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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Filme nº 166: Meia Noite em Paris

Esse provavelmente foi um dos posts que mais deu trabalho esse ano. Isso acontece normalmente nos filmes que eu realmente gosto (e esse não foge à regra), mas acho que nesse caso também pesou o fato de várias pessoas que eu conheço amarem o filme. Desde o primeiro momento em que sentei pra tentar escrever o comentário sobre Meia Noite em Paris, há muitos dias, tenho sido atacado por uma impiedosa falta de ideias. O que é curioso, tratando-se de um filme essencialmente sobre inspiração. E foi constatando isso que notei que tudo o que precisava fazer para encontrar o caminho era imitar a fórmula do filme e tentar realizar uma viagem fantástica e surrealista à minha era de ouro particular. Funcionou? Não, mas pelo menos me rendeu o primeiro parágrafo do post.  

Present is a little unsatisfying because life is a little unsatisfying.
Lançado em 2011, Meia Noite em Paris conta a história (nem um pouco biográfica, pra variar) de Gil Pender, um escritor que tem alcançado relativo sucesso escrevendo roteiros comerciais para Hollywood, mas que encontra-se longe de se sentir realizado como um artista. Pensando nisso, Gil decide investir suas energias em seu primeiro romance sob o constante desencorajamento de sua esposa, que o pressiona a seguir na lucrativa carreira de roteirista comercial, além de desdenhar da sua grande paixão pela cidade e fascínio por sua Era de Ouro dos anos 20. Quando sua esposa insiste em convidar um amigo pseudo-intelectual pedante para acompanhá-los em todos os passeios turísticos, Gil dá uma escapadinha do grupo e se arrisca a desbravar a noite parisiense sozinho. Bêbado e perdido, ele senta numa calçada para tentar se orientar quando os sinos da meia noite anunciam a chegada de um automóvel que magicamente o transporta de volta para a década de 1920, onde ele encontra pessoas como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Salvador Dalí, Jean Cocteau e Pablo Picasso.
Com um enredo tão inusitado quanto amável, Woody Allen dá uma escapada do seu tradicional pessimismo neurótico e constrói um filme realmente inspirador. A primeira coisa que chama a atenção é o modo como o diretor delega descaradamente sua personalidade aos protagonistas (isso porque ele não protagoniza mais seus próprios filmes), e nisso Owen Wilson cumpre muito bem sua função, interpretando um Gil inquieto, tagarela e cheio de manias. Os demais personagens também cumprem muito bem seu papel, seja a esposa desagradável de Gil e seu amigo pedante, sejam os grandes artistas e escritores retratados durante as viagens no tempo.
Como era de se esperar, a cidade de Paris (de todas as eras) é praticamente um personagem do filme, com beleza, importância, carisma e personalidade. A paixão que ela desperta do protagonista (e consequentemente no expectador) é bastante autêntica, competindo em igualdade com o amor que ele eventualmente nutre por Adriana.  E a cidade não é mostrada de forma clichê do tipo Torre Eiffel museu restaurantes francesas bonitas franceses chatos, mas sim como a verdadeira Cidade Luz, capaz de despertar o melhor da razão e do coração de todos os que se deixam conquistar por ela.
Por fim, outro grande protagonista do filme é a década de 1920, muito bem construída através de figurino, cenários, personagens, atuações e trilha sonora. E não sei mais o que acrescentar sobre ela porque no fundo eu estou ao lado da Adriana ao ser Team Belle Époque. 

Satisfeito por ter assistido.

Nota: 10

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