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domingo, 7 de abril de 2013

Filme nº 93 e 94: The Ladykillers (1955 e 2004)

Esse é um post bastante especial pra mim. Pra quem é um pouco mais familiarizado com minhas preferências, o fato de The Ladykillers ser meu filme preferido não é novidade. Ele ocupava esse cargo desde bem antes do início desse projeto, e fico feliz em ver que, mesmo tendo assistido quase 100 filmes de lá pra cá, isso não mudou. Enfim, por que estou fazendo um post duplo? Bom, minha intenção ontem era apenas assistir o The Ladykillers original de 1955, que inspirou o remake de 2004, e ver afinal se ele era ou não uma boa adaptação. Terminado o filme, eu já estava pronto pra escrever minhas impressões, mas o enredo acabou me dando uma vontade incontrolável de rever a adaptação dos Irmãos Coen pela enésima vez. Já que, apesar de todas as diferenças, os dois filmes tratam da mesma coisa, achei que seria interessante criar um post duplo comparando um com o outro.

Em 1955, temos Professor Marcus, Mr. Lawson, Mr. Robinson, Major Courtney e Mr. Harvey...
...e em 2004, temos o General, Gawain MacSam, Lump, Garth Pancake e o Professor G.H. Dorr.
O enredo geral de ambos os filmes conta a história de um grupo de ladrões liderados por um tipo excêntrico com títulos acadêmicos que utiliza o quarto alugado por uma idosa aparentemente inofensiva como quartel general de um ambicioso assalto a ser executado nas proximidades da casa. Para disfarçar a operação aos olhos da velhinha, o bando se passa por entusiastas de música clássica (ou renascentista, no caso do remake) que precisam se reunir constantemente para ensaiar. Feito o assalto, o grupo acaba sendo flagrado pela inocente senhora, e assim é ingenuamente coagido por ela a se entregar à polícia. Fingindo estar de acordo com as condições da pobre velhinha para ganhar tempo, os ladrões passam a tramar seu assassinato, o qual acaba se revelando muito mais difícil do que aparenta.
Agora vamos às particularidades. O original de 1955 se passa na cinzenta cidade de Londres, mais especificamente nos arredores da estação ferroviária de King's Cross, onde ocorre o assalto. O adversário inesperadamente formidável dos criminosos é a senhora Louisa Wilberforce, uma viúva octogenária baixinha, ingênua e com um incorruptível senso de justiça, o que a faz ir à polícia quase diariamente para reportar a menor das perturbações. Suas únicas companhias até a chegada do bando em sua casa são seus três papagaios temperamentais. Sem se dar conta, ela é utilizada na execução do assalto e isso acaba sendo usado contra ela no momento em que os ladrões são descobertos. 
Já no filme de 2004, a história se passa numa cidade não mencionada do Mississipi, e o alvo dos assaltantes é o cofre de um cassino flutuante. Ao contrário do original, a casa alugada pelos ladrões é um elemento chave do plano, pois é a partir dela que eles constroem um túnel até o cassino. A dona da casa é a senhora Marva Munson, uma viúva altamente religiosa com uma personalidade diametralmente oposta à da senhora Wilberforce, com exceção da ingenuidade e das constantes idas à polícia para alimentar seu senso de justiça. No lugar do trio de aves, ela possui um gato fujão chamado Picles. Sem nenhum medo em dar puxões de orelha e tapas na cara, a senhora Munson não é pressionada em momento algum pelo bando do Professor Dorr, permanecendo firme o tempo inteiro na insistência pela devolução do dinheiro.
Eu realmente gostei muito do filme original, mas o remake continuou sendo o meu preferido por inúmeras razões. A começar pela magnífica trilha sonora, que quase não existe no de 1955. O remake faz uma improvável mistura da música gospel do sul dos Estados Unidos com música renascentista, Blues e Hip-Hop, chegando a ter cenas com todos os estilos ao mesmo tempo. Outro ponto importante são os personagens, em especial o bando de assaltantes, que no filme de 2004 são muito mais trabalhados e diversificados pelo fato de nenhum deles ser um ladrão de carreira, enquanto no original todos são ladrões e possuem mais ou menos as mesmas características. A presença espiritual do falecido marido da senhora Munson, encarnada no seu retrato na sala de estar, exerce um peso considerável nas decisões morais dela, enquanto que o falecido marido da senhora Wilberforce não tem qualquer influência no filme. O remake também tem a seu favor o carisma de Tom Hanks, que na pele do erudito G.H. Dorr se utiliza sempre de um vocabulário rebuscado, além das inúmeras recitações de Edgar Allan Poe. A fotografia do filme também se destaca com seus constantes tons pasteis, enquanto o original é todo cinza e dominado pela fumaça dos trens à vapor. Por fim, o sotaque sulista e a religiosidade da trilha sonora e da senhora Munson são dois fatores imprescindíveis à personalidade do filme.
Pra ser justo, um ponto negativo do remake é a quantidade de palavrões que ele possui. Não sou tão ridiculamente conservador a ponto de negativar um filme por isso, mas não acrescentou nada em relação ao original. O personagem de Marlon Wayans também mancha consideravelmente o elenco. Fora isso, o remake não deve nada ao filme que o inspirou.

Eu vi que o post ficou enorme, e peço desculpas. Mas, se tratando do meu filme preferido, acho que eu não poderia fazer diferente.

Notas: 8,0 e 10

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