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quinta-feira, 7 de março de 2013

Filme nº 64: Tempos de Paz

A escolha de hoje mais uma vez foi determinada pela minha situação de refém dos filmes de curta duração, algo que, agora com as férias (!!!!!!!!), eu pretendo eliminar. Não que eu vá parar de assistir os de uma hora e pouquinho, o que seria uma injustiça aos ótimos filmes como esse, mas agora vou poder abrir espaço aos tantos com mais de 2h, às trilogias e às franquias mais famosas e tradicionais do cinema. Hoje, no entanto, me contentei com esse filme simples e interessante de 2009. 

O senhor tem dez minutos.
Baseado numa peça teatral, o filme se passa no ano de 1945, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando milhares de imigrantes do Leste Europeu chegam ao Brasil para tentar uma vida nova. No meio deles, está o polonês Clausewitz, cuja falta de bagagem e notável habilidade com o português chama a atenção dos funcionários da alfândega, que suspeitam que ele possa ser um nazista fugitivo. Para tirar a história a limpo, é chamado Segismundo, um interrogador alfandegário e ex-torturador do Estado Novo, que, indiferente aos apelos de Clausewitz, acaba propondo um trato no qual o polonês precisa fazê-lo chorar com suas lembranças de guerra para poder ficar no Brasil, do contrário seria mandado de volta.
Dessa forma, o filme acaba sendo uma longa conversa entre os dois, hora pacífica, hora conflituosa, hora disputando quem presenciou mais horrores ao longo da vida. Os diálogos (ou o diálogo) do filme são predominantemente muito bem feitos, abordando temas como a guerra na Europa, a ditadura de Vargas, a tortura presente em ambos e as atrocidades e arrependimentos vividas por cada um dos personagens. As atuações também são outro ponto forte nos dois únicos personagens que interessam, com exceção de alguns momentos de certo exagero por parte do Dan Stulbach, que acabava parecendo o esteriótipo do estrangeiro lambão (sei lá porque decidi usar esse termo, mas foi o que me veio à mente).
Por ser completamente centrado na conversa de Segismundo e Clausewitz, o filme acaba relegando o mundo exterior ao galpão da alfândega ao esquecimento, o que não seria problema algum se não houvesse uma certa tentativa de fazer parecê-lo importante, como nas aparições do personagem de Daniel Filho, o qual termina interpretando um papel que se encaixa de forma bem esquisita e problemática no enredo, parecendo fruto de um certo desleixo. O final um tanto quanto trapaceiro do filme também me deixou um pouco incomodado,  mas acho que sou capaz de engolir.

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