.

.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Palhaço

Não é engraçado que, logo agora que não possuo obrigação nenhuma de ver um filme e ainda mais de comentar esse filme aqui no blog, me dê vontade justamente de fazer isso? Talvez tenha sido a nostalgia de escrever aqui e ir acompanhando as visitas, ou então foi simples o filme que me agradou a ponto de querer falar algo sobre ele. Mas não prometo nada.

O gato bebe leite, o rato come queijo... E eu sou palhaço.
Dirigido e protagonizado por Selton Mello (eu sei que ainda tá difícil correr das pequenas obviedades do cinema nacional), O Palhaço trata da vida da trupe do pequeno Circo Esperança em sua peregrinação pelas cidadezinhas do interior do Brasil. A grande atração do circo é a dupla de palhaços Puro-Sangue e Pangaré, formada respectivamente por Valdemar (Paulo José) e Benjamin (Selton), pai e filho. O grande pequeno conflito do filme é a angústia de Benjamin com a vida de palhaço, julgando não dar mais conta de fazer as pessoas rirem enquanto ele é incapaz de rir por si só.
Eu lembro do fato desse filme ter sido a escolha brasileira para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro (que acabou não sendo escolhido) em 2011, seguido de um monte de comentário de 'ah lá o cinema nacional que medíocre falhando de novo no Oscar, quem mandou escolher esse filmeco'. Apesar de achar ridículo querer medir a qualidade do cinema nacional através de uma premiação do cinema americano, eu me abstive desse mérito por não ter assistido o filme. Até agora.
Não demorei a notar qual seria o fator que incomodou todos os que não gostaram do filme. O enredo é um pouquinho enganoso. Não é decepcionante, mas é de uma resolução tão simples que você vê que ele está lá quase que por obrigação. Eu diria que O Palhaço, em comparação com um filme comum, trata o enredo como a iluminação e a iluminação como o enredo. Mas veja pelo lado bom: a iluminação realmente é incrível.
O que me fez gostar mesmo desse filme foi o quanto ele me pareceu sincero nos seus pequenos elementos, como a relação pai e filho, as amizades entre a trupe, a interação dela com o público durante o espetáculo, a convivência dos personagens itinerantes em cada cidade que passam, além do clima aconchegante que resulta da mistura da década de 1970 com o interior brasileiro. A trilha sonora formada, dentre outros, por Nelson Ned (razão acidental deu ter vindo parar nesse filme) dá um grande toque de emoção e nostalgia ao filme.
Por fim, acho que um dos elementos mais bacanas do filme foram as breves porém excelentes participações especiais de atores como Moacyr Franco (com o ótimo monólogo do delegado Justo), Tonico Pereira (interpretando os gêmeos Papagaio), Jorge Loredo (o Zé Bonitinho), Ferrugem (como o carinha do cartório), dentre outros.          

Nota: 9,5

Nenhum comentário:

Postar um comentário