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domingo, 3 de março de 2013

Filme nº 61: The Cabin in The Woods

Uma das melhores coisas a se fazer em termos de cinema é assistir um filme sem fazer a menor ideia do que ele trata. Sem ver nenhum trailer, sem ler nenhuma sinopse, sem nada; simplesmente chegar no filme e deixar ele te mostrar o que é que vai acontecer. Já havia feito isso algumas vezes esse ano (e outras várias durante a vida), com resultados bons, resultados mais ou menos e resultados ruins; mas nenhum filme até hoje havia sido capaz de me fazer ir do 'nossa mas que BOSTA de filme' para o 'caramba, esse filme até que é muito bom'. Não saber nem mesmo que o filme era uma Horror Comedy contribuiu para a experiência. Pra quem estiver afim de experimentar a sensação de ser surpreendido, eu sugiro que pare de ler o post aqui mesmo (mentira, não to escrevendo essa merda aqui atoa).

Grupo de jovens numa cabana no meio da floresta. Coisas ruins acontecem.
Durante a maior parte do tempo, The Cabin in The Woods parece ser apenas mais um suspiro do exaustivo modelo americano de filmes de terror: um grupo de jovens que decide passar o fim de semana num lugar isolado, com garotas retardadas doidas pra dar e rapazes retardados doidos pra comer; todas as idiotices cuidadosamente construídas pra irmos nos acostumando com a ideia de querer vê-los morrer. Chegando no tal lugar isolado, que geralmente é uma cabana, eles encontram evidências de que alguma coisa terrível aconteceu ali num passado distante (obviamente ignorando), e, quando se dão conta, já estão lutando pelas próprias vidas quando algum tipo de entidade sinistra surge no local para matar todos eles, tendo como principal aliada a falta de inteligência de suas vítimas. Normalmente é tão previsível que basta você bater o olho nos personagens para dizer qual será a ordem das mortes, partindo de inúmeras variáveis, tais como o papel que ele exerce dentro do grupo e o salário do ator que o interpreta. Até aí eu ainda estou pensando 'mas que bosta de filme, ein', mas existe um outro núcleo da trama formado pelo que parece ser uma espécie de repartição pública monitorando e controlando o cenário da matança, que leva o filme para um nível totalmente diferente.
Sem revelar mais detalhes do que já fiz, eu digo que o filme é muito bem trabalhado na metalinguagem que parodia e satiriza 90% dos filmes de terror americanos, sendo muito mais bem sucedido na comédia do que no terror. Alguns pontos merecem destaque, como o personagem Marty, o maconheiro que parece ser o único que possui um pouco de esperteza e lucidez no meio do grupo, embora acabe fazendo uma grande apologia à maconha como instrumento imunizador do controle alheio sobre eles. O clima irreverente dentro da tal repartição também é um ponto forte do filme, apesar do cara negro que parece estar incomodado o tempo inteiro com o que está fazendo, como se ele quisesse mostrar que tem ética mesmo trabalhando pro demônio.
Mesmo sendo uma grande sátira, o filme não deixa de apresentar algumas falhas aparentemente não intencionais, como ter uma protagonista completamente sem sal e aparentemente imortal à todos os golpes potencialmente fatais que sofre no decorrer da estória. A participação da Sigourney Weaver (pra quem não conhece, a protagonista da franquia Alien e par romântico de Bill Murray em Ghostbusters), apesar de vir em tom de aparição especial, acabou ficando meio sem pé nem cabeça, com a personagem surgindo e desaparecendo do nada. 

Filme bem divertido.

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