Se tem algo que me motivou a não parar de vez com o blog esses dias foi a consciência de fazer justiça aos filmes que tenho assistido ultimamente. Cada um a sua maneira, eu tenho visto filmes que realmente souberam me conquistar desde De Volta para o Futuro. Cosmopolis é um caso estranho no meio desses, porque desde já eu admito que não entendi o filme inteiro. Levando em conta que normalmente é difícil o indivíduo gostar genuinamente de um filme que ele não compreendeu, Cosmopolis parece um mistério até pra mim, que provavelmente não vou conseguir explicar o porquê de ter gostado do filme além do fato dele ter me instigado vagamente.
My prostate is assymetrical. |
Cosmopolis narra um dia singular na vida de Eric Packer (Robert Pattinson), um jovem bilionário que, contra todas as recomendações de sua equipe de segurança, decide cruzar a ilha de Manhattan de limusine no seu dia mais caótico apenas para cortar o cabelo. Durante esse longo e lento trajeto, Packer se encontra com várias pessoas distintas, com quem ele tem todo o tipo de conversa, de trivialidades sexuais até os rumos da economia mundial e questões mais filosóficas.
Esse é um daqueles filmes que dificilmente dá pra compreender na primeira assistida. Considerando que não vou rever o filme, ao menos não esse ano, eu já me retirei da disputa. Eric Packer não é um cara normal e faz muito pouco esforço para esconder isso no seu discurso e comportamento. Sim, existe muito papo estranho, e a constante troca de interlocutores, com pessoas que simplesmente vão entrando na limusine ou com o próprio Eric saindo dela, dá a impressão de que o roteiro literalmente era escrito de acordo com o que vinha à cabeça do autor. Decorar o nome e a face dos personagens é um esforço vão, pois a maioria deles faz a sua aparição e abandona o filme em definitivo.
Como eu já deixei claro lá atrás, não achei o filme ruim. Pra ser justo, muitos dos diálogos são interessantes, embora o conjunto deles não tenha formado na minha mente nada semelhante a um propósito maior. O ponto mais interessante do filme sem dúvida é o contraste entre a quietude e segurança da limusine de Packer e a anarquia e o caos reinantes no lado de fora; os quais, na maior parte do tempo, são alheios um ao outro. Os poucos pontos de ligeiro conflito entre a limusine e os transeuntes resultam em cenas muito boas, como quando um grupo de manifestantes depreda o exterior da limusine diante da indiferença de Packer e sua companhia.
Por fim, algo que provavelmente muitos dos que deram 5,2 pro filme no IMDb reclamam é a ausência quase total de emoção no filme, que preferiu centrar-se nos diálogos. Pattinson por si só já não é muito conhecido por sua desenvoltura emocional, mas ele conseguiu interpretar um personagem ainda mais gelado em Cosmopolis.
A título de curiosidade, as cenas de sexo do filme são horríveis.
Nota: 8,0
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