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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Filme nº 158: Children of Men

Dos efeitos que o ato de ver tantos filmes tem provocado em mim, um dos mais curiosos é meu interesse crescente pelos detalhes do trabalho de direção. Sim, eu ando fantasiando sobre como seria ser o diretor de um filme e o quão legal seria trabalhar com seus aspectos mais técnicos. E Children of Men foi justamente o filmes que mais incentivou esse devaneio biruta ultimamente, com um trabalho de direção impecável do mexicano Alfonso Cuarón (que também dirigiu 'E sua Mãe Também' e 'Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban'), que pode ser resumido em duas palavras: plano-sequência.

It's very odd what happens in a world without children voices.
Children of Men se passa em 2027, ano em que a humanidade está de luto pelo assassinato do homem mais jovem do mundo, morto aos 19 anos de idade. Depois de duas décadas de completa infertilidade na espécie humana, é quase impossível manter a esperança num planeta onde não existem mais crianças. Frente essa situação, a maior parte dos países sucumbiu ao caos e à anarquia, e os poucos que conseguiram manter algum vestígio de ordem, como a Grã-Bretanha, agora vivem numa ditadura que persegue implacavelmente todo e qualquer imigrante. 
Dentro desse contexto, o burocrata Theo Faron (Clive Owen) é surpreendido pelo ressurgimento de sua ex-esposa Julian (Julianne Moore), uma antiga ativista que agora comanda um grupo clandestino de apoio aos imigrantes, que pede sua ajuda na obtenção de documentos para tirar uma refugiada do país. Depois de uma série de imprevistos, Theo se vê muito mais envolvido no problema do que gostaria, entrando no meio de uma disputa de poder entre grupos terroristas e forças militares corruptas, terminando como o único responsável pela segurança dessa refugiada que milagrosamente carrega um filho em seu útero.   
Bom, nem preciso mencionar que o universo em torno desse enredo é incrivelmente interessante e original, apresentando um mundo em vias de se tornar apocalíptico, habitado por gente que tem plena consciência disso. O cinzento cenário de pessimismo e austeridade dentro das fronteiras britânicas, e o escabroso caos e violência fora delas é extremamente bem construído, contando com o auxílio de cenários detalhados que retratam as cidades, os campos de refugiados, as áreas rurais e os campos de guerra.
Outro ponto notável são os personagens, a começar pela excelente atuação de Clive Owen no papel do protagonista. Depois de vários filmes de ação um tanto quanto malucos dos quais ele fez parte, foi uma grande surpresa vê-lo interpretando um papel sério e extremamente humano. Não poderia também esquecer de citar o personagem de Michael Caine, que abandona o esnobe personagem do mordomo Alfred dos Batmans de Nolan e se transforma num hippie irreverente e maconheiro. A atuação desses e de todos os outros personagens é potencializada pelo grande realismo do filme em termos de cenas de ação (balas atingem seus alvos, explosões com menos fogo e mais destroços) e demais detalhes que geralmente ficam de lado na maioria dos filmes anglófonos (estrangeiros que não falam inglês, personagens que se ferem de verdade).
Pra terminar, eu preciso citar o que realmente me deixou apaixonado pelo trabalho de direção do filme, que são as incríveis cenas de plano-sequência, nas quais ações de vários minutos são gravadas num único take. Logo fiquei intrigado acerca de como diabos eles conseguiam fazer cenas de até 10 minutos de perseguições, tiroteios, explosões e centenas de atores num único take perfeitamente sincronizado. No começo me decepcionei por ver que se tratava de computação gráfica, mas logo voltei a ficar fascinado porque, de toda forma, segue sendo um efeito fascinante com resultados de tirar o fôlego.

Nota: 10

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