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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Filme nº 108: Valsa Com Bashir

Quando li a sinopse de Valsa com Bashir, fiquei com um pouquinho de medo de apanhar da forma como apanhei de Alois Nebel: ambas eram animações não infantis que contam a história de homens com um passado confuso. Arriscando repetir o resultado vergonhoso da animação tcheca, decidi tentar dessa vez a animação israelense. Felizmente, Valsa com Bashir não é um filme difícil de compreender. Mais felizmente ainda, Valsa com Bashir é um filme fácil de adorar.

Memory is dynamic. It's alive.
O filme conta a história de Ari Folman, um homem que, após uma conversa de bar na qual um amigo revela que há dias vem sonhando repetidamente que é perseguido por vinte e seis cães raivosos por conta das suas experiências na guerra do Líbano (1982), se dá conta de que ele não consegue se lembrar de absolutamente nada dos tempos de guerra além de um episódio específico que ele nem sequer sabe se ocorreu de fato. Intrigado, Ari sai em busca de todos os seus antigos companheiros de guerra para tentar reconstruir sua memória através das memórias deles.
Num primeiro momento, a impressão que tive foi que o filme trataria única e exclusivamente de uma história autobiográfica intimamente relacionada com a guerra; mas eu diria que o tema principal do filme é a memória. A incapacidade que Ari tem de se lembrar da sua participação na guerra e as inúmeras histórias contadas por seus antigos companheiros mostra que a memória não é algo estático, mas sim um elemento vivo e dinâmico que se altera conforme as experiências de vida e de acordo com os desmandos da consciência. Mesmo assim, a guerra não deixa de ser um aspecto gritante do filme, sendo tratada de forma crítica e rendendo um final capaz de incomodar o mais indiferente dos expectadores (eu).
No mais, Valsa com Bashir conta com um estilo de animação belíssimo, auxiliado por uma boa trilha sonora. O enredo é bem construído e muito bem apresentado através de diálogos em tom de documentário, flashbacks dos tempos de guerra e sequências de sonho ou de falsas lembranças extremamente surreais. O filme, porém, não tem exatamente um final. Ele simplesmente acaba. 
Minha única reclamação séria vai pra um aspecto alheio ao filme: as legendas que baixei eram uma bosta, e constantemente me deixavam sozinho com o hebraico. No mais, Valsa com Bashir é uma história interessantíssima e uma excelente experiência visual.

Nota: 9,5

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