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terça-feira, 12 de março de 2013

Filme nº 67: Saneamento Básico

A vida de alguém que fica sem internet justo quando acaba de entrar de férias pode acabar se relevando bem livre de quaisquer afazeres. Até demais. Com tanto tempo livre e tão pouca coisa pra fazer, parecia natural apelar para os filmes. E foi o que aconteceu. Saneamento Básico foi o segundo filme que assisti num dia particularmente tedioso, compensando um dos dias em que não pude assistir filme nenhum. Agora falta compensar só mais um filme e volto a ficar em dia.

Olha quem vem lá! Silene, Silene SEAGAL.
Saneamento Básico conta a trajetória dos moradores da comunidade da Linha Cristal para conseguir verba da prefeitura para a execução de obras de saneamento básico no arroio local, que encontra-se poluído pelo esgoto da região. Logo, a comissão organizada para pleitear a obra na prefeitura descobre que não existe verba disponível para obras de saneamento básico mas, por outro lado, existe uma verba de 10 mil reais do governo federal destinada ao apoio de produções cinematográficas em cidades pequenas. Notando que o dinheiro acabaria sendo devolvido por não haver nenhum candidato, os moradores decidem produzir um roteiro e um vídeo de 10 minutos para receber a tal verba e com ela fazer a obra de saneamento. O fato de que o filme precisa ser de ficção, partindo da concepção equivocada do termo 'ficção' pelos moradores, abre espaço para ideias mirabolantes para o enredo, como a introdução de elementos de ficção científica (pois essa é a ideia local do significado de ficção) e monstros.
Daí em diante, passamos a testemunhar a amadora e cômica elaboração desse filme em cada detalhe, como a criação dos personagens, a escolha dos nomes para eles, a construção dos diálogos, a filmagem das cenas, a elaboração do figurino, a arrecadação de patrocínio e etc; tudo isso temperado pelo limitado conhecimento que a comunidade possui sobre cinema.
Saneamento Básico realmente consegue ser bem engraçado na sua linguagem metalinguística utilizada na abordagem da criação de um filme, além de mostrar a ignorância que o público normalmente tem do processo de produção de um filme (sim, o filme é muito sobre ignorância mesmo). As filmagens sem dúvida são os pontos altos do filme, sendo recheadas de erros e falta de talento para a atuação. Disso dá pra tirar um fator ligeiramente negativo do filme, pois muitas vezes a falta de dicção dos personagens diante das câmeras soa bastante forçada. 
O elenco também merece destaque, com a presença de Fernanda Torres, Wagner Moura (pra variar), Camila Pitanga e Bruno Garcia como os principais responsáveis pela produção do glorioso Monstro da Fossa (ou do Fosso). A aparição final de Lázaro Ramos (praticamente obrigatória nos filmes do Jorge Furtado) veio pra salvar o enredo da total ingenuidade, inserindo um cara que pela primeira vez no filme parece saber o que está fazendo, apesar de ter seus próprios interesses velados.

Mesmo não sendo uma obra prima, Saneamento Básico sem dúvida é uma peça de criatividade dentro do cinema brasileiro. 

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