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quarta-feira, 27 de março de 2013

Filme nº 83: Persepolis

Pra quem anda tendo cada vez menos tempo para filmes, mais uma vez caí no conto do filme curto que leva mais de duas horas pra ser assistido. Dessa vez, no entanto, eu tive a sorte de escolher uma animação original, divertida e  bastante política. Pra combinar com meu tempo apertado, vou ter que escrever um comentário bem reduzido, o que será uma grande injustiça com Persepolis.

War. Revolution. Family. Punk Rock
Persepolis é uma animação francesa que narra a vida de Marjani Satrapi, ou simplesmente Marji, da sua infância no Irã revolucionário até seu exílio permanente na França. Sua trajetória está intimamente ligada a inúmeros aspectos históricos e culturais do Irã nas décadas de 1970, 1980 e 1990, como a derrubada do Shah, a tomada do poder pelos fundamentalistas islâmicos, a gradual rejeição de todo e qualquer tipo de cultura ocidental, a longa e sangrenta guerra contra o Iraque e a vida das mulheres iranianas dentro e fora do país.
Por ser uma animação, o filme possui inúmeros recursos visuais interessantes, como a mistura de sonhos e imaginação com a realidade. Dentre essa mistura, as melhores provavelmente são as conversas entre Marji e Deus, ocorridas principalmente durante sua infância. E falando em infância, a pequena Marji sem dúvida é a melhor personagem do filme, com seu jeito curioso e ingenuamente revolucionário. Porém, o fato de quase todos os personagens do filme falarem francês o tempo inteiro me perturbou, ainda mais quando se tratava de guardas revolucionários, do Shah, e do próprio Aiatolá. Mas esse é um aspecto minúsculo comparado a tudo o que o filme tem de interessante.
Apesar de encerrar a parte inocente e engraçada do enredo, o crescimento de Marji trata de inúmeras questões mais sérias, como o véu, casamento e feminismo; além de explorar a guerra Irã-Iraque, pouquíssimo abordada no cinema e na cultura em geral. A protagonista é um desses personagens por quem você se cativa rapidamente, pois ela é uma pessoa inteligente, carismática, engraçada e, acima de tudo, humana. Além do que, Marji possui uma voz muito fácil de se apaixonar. A simplificação da vida amorosa dela, por sua vez, foi um grande favor ao expectador, já que ela sempre se relacionou com homens fracos e sem graças.  
A abordagem de três fases históricas diferentes do Irã também é feita de uma forma muito crítica e interessante, denunciando a crescente repressão política e cultural do regime islâmico sem deixar escancarado que se trata de um filme estrangeiro. Por se tratar de uma história real feita pela Marjani Satrapi real, o espírito do filme é bastante iraniano.

Valeu muito a pena dormir quase 3h da manhã por conta desse filme.

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