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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Filme nº 111: Balada Triste de Trompeta

Pouca coisa compete com a sensação de terminar de ver um filme e ter a certeza de que ele acaba de entrar no seu top 5; como, por exemplo, ter essa certeza antes mesmo dele terminar. E assim foi com o espanhol Balada Triste de Trompeta (em português: Balada do Amor e Ódio, uma ótima porém desnecessária tradução), um dos filmes mais psicopaticamente insanos que já assisti na vida, me deixando estricnado (sempre quis utilizar esse termo) por uns dois dias.

Alivia tu dolor con la venganza
O filme começa em 1937, em plena Guerra Civil Espanhola, quando um espetáculo de circo é interrompido por uma brigada republicana que recruta à força toda a trupe e os envia imediatamente para o campo de batalha. Com a batalha perdida, os que não foram executados de cara são enviados para campos de trabalhos forçados. Dentre eles estava o palhaço feliz, cujo filho pequeno, Javier, sonhava em tornar-se um palhaço feliz como o pai e o avô. Ciente de que a vida do filho está para sempre marcada pela tragédia, o palhaço alerta que seu destino é tornar-se um palhaço triste, a menos que consiga limpar sua alma através da vingança. Tentando seguir o conselho do pai, Javier falha tragicamente e acaba aceitando seu destino.
O enredo então passa para o ano de 1973, quando Javier consegue seu primeiro emprego como palhaço triste. Já no primeiro dia, ele se apaixona pela bela trapezista Natalia, que já é a mulher de Sergio, o palhaço feliz. Javier logo descobre também que fora do picadeiro Sergio é um homem violento, instável e perigoso, o que o faz tentar afogar seu sentimento por Natalia, o que fracassa diante do atiçamento proposital que ela faz. Esse instável triângulo amoroso acaba desencadeando uma série de tragédias que fazem com que Javier relembre as palavras do pai e tente conquistar a posição de palhaço feliz à força mais uma vez, perdendo a sanidade no processo.
O termo 'tragicômico' é provavelmente a melhor descrição para Balada Triste de Trompeta, visto que o filme é recheado de episódios violentos e personagens psicopatas e ainda assim mantém seu espírito de espetáculo circense. Há também uma forte harmonia com as convulsões políticas pelas quais passava a Espanha no período, com intersecções de cenas com episódios e personagens históricos, chegando até mesmo a ter o próprio general Franco como um dos personagens.
Recheado de loucura, amor e ódio, o filme conta com um enredo intenso e surpreendente, tendo um grande elenco capaz de transmitir toda essa intensidade. Inúmeras são as cenas memoráveis, mas eu destaco tanto a abertura quanto o final como cenas de tirar o fôlego. Sério, fazia muito tempo que eu não era impactado dessa forma. Recomendo fortemente.

Pra finalizar, só um pequeno alerta: se você já teve medo de palhaços, Balada Triste de Trompeta te fará lembrar do porquê.

Nota: 10

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