele no mesmo elenco que Peter Sellers, o qual interpreta simultaneamente o Dr. Strangelove, o Presidente Merkin Muffley e o Capitão Mandrake de forma tão brilhante que um expectador desatento mal notaria a semelhança entre os três personagens (tal como eu não notei da primeira vez).

Nota: 10

sábado, 8 de junho de 2013

Filme nº 142: [REC]

Definitivamente eu me encontro apaixonado pelo cinema espanhol, lar de uma infinidade de filmes originais, bizarros e incríveis. Em outras ocasiões acho que eu jamais teria pego esse filme pra assistir, mas meu recente interesse por filmes de terror tornou essa experiência possível. E QUE EXPERIÊNCIA! Sem dúvida foi um dos melhores filmes de terror que já assisti, e é uma pena que a franquia tenha sido estragada tão rapidamente por um idêntico e desnecessário remake americano e uma série de sequências que destroem aos poucos a fórmula de sucesso do filme original. 

Acompanhenos en Mientras Usted Duerme
[REC] conta a história de uma repórter e um cinegrafista de um programa noturno que estão gravando uma matéria acerca do cotidiano de um corpo de bombeiros em Barcelona. No meio da noite, os bombeiros recebem uma chamada e despacham uma viatura para um pequeno bloco residencial onde ouviam-se gritos vindos de um dos apartamentos. A dupla então acompanha os bombeiros no que eles imaginam ser apenas uma chamada de rotina, mas logo a câmera capta um violento ataque de fúria dessa moradora contra os policiais e bombeiros. Agora com dois homens gravemente feridos, a equipe de resgate tenta sair do prédio, mas se vê completamente presa dentro dele por conta de uma quarentena decretada pelo governo espanhol. Sem saída, os repórteres, os bombeiros e os moradores agora estão à mercê de uma misteriosa infecção que se espalha rapidamente pelo edifício.  
Duas foram minhas surpresas com esse filme: 1º - o clima de tensão explode de uma hora pra outra, transformando o que parecia ser uma mera filmagem amadora protagonizada por uma apresentadora retardadinha numa desesperada luta pela sobrevivência dentro de um ambiente claustrofóbico e lotado; 2º - eu, que normalmente sempre fui cagão, não tomei um sustinho sequer e nem fiquei naquele clima de não dormir de luz apagada. Estou progredindo na vida.  
Óbvio que o fato de eu não ter pulado da cadeira não significa que o filme não seja uma excelente peça de terror e suspense, recheado de sangue e histeria. Além do clima bem construído, eu realmente gostei de cada um dos personagens, sejam eles repórteres, policiais, bombeiros ou moradores. E gostar de personagens num filme de terror significa sofrer junto com cada um deles, em detrimento da tradicional satisfação em ver um fulano ou outro morrendo dentro do velho formato americano de filmes de terror, que sempre constrói algumas dúzias de personagens odiosos unicamente pra isso. E falando em americano, eu realmente fiquei escandalizado com a produção do remake Quarantine, feito apenas um ano após o lançamento de [REC]. Simplesmente não encontro justificativa pra essas coisas. 
Infelizmente, o filme já termina dando o tom sobrenatural que predominará na sequência lançada em 2009 (que eu já assisti e já odiei). Em compensação, esse mesmo final representa o ápice do clima assustador e claustrofóbico do filme.

Nota: 10

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Filme nº 141: Moulin Rouge!

Numa demonstração de boa vontade com a causa do blog, decidi que por hora será melhor me focar apenas nos filmes que realmente valham a pena comentar. Isso provavelmente vai dar uma enxugada no desânimo de ter sempre aquela camada de filmes que de certa forma passaram batido. Foi mais ou menos por isso que pulei Flight (2012), o filme nº 140. É um filme interessante, mas não é nem tão bom a ponto de me surpreender e nem tão ruim a ponto de me irritar. Logo, todas as linhas de comentário que eu escreveria poderiam ser resumidas simplesmente em 'é um filme ok'. Mas vamos falar de Moulin Rouge.

The greatest thing you'll ever learn is to love and be loved in return.
Primeiro musical que assisto esse ano, o enredo de Moulin Rouge é simples na mesma medida que é batido, e isso já descontando toda a distorção da realidade que um musical tem por natureza. Christian (Ewan McGregor) é um poeta britânico que viaja à Paris em busca da única coisa que nunca conseguiu na vida: um amor verdadeiro. Quase simultaneamente à sua chegada, ele se integra acidentalmente a um grupo de artistas e atores boêmios, que o integram ao fascinante e agitado universo do Moulin Rouge, onde ele logo se apaixona por Satine (Nicole Kidman), a estrela do espetáculo. Ao confundir Christian com um rico aristocrata com quem ela deveria se deitar em troca de um pesado investimento no Moulin Rouge, Satine logo fica fica profundamente apaixonada pelo poeta sem dinheiro, colocando-se no dilema de decidir entre a salvação do Moulin Rouge ou o amor de sua vida. 
Eu não sou nem nunca fui um grande fã dos musicais, mas há de se admitir que se tem uma coisa que Moulin Rouge soube fazer bem é reproduzir o clima de embriaguez e eufórica boemia da Belle Époque parisiense. Apesar de menos frequentes do que eu esperava, as músicas cantadas ao longo do filme são adaptações  incrivelmente bem feitas de músicas pop do século XX, que dão um clima peculiar ao contexto de fins do século XIX. Por fim, não dá pra negar que os dois protagonistas parecem realmente muito apaixonados, por mais melosa e diabética que seja a paixão deles.
Pra mim o maior problema de Moulin Rouge foi ser predominantemente rápido e caótico, pra não dizer bagunçado. Se o objetivo do filme era me provocar um ataque de epilepsia, então meus parabéns. São poucos os momentos em que não há uma intensa troca de câmera, dificultando uma apreciação melhor dos detalhes das cenas. E isso é até um pouco compreensível, já que o filme não é tããão visualmente bonito assim, ao contrário do que eu sempre imaginei.

Nota: 8,5

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Filme nº 139: Super

Já tem um tempinho que estou refletindo acerca da possibilidade de parar com o blog e seguir o projeto na minha. Continuo comentando os filmes por um misto de inércia e bons filmes na fila que eu gostaria de comentar. Super é um desses bons filmes que me seguram um pouquinho mais, possibilitando se pá a percepção de que isso pode ser só uma espécie de crise da meia idade do meu projeto. Ou não.

All that takes to be a superhero it's the choice to fight evil.
O enredo de Super é maaaais ou menos parecido com a versão cinematográfica de Kick-Ass (da qual eu não gostei muito quando vi), contando a história de Frank (Rainn Wilson, o Dwight de The Office), um cozinheiro de fast food que conta nos dedos de uma mão só os momentos de genuína felicidade que teve ao longo de sua vida inteira. Um deles foi justamente o dia de seu casamento com Sarah (Liv Tyler), uma ex-dependente química que de um dia pra outro o largou para viver com um traficante de drogas. Completamente desolado, Frank começa a ter alucinações de natureza religiosa que o fazem começar uma luta física contra o mal. E assim surge o ridículo e raivoso Crimson Bolt, um super herói que sai às ruas com sua chave inglesa pronto para rachar o crânio dos criminosos. Não demora muito para esse nome ficar famoso e infame dentre os criminosos e a opinião pública, que o consideram um louco. Dentre eles, no entanto, está a jovem Libby (Ellen Page), que fica tão inspirada com o herói que decide fazer de tudo para tornar-se sua fiel escudeira. 
Você pode até pensar que parece o enredo de um filme cômico, assim como eu pensei. Mas, apesar de alguns momentos engraçados, Super é mais obscuro do que aparenta, visto que Frank é um homem desequilibrado e obcecado por uma paixão não correspondida. Libby, que assume o alter-ego de Boltie, não fica atrás, revelando-se uma pessoa psicótica que quer se aproveitar do anonimato pra exteriorizar toda sua violência em alguém, independente de ser bandido ou não. Já deu pra ver que o filme não é ingênuo, pois ambos fazem muita coisa errada por trás da máscara. 
Além do enredo, o que mais vale destacar é a atuação dos personagens. Rainn Wilson, que normalmente é visto em comédias, dá vida a um personagem sério e completamente fodido pela vida. Ellen Page, por sua vez, pra variar está naquele estilo 'garota nerd que usa cuecas e se gaba por isso'. Mas sua interpretação não deixa de ser impressionante, pois Boltie é uma das personagens mais psicopatas que conheci esse ano. No mais, temos Kevin Bacon no papel do grande vilão, enquanto a Liv Tyler passa completamente batida pelo filme.
O clima que predomina no filme é o de um humor negro não-forçado. É realmente engraçado, mas lamentavelmente engraçado. Assim como Kick-Ass, Super não pode ser confundido com um filme de criança só por conta da roupa colorida dos personagens. Tem bastante violência e até mesmo uma cena de sexo que vai figurar por muito tempo dentre as cenas mais bizarras que já vi no cinema. No mais, Super é um filme doente e imprevisível. O final na minha opinião foi um misto de choque e frustração, esta última compensada pela rara e ligeiramente prazerosa sensação de ser sacudido por um filme. 

Nota: 10

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Filme nº 138: Malditas Aranhas

A julgar pela audiência do blog, todos estão tão cansados de ler meus posts quanto eu estou cansado de escrevê-los. Mas não que eu esteja nessa pelo blog (ou por vocês). Hoje (por hoje leia-se: muito tempo atrás) eu fiz um retorno casual ao mundo do trash, o qual não visitava desde O Ataque dos Vermes Malditos. Pelo nome de ambas as películas, vê-se que esse universo soa bem fascinante. E eu garanto que ele é.

Get back, you eight legged freak!
O que o enredo de Malditas Aranhas tem de clássico, ele tem de simples. Na pequena cidade de Prosperity, um laguinho é contaminado por um galão de lixo tóxico caído de um caminhão. Logo um ávido criador de aranhas das redondezas nota que os grilhos que ele pegou por ali estão fazendo com que suas aranhas comecem a crescer em proporções rápidas e monumentais, até o momento em que elas já são grandinhas o suficiente para não mais caber num aquário e não mais ver seu criador como outra coisa além de comida. Crescendo sem para, os aracnídeos logo começam a migrar para Prosperity, onde a comida é abundante e do tamanho adequado.
Como deu pra notar, Malditas Aranhas é o tipo de filme que não requer muita inteligência nem pra bolar e tampouco pra assistir. Nunca foi novidade no cinema que coisas como mutações químicas e genéticas deem carta branca pra você criar o tipo de bizarrice que quiser. No caso de Malditas Aranhas há ainda uma variedade interessante nos 'monstros' a serem enfrentados, como as aranhas saltadoras, as aranhas que soltam teia, as tarântulas gigantes e a terrível aranha subterrânea (!!!). E pra dar ao expectador a oportunidade de vê-las a todo vapor, é óbvio que os personagens precisam ser um pouquinho menos espertos do que normalmente seriam.
E falando em personagens, temos a doce surpresa de ver Scarlett Johansson no auge de sua puberdade, interpretando a filha da xerife. Além dela, vale destacar David Arquette (o xerife da franquia Pânico) interpretando o protagonista caipira rebelde, e personagens mais cômicos como o hippie conspiratório e o policial bonachão.
Em termos de enredo, o plot que serve de fundo não tem muito o que destacar. É basicamente um punhado de pessoas com alguns conflitos pequenos que de uma hora pra outra precisam atirar em aranhas tão grandes quanto elas. E nem nisso o filme é muito sério, visto que vários momentos parecem saídos de um desenho animado, enquanto as aranhas (com o auxílio de seus gritinhos irritantes) são constantemente humanizadas pra dar aquele toque cômico ao massacre.  

Nota: 7,0

terça-feira, 4 de junho de 2013

Filme nº 137: Twenty Bucks

Com nada menos do que DEZ filmes já assistidos e esperando para serem comentados, eu diria que esse blog nunca esteve numa situação de atraso tão grande. Seria muito justo colocar a culpa nos meus professores, mas eu acho que estou chegando numa fase menos animada do projeto, o que era de se esperar, afinal de contas é difícil manter a empolgação pra assistir um filme quando você já fez isso nos 145 dias anteriores. Mas vamo que vamo.

Única imagem do filme que encontrei. Justamente a dos melhores personagens.
Partindo de uma premissa semelhante da de Cigarettes & Coffee, Twenty Bucks conta inúmeras histórias de diversas pessoas sob a perspectiva de uma simples nota de vinte dólares, do momento em que sai do caixa eletrônico até sua destruição. Por contar com mais tempo e recursos que o curta-metragem, Twenty Bucks obviamente oferece um enredo muito mais amplo, elaborado e populoso. Por conta da quantidade de histórias abordadas no filme, acho que seria um exercício um tanto quanto longo descrever cada uma delas, sem contar com a forte possibilidade de eu estragar a experiência dos que se interessarem pelo enredo. Então contentem-se com a premissa.
Traduzido no Brasil como 'Cash: em busca do dólar' (puta merda mas esses caras não dão uma dentro), Twenty Bucks realmente nos oferece uma experiência original e interessante ao nos fazer entrar em contato com tantos núcleos, personagens e histórias diferentes num único filme. E o melhor é que nenhum deles se sobrepõe ao outro, por mais que eu tivesse tido essa impressão errônea no início do filme. Não existem protagonistas, nem vilões e nem mocinhos. Existe apenas a nota de 20 dólares e as dezenas e dezenas de pessoas que tem sua vida afetada por ela, cada qual marcando a nota fisicamente de uma forma diferente, fazendo que ao fim do filme ela carregue em si os vestígios de todos os seus usuários (um risco de caneta, uma marca de café, uma gota de sangue, etc).
Acho que por fim vale destacar o grande elenco do filme, repleto de atores em alta na época (1993), dentre os quais eu destaco Brendan Fraser, Steve Buscemi, David Schwimmer e Christopher Lloyd (que na minha opinião interpreta o melhor personagem, dentro do melhor núcleo.  

Nota: 8,5

sábado, 1 de junho de 2013

Filme nº 135: The Fall

Sábado à noite sem dúvida é o momento perfeito pra falar sobre filmes de arte, não é? Eu realmente não sei se é adequado caracterizar The Fall dessa forma, visto que por filme de arte as pessoas normalmente entendem um filme chato de quatro horas onde não se entende nada porque, afinal de contas, era profundo demais. The Fall está longe disso. Mas assistir o filme e não considerá-lo uma legítima obra de arte no sentido estético-visual da expressão é algo impossível.

And then they swore that they would be responsible for Governor Odious's death.
O enredo de The Fall se passa num hospital de Los Angeles na década de 1920, onde Alexandria, uma garotinha de nacionalidade não mencionada (provavelmente romena, como a atriz), se recupera de um braço quebrado. Curiosa e hiperativa, Alexandria acidentalmente conhece Roy Walker, um dublê de cinema que corre o risco de ficar paralítico após uma tentativa de suicídio. Interessado tanto em companhia como em conseguir alguns medicamentos através de Alexandria, Walker começa a inventar uma épica história na qual cinco heróis travam uma longa e árdua jornada pelo mundo para lutar contra a tirania de um governante cruel. São eles: um bandido mascarado espanhol (depois transformado em francês), um italiano especialista em explosivos, um ex-escravo, um nobre indiano e Charles Darwin (?!). Sendo uma história de improviso, seu enredo é bem solto e sujeito à mudanças conforme o desejo do narrador ou da própria Alexandria.
O aspecto mais incrível do filme são seus cenários exuberantes, seja em belas paisagens naturais ou em suntuosos palácios de todos os estilos, para os quais o filme contou com filmagens em mais de vinte países. Aliados à beleza dos cenários estão o figurino peculiar, a incrível trilha sonora e um excelente trabalho de direção que faz com que cada cena do filme seja uma verdadeira obra de arte. Por fim, os personagens tanto do conto quanto do mundo real são muito bem construídos, os primeiros sendo bem distintos e cheios de idiossincrasias, enquanto os segundos são bastante humanos e autênticos, com destaque à Alexandria, que, em vez de ser um prodiginho chato, age como criança e faz coisas de criança.
Da equação longo-chato-confuso dos tais filmes de arte, The Fall, na minha opinião, escapa dos três. Primeiro que o filme nem chega a ter duas horas, enquanto que o desenrolar do seu enredo não é nenhum mistério, sendo até bastante simples. Por fim, apesar de não ser das mais agitadas, a história é perfeitamente capaz de provocar risos e lágrimas ao mesmo tempo, rendendo ao final uma satisfação que dificilmente eu teria se sentisse que o filme fora uma perda de tempo.   

Nota: 9,5