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sábado, 11 de maio de 2013

Filme nº 122: Um Homem Sério

Quando escolhi esse filme no meio da extremamente diversa filmografia dos Irmãos Coen, eu não sabia bem o que esperar. Nem mesmo a partir do momento em que comecei a assistir o filme. Quando comecei a construir minhas expectativas e apostas para o enredo, ele de novo me coloca numa posição onde eu não sei o que devo esperar. E Isso mais de uma vez ao longo do filme. A grande questão no fim das contas é: como foi que eu consegui gostar de um filme que me deixou com mais perguntas do que respostas?

Why does He make us feel the questions if He's not gonna give us any answers?
Um Homem Sério se passa em 1967 e conta a história de Larry Gopnik, um professor de física judeu íntegro e honesto que nunca fez mal a ninguém. Larry vive num calmo subúrbio de Minnesota com sua esposa Judith, com uma filha cuja única ambição na vida é fazer uma cirurgia plástica no nariz, um filho emaconhado e seu irmão inútil e inconveniente. De um dia pro outro, sua vida aparentemente perfeita começa a desmoronar diante dos seus olhos: sua mulher pede o divórcio ao se apaixonar por outro homem, trazendo-o para morar com a família, expulsando Larry e seu irmão para um hotel; seu vizinho começa a construir um puxadinho em cima da propriedade dos Gopnik; um estudante oferece suborno para ser aprovado e, diante da recusa de Larry, ameaça processá-lo por difamação; seu irmão é preso por participar de jogos de azar e, por fim, cria-se a suspeita de que Larry possa estar com alguma doença grave. Desprovido de toda e qualquer base familiar e atolado nas dívidas com advogados, só resta a Larry recorrer à fé e à sabedoria dos rabinos para encontrar uma solução ou no mínimo um sentido para essa torrente de acontecimentos. Mas logo ele descobre que simplesmente pode não haver uma resposta.
O aspecto mais interessante desse filme na minha opinião é a impressão que ele te passa de que não será um enredo difícil de entender. Eu achei que estava no controle, até que o filme simplesmente terminou, me deixando desolado e sem entender nada. No fim das contas, o filme estava sendo difícil e complexo bem embaixo do meu nariz. Num primeiro momento me senti enganado, como se tivesse perdido algo no caminho. Depois de ler um pouco a respeito do filme, vi que sua compreensão é particularmente difícil para os não-judeus e não-conhecedores da Bíblia ou do Torá, além de finalmente me dar conta de que ele trata meramente sobre a completa incerteza da vida, seja sob o ponto de vista físico, metafísico ou espiritual; unindo de certa forma o pensamento científico, o religioso judaico e o simples senso comum para reafirmar essa tese (!!!). 'Tá bom, parece ser tudo uma grande bosta então' Sim, parece ser uma grande bosta no fim das contas, como tudo o que eu falei de Donnie Darko ali atrás, mas não é. 
Apesar de toda a confusão por trás, o filme é incrivelmente agradável e envolvente. A bela fotografia e os curiosos personagens -com destaque para o pobre protagonista- dão vida a um enredo recheado de fábulas judaicas e histórias secundárias interessantes, ainda que não tenham um significado claro (algumas delas intencionalmente). Também são frequentes as sequências de sonho e os pequenos-grandes incidentes que permeiam a vida de Larry e sua família de uma forma quase banal. A divisão da segunda parte do filme entre os três rabinos para os quais Larry pede ajuda é um artifício interessante e ajuda o expectador a acompanhar a digestão que Larry faz dos conselhos muitas vezes inúteis ou inexistentes que lhe foram dados.

No fim das contas, a única lição concreta que consigo tirar do filme é a de que Deus trabalha em caminhos misteriosos. Mas eu gostaria de ouvir a opinião de algum judeu a respeito.

Nota: 8,5

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